Pan-Hispanic Ballad Project
Total: 38
0165:2 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 4552)
Versión de Asneiros (ay. Piñor, p.j. Carballino, Ourense, España).
Recogida por Víctor Said Armesto, entre 1900-1910 (Archivo: AMP; Colec.: María Goyri-Ramón Menéndez Pidal). Publicada en Said Armesto 1997, Poesía popular gallega, p. 313. Reeditada en RT-Galicia 1998, nº 85bis, p. 565 (Addenda). 030 hemist. Música registrada. |
|
|
N`aquela campiña verde hay unha pintada ermida; |
2 |
unha devota está n`ela, la Virxe Santa María. |
|
Unha vecina da porta era a que n`el influía, |
4 |
que andaba moi amistada c`un sacerdote de misa. |
|
--¿Que hay de novo, que hay de novo, xastrería de esa vila? |
6 |
--Que te confeses, treidora, que che vou tira-la vida. |
|
--Cal ma tires, cal me deixes, enterrarásme na ermida, |
8 |
na capilla de Santa Ana aos pes da Virxe María.-- |
|
No cabo dos nove meses un lindo cantar s`oía. |
10 |
Abrirán as sepulturas e encontraran á parida, |
|
e unha menina nos brazos que se chamaba María. |
12 |
--Perdóname a min, perdona, perdóname, muller miña. |
|
--Como ch`hei de perdoar si a túa i-alma tes perdia, |
14 |
a miña estache no ceo d`ánxeles ben asistida, |
|
a túa vai pro inferno por pecados cometida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:1 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 2705)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Recogida por José Leite de Vasconcellos, (Colec.: Leite de Vasconcellos). Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, RP, 675. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 172, L6. 042 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá cima, naquela serra, está uma linda ermida. |
2 |
Devota de Nossa Senhora, que se chamava Maria, |
|
cada vez que amanhecia um rosário oferecia. |
4 |
Uma vizinha da porta testemunhos lhe erguia: |
|
que andava de amores c` um sacerdote da missa. |
6 |
O sacerdote agastado, ela paixão não na tinha. |
|
Veio o marido de fora. --Boa seja a tua vinda, |
8 |
que te quero perguntar que vai lá por essa vila. |
|
--Que te confesses, mulher, que te hei-de tirar a vida. |
10 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Marido, se me matares, enterra-me na ermida, |
12 |
aos pés de Nossa Senhora, Rainha Santa Maria.-- |
|
La pejada de oito meses, já para os nove corria; |
14 |
lá no fim dos nove meses um lindo cantar se ouvia. |
|
Foram vê la sepultura, acharam-na lá parida |
16 |
c` u~a menina nos braços que le chamavam Maria. |
|
Padrinhos foram nos anjos, madrinha, a Virgem Maria. |
18 |
--Aqui venho que me perdoes, serva da Virgem Maria. |
|
--Como t` hei-de perdoar, s` a tua alma está perdida? |
20 |
A minha está na glória, dos anjos bem assistida; |
|
a tua está no inferno mais a da tua vizinha.-- |
|  |
Título original: A DEVOTA DA ERMIDA (Í-A)
|
Go Back
|
0165:17 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7603)
Versión de Minho s.l (Portugal).
