Conde
Claros en hábito de Fraile [0159] (ficha nº 6067)
Versión normativa de Nave
de Haver (c. de Almeida, dist. de Guarda, Beira Alta), publicada
en Reinas 1957, 427-429.
--Car apostar ‘nha mainhe a perder ó ganhara,
2 qu’ ingano a Mariana antes do galo cantar.
--Nu apostes, ó mê filho, nanh’ a
perder nanh’ a ganhar;
4 Mariana iá secrata nu se deixà inganara.
--Por secráta qui’ ala seije ê
voltinhas l’ hei-de dara.--
6 Vistiu-se de donzala e à porta le foi passiara:
--Que donzála será iesta qu’aqui and’à
passiara?
8 --Donzála sarei senhora das areiinhas do Mara,
tênh’ a tei’ à tecera as faltas vênho
buscara.
10 --As faltas ‘nha senhora ‘inda ‘stão por dobanara.
--Dobanai-as vós senhora depressa não
devagar,
12 donzálas p’los caminhos de noiti parecem mala.
--Nu se dê disso sinhora que na nha
cama drumirá.
14 --Nu se me dá d’ im su cama drumira nem sua roipa
suijara,
só se me dá dos sês criados qu’ ales
mim hão-de criara.
16 --Nu se dê disso sinhora qu’ ê os mandara fitchara.
--Por fitchados qu’ ales staijam, eles
voltinhas l’ hão-de dar.--
18 A Dunzala de cuntente à noite nu quis ciara,
só stava p’ra Mariana anda vamo-nos a
deitara.
20 Lá p’r’ó meio da noite Mariana quis gritara.
--Nu grites ó Mariana nu te dês a
difamara,
22 que na tua cama tanhes canhe ti há-d’ aproveitara.--
I ala le pidiu por favora que nu se
foss’ a gavara
24 [. . . . . . . . . . . . . . . . . ] à corte se foi
gavara.
Stava’ali mano mais valho ó pai e à
mainhe foi cuntara.
26 Já nu há canhe mê pão coma nanhe mê dinharo queirã
gànhara,
que vá luvar asta carta ó conde de
Montalvar.--
28 Istav’àli mano mais novo c’uma mano de benção,
pegô na cart’e foi luvá-la ó conde de
Montalvão.
30 S’o atchares a cumera daxarás a acabara;
s’o atchares a drumira deixarás o
descansara;
32 s’o atchares a ir à caça deixarás o ir caçar;
s’o atchares a comera deixarás o acabara;
34 s’o atchares a passiara beij’à cart’e vai-la dara.--
Tomo lá esta carta depressa não devagara,
36 qu’os olhos qui a notaram já stão fartos de tchorara.
--Cal-te lá mê m’nino já t’ havias de
calar,
38 cum asti alfangi de prata ê já te mando matara.
Tomi lá asta carta depressa não devagara,
40 qu’os olhos de Mariana já stão fartos de tchorara.--
Pegô na cart’ e leu-a já a nu
poid’acabara.
42 Ala, ala mês criados mês cavalos a selara.
Jurnadinha d’oito leugas nema hora s’há
d’andara.--
44 Vistiu-se de fradinho e ao caminho os foi ‘sp’rar.
Onde lavam assa moça qu’inda vai por
cunfessara?
46 Ela cunfessada stá mas falta-le cunseliara.
Subam-na cá p’ró cavalo qu’ê nu me stô
àpiara.--
48 Ò meio da cunfissão um beijinho le quis dara;
ò fim da cunfissão um risinho le quis
dar
50 --Por assi risinho que dais parceis conde
Montalvar.--
Nota: Apuesta ganada, vv. 1-22, Galiarda
y Florencios, vv. 23-26.
Nota del editor de RºPortTOM 2000: Esta es la transcripción original, que
intenta reproducir los rasgos fonéticos propios del área donde fue recogida.