Recogida 00/00/1917 Publicada en Landolt 1917, 85. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1494, pp. 248-249. © Fundação Calouste Gulbenkian. 042 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquele monte, no alto daquela ermida, |
2 |
lá morava uma mulher que se chamava Cecília. |
|
Uma vizinha da porta falso testemunho erguia, |
4 |
que ela que tinha namoro c` um sacerdote de missa. |
|
Chegou o marido a casa. --Confessa-te, mulher minha, |
6 |
tanta cousa me disseram que te vou tirar a vida. |
|
--Quer ma tires ou ma deixes, eu confessar-me queria; |
8 |
se me matares marido, enterra-me na ermida, |
|
aos pés de Nossa Senhora, Nossa Mãe Virgem Maria. |
10 |
Pejadinha de oito meses, já para os nove corria |
|
e ao fim dos nove meses onde cantava se ouvia. |
12 |
Foram ver à sepultura, deram com ela parida, |
|
c` uma menina nos braços que se chamava Maria; |
14 |
o Senhor era o padrinho, a Senhora era a madrinha, |
|
uma santa era a parteira, que nos seus braços a tinha. |
16 |
Chegou marido à beira. --Perdoa-me, ó mulher minha, |
|
pela vida e pela morte, que causou tão má vizinha. |
18 |
--Como te hei-de perdoar, se tua alma está perdida, |
|
a minha já está no céu, dos anjos muito querida; |
20 |
a tua está no inferno dos demónios convertida |
|
e a vizinha lá da porta está no inferno em vida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:36 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7622)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 239-240. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1513, pp. 262-263. © Fundação Calouste Gulbenkian. 030 hemist. Música registrada. |
|
|
--Indo eu por esta serra acima, encontrei uma bela ermida; |
2 |
cada vez que amanhecia, um rosário lhe oferecia |
|
e uma vizinha da porta um testemunho lhe erguia, |
4 |
que andava d` amores com um sançardote da missa. |
|
Sançardote s` agastava, ela pena não na tinha. |
6 |
Veio o marido de fora. --Cedo seja a tua vinda, |
|
que te quero perguntar o que vai por essa vila. |
8 |
--Que te quero contar que te vou tirá` la vida. |
|
--Quer ma tires, quer ma deixes, confessar-me eu queria; |
10 |
ando prenha d` oito meses, já para os nove corria. |
|
Foi para a sepultura, nela já tinha parido; |
12 |
os anjos eram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
|
--Perdoa-me tu, agora, serva da Virgem Maria. |
14 |
--Eu como t` hei-de perdoar? Que já tua alma está perdida; |
|
a minha está na glória, dos santos bem assistida!-- |
|  |
Nota del editor de RºPortTOM 2000: Omitimos a seguinte didascália: antes de -1 Era uma vez uma mulher cujo marido foi viajar por causa de negócios e, como a mulher era muito religiosa, uma vizinha acusou-a de ter relações com um padre. Andava prenha, mas do marido. Este matou-a injustamente e ela salvou-se.
|
Go Back
|
0165:37 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7623)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Documentada en o antes de 1934. Publicada en Thomás 1934, 12-13. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1514, pp. 263-264. © Fundação Calouste Gulbenkian. 035 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra há uma linda ermida, |
2 |
moram ao pé dois casados, vivem em paz e alegria. |
|
A mulher era devota da santa Virgem Maria; |
4 |
logo ao romper do dia um rosário lhe oferecia. |
|
Uma vizinha da casa mau testemunho lhe erguia; |
6 |
ao marido foi contar [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
|
que ela andava de amores c` um sacerdote de missa |
8 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] e era grande aleivosia. |
|
--Prepara-te, mulher minha, que te vou tirar a vida. |
10 |
--Não tenho medo da morte, pois me matas inocente; |
|
depois de tão cruel morte [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
12 |
só te peço que me enterres no altar-mor da ermida |
|
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] aos pés da Virgem Maria.-- |
14 |
Prenhadinha de oito meses, já para os nove corria. |
|
Um dia lá na ermida um lindo canto se ouvia, |
16 |
do fundo da sepultura da inocente saía; |
|
abriram a sepultura onde a encontraram parida, |
18 |
tendo nos braços uma filha que se chamava Maria, |
|
S. José era o padrinho, madrinha, a Virgem Maria. |
|  |
Go Back
|
0165:34 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7620)
Versión de Loulé s. l. (dist. Faro, Algarve, Portugal).
Recogida 00/00/1905 Publicada en Athaide Oliveira 1905, (y Athaide Oliveira 1987?) 88-89. Reeditada en RGP II 1907, (y Braga 1985) 474-475; Redol 1964, 611; Anastácio 1985, 284 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1511, p. 261. © Fundação Calouste Gulbenkian. 044 hemist. Música registrada. |
|
|
--Donde vindes, mulher minha, qual foi a vossa jornada? |
2 |
--Venho da Virgem da Lapa mais forte do que cansada; |
|
se eu tivesse companhia, `inda hoje lá tornava, |
4 |
só p`ra ver a pastorinha que lá vi tão bem pintada. |
|
--Confessa-te, mulher minha, que a vida tens acabada. |
6 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu já confessar-me queria; |
|
só te peço, ó marido, que me enterres na ermida, |
8 |
aos pés da Nossa Senhora, aos pés da Virgem Maria.-- |
|
Ocupada de oito meses, par` òs nove já corria; |
10 |
ao cabo de nove meses a ermida retinia. |
|
Foram ver a sepultura, menina que era nascida; |
12 |
quem a tinha em seus braços, Senhora Santa Catarina, |
|
quem a estava a baptizar, S. João, Virgem Maria. |
14 |
Foram chamar o marido, logo a morta assim dizia: |
|
--Vê tu, ó marido meu, qual a vida em que eu andava; |
16 |
a maldita da vizinha continuo me protestava |
|
que dizer a ti iria que lá dum padre de missa |
18 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] eu andava namorada. |
|
Esse tal padre de missa era o meu Anjo da Guarda. |
20 |
--Perdoa-me, ó mulher minha, perdoa-me, mulher querida. |
|
--Perdoar-t` eu já não posso, tens a tua alma perdida; |
22 |
a minha está na glória dos anjos, sou assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:35 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7621)
Versión de Faro s .l. (dist. Faro, Algarve, Portugal).
Documentada en o antes de 1860. Publicada en Veiga 1870, Romanceiro do Algarve, pp.194-196. Reeditada en Hardung 1877, II 137-139; Athaide Oliveira 1905, (y Athaide Oliveira 1987?) 383-385; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 475-477; Lima 1959, 175-176; Redol 1964, 571-572; Anastácio 1985, 283 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1512, pp. 261-262. © Fundação Calouste Gulbenkian. 060 hemist. Música registrada. |
|
|
Acolá naquele oiteiro há uma linda ermidinha |
2 |
e junto dela morava uma gentil pastorinha. |
|
Todos que a viam pensavam que fosse uma donzelinha. |
4 |
Malquerenças não tivera, só de uma perra vizinha, |
|
que bem jurou de perdê-la, por inveja que lhe tinha. |
6 |
Cecília, assim se chamava, que assim lhe pôs su` madrinha, |
|
do mundo nada quisera, nem tinha ela outra vida, |
8 |
mais do que rezar su`s rezas desde que alvorava o dia. |
|
Uma vez, sem mais nem menos, a traidora da vizinha |
10 |
vai-se a ter com seu marido, que ela dele gostaria. |
|
--O que vai por vossa casa, quem dizê-lo poderia! |
12 |
Ai, valha-me a mãe do Carmo, valha-me a Virgem Maria! |
|
Assim que vos ausentais, não há mais do que alegria; |
14 |
a mulher que Deus vos deu a falar emprega o dia; |
|
de amores toda se rende com um Dom de Fidalguia.-- |
16 |
O marido que tal ouve, a casa logo corria. |
|
--Bem te podes confessar, confessa-te, mulher minha, |
18 |
que mulher que é tão errada pagar só deve co` a vida. |
|
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria; |
20 |
se me matares, enterra-me aos pés da Virgem Maria.-- |
|
D` enraivado que ele estava, logo ali a mataria. |
22 |
Ao cabo de sete meses grande cantar lá se ouvia; |
|
foram chamar o marido para ver tal maravilha. |
24 |
--Mal haja todo o casado que acreditar em vizinhas! |
|
Perdoai-me, ó minha santa, perdoa-me, ó mulher minha. |
26 |
--Como te hei-de eu perdoar, se tua alma está perdida? |
|
A minha, que hoje é dos anjos, pelos anjos foi remida. |
28 |
No mundo andarás em penas, no céu não terás cabida.-- |
|
Dizem que ele, ouvindo aquilo, morto logo ali caíra |
30 |
e que a soterrá-lo foram lá baixo ao adro da ermida. |
|  |
Go Back
|
0165:31 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7617)
Versión de Elvas (c. Elvas, dist. Portalegre, Alto Alentejo, Portugal).
Recitada por Maria José da Silva Mata e Antunes. Documentada en o antes de 1935. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 238-239. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1508, pp. 258-259. © Fundação Calouste Gulbenkian. 023 hemist. Música registrada. |
|
|
--Venho da Virgem da Lapa mais valente que cansada. |
2 |
Disseram a seu marido que ela andava namorada, |
|
com um sacerdote da missa e que ela a missa não ouvia. |
4 |
--Confessa-te, mulher minha, que hoje te tiro a vida. |
|
--Quer ma tires, quer ma deixes, essa tenção fazia; |
6 |
só te peço que me enterres lá em cima, na ermida, |
|
lá no altar-mor aos pés de Santa Catarina.-- |
8 |
`Ò fim de nove meses, quer por dentro, quer por fora, a igreja retinia, |
|
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] um lindo cantar se ouvia; |
10 |
um lindo menino que na igreja nascia; |
|
tinha nascido aos pés de Santa Catarina. |
12 |
--Aqui tens, marido meu, a vida em que eu andava.-- |
|  |
Nota del editor de RºPortTOM 2000: Omitimos o refrão Ora valha-me Deus, mais a Virgem Maria! entre os vv. 1 e 12 e o refrão Ora valha-me Deus, mais a Virgem Sagrada!, depois do v. 12.
{ Nota: Parece probable que sean una misma persona esta informante y Maria José da Silva Motta e Antunes (entrada nº 6577), ambas de Elvas y entrevistadas a mes y pico la una de la otra, pero no tengo cómo comprobarlo.
|
Go Back
|
0165:32 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7618)
Versión de Elvas (c. Elvas, dist. Portalegre, Alto Alentejo, Portugal).
Recogida 00/00/1884 Publicada en Pires 1884, I. Reeditada en Neves - Campos 1893, 161; Pires 1899-1902, (reed. 1982) IV,110-111; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 472-474; Pires 1920, 150-152; Pires 1986, 113-114 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1509, p. 259. © Fundação Calouste Gulbenkian. 030 hemist. Música registrada. |
|
|
--`Inda agora vim da Lapa, quem me dera lá tornar, |
2 |
só para ver a pastorinha que lá ficava assentada |
|
co` uma roquinha à cintura e uma cestinha à ilharga. |
4 |
Foram dizer ao marido que ela andava namorada |
|
co` um sacerdote de missa e ele missa não dizia. |
6 |
--Confessa-te, mulher minha, que hoje te tiro a vida. |
|
--Quer ma tires, quer ma deixes, essa tenção era minha; |
8 |
peço-te, marido meu, que me enterres na ermida, |
|
lá acima ao altar-mor, aos pés de Santa Cat`rina.-- |
10 |
Lá no fim de nove meses um lindo cante se ouvia; |
|
quer por dentro, quer por fora, a ermida retenia. |
12 |
Foram dizer ao marido menina que era nascida; |
|
S. José a baptizava, Nossa Senhora era a madrinha. |
14 |
--Aqui tens, marido meu, a vida em que eu andava; |
|
quem a Virgem serve bem sempre lhe dá boa paga.-- |
|  |
Variantes de Pires 1884: -2a só por; -2b ficava a fiar; -3b omite e; -7b a minha; -9a lá cima; -13b omite a. Nota del editor de RºPortTOM 2000: Omitimos os refrões E ora valha-me Deus, valha-me a Virgem Sagrada! entre os vv. 1 e 5, E ora valha-me Deus, valha-me a Virgem Maria! entre os vv. 5 e 14 e Ai Jesus, valha-me Deus, Valha-me a Virgem Sagrada! depois de 15. Editamos Pires 1899-1902, (reed. 1982).
|
Go Back
|
0165:19 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7605)
Versión de Nave de Haver (c. Almeida, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Recogida por Maria Augusta da Fonseca Monteiro Reinas, publicada en Reinas 1957, 411-413. Reeditada en Galhoz 1987-1988, 806-809 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1496, pp. 250-251. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
|
|
No cimo dacala sarra está `ma branca irmida; |
2 |
`ma vezinha da porta, a mai` parto qu` ala tinha, |
|
luvantô-l` um falso testemunho, coisa qui ala nu` tinha, |
4 |
qu` ala qu` andava d` amores c` um sancerdote de missa. |
|
O sancerdote, agastado, i-a la paixão nu` na tinha. |
6 |
--Diç-me cá tu, mê marido, que se soa pela vila. |
|
--Que te cunfassis, traidora, que t` hei-de tirar a vida. |
8 |
--Car me mates, car me deixes, ê cunfessar-me queria.-- |
|
Nu` s` istrevê a matá-la, mandô-a interrá` viva; |
10 |
pesadinha d` oito masis, já par` òs novi corria. |
|
`Ò cabo de novi masis rico cantar s` oivia; |
12 |
foram abrir a sepultura, atcharam-na lá parida; |
|
`ma menina nos braços que se tchamava Maria; |
14 |
Sã` Josá i-ar ò padrinho, Nossa Sinhor` à madrinha. |
|
Nossa Sinhora lhe dê um caço ond` a menina quemia; |
16 |
Sã` Jusá le dê um barço ond` a menina drumia. |
|
--Perdoa-me tu, i-ó mulhar, sarva da Virja Maria. |
18 |
--Nu` t` hei-d` ê perdoar, se tu tainhes a i-alma perdida; |
|
a `nha i-alma está no céu, dos ainjos rodeada |
20 |
e a tu` i-alma está no infarno, de demonhos rodeada.-- |
|  |
Notas: Omitimos, entre os hemistíquios a e b, o seguinte refrão Or` valha-me Deus e entre b e a Or` valha-me Deus e a Virja Maria. Por se tratar de uma versão cuja transcrição tenta "representar" a fonética da área onde foi recolhida, apresentamos uma fixação "normativa" da mesma, a fim de se tornar mais compreensível.
|
Go Back
|
0165:20 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7606)
Versión de Rapa e de Gadafaz (c. Celorico da Beira, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 238. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1497, pp. 251-252. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá em cima, naquela serra, está uma linda ermida, |
2 |
dentro dela Deus assiste mais a Virgem Maria. |
|
Uma vizinha da porta um falso testemunho lhe erguia, |
4 |
que ela andava no namoro com um sacerdote de missa. |
|
Sacerdote se agastava e ela paixão não na tinha. |
6 |
--Boas novas, meu marido, que dizem lá pela vila? |
|
--Que te confesses, traidora , te quero tirar a vida. |
8 |
--Se me matares, marido, enterra-me naquela ermida, |
|
aos pés de Nosso Senhor, perto da Virgem Maria. |
10 |
Se me matares, marido, eu confessar-me queria.-- |
|
Ocupada de oito meses, já para os nove corria; |
12 |
lá ao fim dos nove meses, um lindo cantar se ouvia. |
|
Foram ver a sepultura, acharam-na lá parida, |
14 |
com uma menina nos braços que se chamava Maria. |
|
Os anjos foram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
16 |
Tinha uma salva de prata onde a menina comia, |
|
tinha uma toalha de Holanda onde a menina dormia. |
18 |
--Perdoa-me tu, agora, serva da Virgem Maria. |
|
--Como te hei-de eu perdoar, se a tua alma está perdida? |
20 |
A minha está na glória, dos anjos bem assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:21 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7607)
Versión de Celorico da Beira (c. Celorico da Beira, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Recogida 00/00/1911 Publicada en Furtado de Mendonça 1911, 22. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1498, p. 252. © Fundação Calouste Gulbenkian. 028 hemist. Música registrada. |
|
|
--Venhas embora, marido, boa seja a vossa vinda, |
2 |
que vos quero perguntar que dizem lá pela vila. |
|
--Que te confesses, traidora, que te hei-de tirar a vida. |
4 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Se me matares, marido, enterra-me na ermida, |
6 |
aos pés de Nosso Senhor, perto da Virgem Maria. |
|
Vou pejada de oito meses, já para os nove corria. |
8 |
Passados os nove meses, um lindo cantar se ouvia; |
|
abriram a sepultura, acharam-na lá parida, |
10 |
c` uma menina nos braços, que se chamava Maria; |
|
os anjos foram padrinhos, Nossa Senhora a madrinha. |
12 |
--Perdoa-me o que te eu fiz, serva da Virgem Maria. |
|
--Como te hei-de eu perdoar, se a tua alma está perdida? |
14 |
A minha está na gloria, dos anjos bem assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:22 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7608)
Versión de Pinhel (c. Pinhel, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Recogida 00/00/1908 Publicada en Monteiro do Amaral 1908, 98. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1499, p. 253. © Fundação Calouste Gulbenkian. 042 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá cima naquela serra está uma linda ermida, |
2 |
está uma devota dela, que se chamava Cecília. |
|
Uma vizinha dela falsos testemunhos lhe erguia, |
4 |
qu` ela qu` andava de amores c` um sacerdote de missa. |
|
O sacerdote anda agastado, ela pena não na tinha. |
6 |
Vindo o marido de fora. --Que dizem lá pela vila? |
|
--Que te confesses, traidora, que te hei-de tirar a vida. |
8 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Se me matares, traidor, enterra-me na ermida, |
10 |
lá cima ao altar-mor, junto à Virgem Maria.-- |
|
Não se atreveu a matá-la, mandou-a enterrar viva. |
12 |
Ao cabo dos nove meses, um lindo cantar se ouvia; |
|
foram abrir a sepultura, acharam-na lá parida, |
14 |
com uma menina nos braços, que se chamava Maria. |
|
A Virgem era a madrinha, S. José era o padrinho, |
16 |
a Virgem lhe deu o caso, donde a menina comia, |
|
S. José lhe deu o berço, onde a menina dormia. |
18 |
--Perdoa-me tu, agora, serva da Virgem Maria. |
|
--Como te hei-de perdoar, se a tua alma está perdida |
20 |
e a minha já está no céu, dos anjos assistida |
|
e a tua está no inferno, dos demónios perseguida?-- |
|  |
Go Back
|
0165:23 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7609)
Versión de Cinfães (c. Cinfães, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Recogida 00/00/1950 Publicada en Pereira 1950, 256. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1500, p. 253. © Fundação Calouste Gulbenkian. 004 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá arriba naquela serr está uma bela ermida, |
2 |
onde vai uma devota, serva da Virgem Maria. |
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|  |
Nota: Figura apenas a transcrição musical com os dois primeiros versos.
|
Go Back
|
0165:24 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7610)
Versión de Mangualde (c. Mangualde, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 237-238. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1501, p. 254. © Fundação Calouste Gulbenkian. 027 hemist. Música registrada. |
|
|
--Lá cima, naquela serra, está uma linda ermida, |
2 |
quero ser devota dela. Duma mulher recebida |
|
uma comadre vizinha um testemunho lhe erguia, |
4 |
que ela que andava d` amores c` um sacerdote da missa. |
|
O sacerdote agastado, a mulher paixão não tinha. |
6 |
Vindo o marido de fora. --Boa seja a tua vinda. |
|
Conta-me cá, meu marido, que se passa lá na vila. |
8 |
--Que se há-d` ele lá passar? [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
|
Que tens conversas traidoras, que t` hei-de tirar a vida. |
10 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Peço-te, se me matares, q ue me enterres na ermida, |
12 |
lá cima ao altar-mor, aos pés da Virgem Maria. |
|
Vedes-m` aqui, meu marido, em que estado eu andava, |
14 |
sempre quem a Virgem serve ela lhe dá boa paga.-- |
|  |
Go Back
|
0165:25 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7611)
Versión de Granja Nova (c. Tarouca, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Recogida 00/00/1881 Publicada en Leite de Vasconcellos 1881, 88-89. Reeditada en Leite de Vasconcellos 1938, 1001-1002; Leite de Vasconcellos 1958-1960, 236; Costa Fontes 1997b, 172` y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1502, pp. 254-255. © Fundação Calouste Gulbenkian. 036 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá cima, naquela serra, está uma linda ermida, |
2 |
devota de Nossa Senhora, que se chamava Maria. |
|
Cada vez que amanhecia, um rosário oferecia. |
4 |
Uma vizinha da porta testemunhos lhe erguia, |
|
que andava de amores co` um sacerdote de missa. |
6 |
O sacerdote agastado, ela paixão não na tinha. |
|
Veio o marido de fora. --Boa seja a tua vinda, |
8 |
que te quero perguntar que vai lá por essa vila. |
|
--Que te confesses, mulher, que te hei-de tirar a vida. |
10 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Marido, se me matares, enterra-me na ermida, |
12 |
aos pés de Nossa Senhora, rainha Santa Maria.-- |
|
Já pejada de oito meses, já para os nove corria; |
14 |
lá no fim dos nove meses um lindo cantar se ouvia; |
|
abriram na sepultura, acharam-na já parida; |
16 |
os anjos eram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
|
A sua alma na glória, dos anjos bem assistida |
18 |
e a do home` nos infernos, de diabos acometida. |
|  |
Variantes de Leite de Vasconcellos 1958-1960, II: -5b da; -13a Ia pejada. Nota: Por lapso, os editores de Leite de Vasconcellos 1958-1960, não publicam integralmente este texto e incorporam, a partir de -14, versos pertencentes à versão de Duas Igrejas, aqui editada com o num 1482 [registro 7591].
|
Go Back
|
0165:26 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7612)
Versión de Mondim da Beira (c. Tarouca, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Recogida 00/00/1875 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 235-236. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1503, p. 255. © Fundação Calouste Gulbenkian. 039 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma linda ermida; |
2 |
uma é devota sua, outra, irmã de Cecília; |
|
cada vez que amanhecia um rosário oferecia. |
4 |
Uma vizinha da porta um testemunho lhe erguia, |
|
que ela andava de amores co` o sacerdote da missa. |
6 |
O sacerdote agastado, ela pena não na tinha. |
|
Chegou o marido de fora. --Boa seja a tua vinda, |
8 |
que te quero perguntar que vai lá por essa vila. |
|
--Confessa-te, traidora, que te hei-de tirar a vida. |
10 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria; |
|
marido, se me matares, enterra-me naquela ermida, |
12 |
aos pés de Nossa Senhora, Virgem Mãe, Santa Maria. |
|
Daí por oito meses, para os nove corria, |
14 |
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . um lindo cantar se ouvia; |
|
abriram na sepultura e acharam-na parida, |
16 |
co` uma menina nos braços, que se chama Maria. |
|
Os anjos eram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
18 |
--Perdoa-me agora aqui, serva da Virgem Maria. |
|
--Como te hei-de perdoar, se tua alma está perdida? |
20 |
A minha está no céu, dos anjos bem assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:27 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7613)
Versión de Tinalhas (c. Castelo Branco, dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Recitada por Maria Guilhermina (41a). Recogida por Maria José Dias Martins, publicada en Dias Martins 1954, 281-282. Reeditada en Galhoz 1987-1988, II. 814 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1504, p. 256. © Fundação Calouste Gulbenkian. 032 hemist. Música registrada. |
|
|
--Venho da Virgem da Lapa mais valente que cansada; |
2 |
se eu achara companhia ainda para lá tornava, |
|
com a roquinha à cinta e a cestinha na ilharga. |
4 |
Disseste, ó meu marido, que eu andava namorada, |
|
que andava namorada com o sançardote da missa. |
6 |
--Confessa-te, ó minha mulher, que hoje te tiro a vida. |
|
--Se me matas, meu marido, enterra-me na ermida, |
8 |
lá em cima ao altar-mor aos pés de Santa Cat`rina.-- |
|
Ao fim dos nove meses um lindo cantar se ouvia; |
10 |
deram volta à ermida, não encontraram alma viva, |
|
abriram a sepultura, acharam a mulher viva; |
12 |
acharam a mulher viva com uma criança jarcida; |
|
os anjos a baptizavam, a Virgem era a madrinha; |
14 |
quem a tinha em seus braços era a Virgem Santa Catrina. |
|
--Vês aqui, ó meu marido, nos passos em que eu andava? |
16 |
Quem serve a Deus e à Virgem sempre levou boa paga.-- |
|  |
Go Back
|
0165:28 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7614)
Versión de Malpica do Tejo (c. Castelo Branco, dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Recogida 00/00/1938 Publicada en Correia 1938?, 32-33. Reeditada en Correia 1953, 121-122 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1505, pp. 256-257. © Fundação Calouste Gulbenkian. 032 hemist. Música registrada. |
|
|
--Venho da Virgem da Lapa mais valente que cansada, |
2 |
com a roca na cintura, com a cestinha à ilharga; |
|
se eu tivera companhia, `inda para lá tornava. |
4 |
Fostes dizer aos meus manos que eu que andava namorada, |
|
que eu que andava namorada co` o sacerdote da missa. |
6 |
--Confessa-te, ó mulher minha, que hoje te tiram a vida. |
|
--Marido, se me matares, enterra-me na ermida, |
8 |
lá em cima, ao altar-mor, aos pés de Santa Cat`rina.-- |
|
Com pena de a matarem, enterram a mulher viva; |
10 |
lá no fim de nove meses, a igreja retinia; |
|
abriram a sepultura, acharam a mulher viva, |
12 |
acharam a mulher viva, c` uma criança nascida. |
|
Os anjos a baptizaram, a Virgem era a madrinha; |
14 |
quem a tinha nos seus braços era Santa Caterina. |
|
--Vejam aqui, ó meus manos, nos passos em que eu andava; |
16 |
quem serve a Deus e à Virgem sempre leva boa paga.-- |
|  |
Nota del editor de RºPortTOM 2000: Omitimos o refrão Ora valha-me Deus mai` la Virgem Sagrada! Variante de Correia 1953: -5b omite o.
|
Go Back
|
0165:29 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7615)
Versión de Póvoa de Atalaia (c. Fundão, dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Recogida por Maria José Dias Martins, publicada en Dias Martins 1954, 282-284:. Reeditada en Galhoz 1987-1988, II. 813 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1506, p. 257. © Fundação Calouste Gulbenkian. 034 hemist. Música registrada. |
|
|
--Venho da Virgem da Lapa mais valente que cansada; |
2 |
se eu tivera companhia ainda para lá tornava |
|
agora, com a roquinha à cintura, a cestinha à ilharga. |
4 |
Em cima, naquela serra, está uma linda ermida |
|
onde vai uma devota todos os dias ouvir missa. |
6 |
--Dissestem, ó meu marido, que eu andava namorada, |
|
que eu andava namorada com o sançardote da ermida. |
8 |
--Confessa-te, ó mulher minha, que hoje mato-te, tiro-te a vida. |
|
--Se me matares, meu marido, vai-me enterrar à ermida, |
10 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] aos pés de Santa Cat`rina.-- |
|
Lá ao fim dos nove meses um lindo chorar ouviam, |
12 |
vê-los dentro, vê-los fora, sem saberem o que seria. |
|
Foram abrir a sepultura, encontraram a mulher viva |
14 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] com uma criança nascida; |
|
os anjos a baptizavam, a Virgem era a madrinha; |
16 |
quem a tinha em seus braços era a Santa Zabelinha; |
|
quem lhe deitava a água benta era a Santa Catarina. |
18 |
--Vês aqui, ó meu marido, os passos em que eu andava?-- |
|  |
Nota: Se canta el refrán Ora valha-me Deus, mais a Virgem Sagrada! tras todos los versos menos 4, 8-11, y 13.
|
Go Back
|
0165:33 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7619)
Versión de Mação (c. Mação, dist. Santarém, Beira Baixa, Portugal).
Recogida por Francisco Serrano, entre 1913-1921 publicada en Serrano 1921, 114-116. Reeditada en Redol 1964, 612-613 e s.p.; Giacometti 1981, 187-188 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1510, pp. 260-261. © Fundação Calouste Gulbenkian. 056 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá detrás daquela serra está uma fresca ermida, |
2 |
onde vai uma devota todos os dias à missa. |
|
Uma maldosa mulher testemunho falso erguia, |
4 |
dizendo que tinha amores com um sacerdote de missa. |
|
Com intrigas e traições a toda a gente o dizia, |
6 |
passado foi pouco tempo já o marido o sabia. |
|
Sacerdote se agastava, devota paixão não tinha. |
8 |
Veio o marido de fora. --Confessa-te, ó mulher minha, |
|
hoje te hei-de matar, hoje te tiro a vida. |
10 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessada me queria; |
|
peço-te, se me matares, que me enterres lá em cima, |
12 |
dentro da fresca ermida, aos pés da Virgem Maria.-- |
|
No outro dia, a devota morta na cama aparecia; |
14 |
foi enterrada na ermida aos pés da Virgem Maria. |
|
Ao cabo de nove meses um lindo cantar se ouvia, |
16 |
iam acima e abaixo. --O que será, que seria? |
|
Eram os anjos do céu, mais a Sagrada Maria; |
18 |
abriram a sepultura, acharam a mulher viva, |
|
com uma menina ao colo que se chamava Maria; |
20 |
os anjos a baptizaram, a Virgem foi a madrinha |
|
e quem lhe deitou a água foi a Santa Catarina; |
22 |
ali fizeram cristã aquela linda menina. |
|
--Vão dizer ao meu marido que lhe quero perdoar.-- |
24 |
O marido, quando a viu, ajoelhou a chorar. |
|
--Mal hajam línguas danadas e mais quem nelas se fia, |
26 |
eu matei minha mulher e ela culpas não tinha. |
|
--Marido, pede perdão àquela Virgem Sagrada, |
28 |
a quem a serve e adora deste modo é que ela paga.-- |
|  |
Nota del editor de RºPortTOM 2000: Omitimos o refrão Ora valha-me Deus, mais a Virgem Maria! Nota: Harmonização de Lopes Graça. Edita quatro hemistíquios.
|
Go Back
|
0165:30 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7616)
Versión de Oliveira de Azeméis (c. Oliveira de Azeméis, dist. Aveiro, Beira Litoral, Portugal).
Recogida 00/00/1876 Publicada en Leite de Vasconcellos 1886a, 46-47. Reeditada en Leite de Vasconcellos 1938, 1067-1068; Leite de Vasconcellos 1958-1960, 237 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1507, p. 258. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma linda ermida, |
2 |
morava lá uma mulher que se chamava Cecília; |
|
cada vez que amanhecia, seu rosário oferecia. |
4 |
Uma vizinha da porta um testemunho lhe erguia, |
|
que ela que andava de amores c` um sacerdote de missa. |
6 |
Sacerdote se agastava e ela paixão não a tinha. |
|
Chegou o marido de fora e ela lhe estimou a vinda |
8 |
e ela lhe perguntou o que era passado na vila. |
|
--Mulher minha, mulher minha, que te ouso tirar a vida! |
10 |
--Quer ma tires, quer ma deixes, eu me confessar queria. |
|
Marido, se me matares, interra-me na ermida, |
12 |
aos pés de Nossa Senhora, junto da Virgem Maria.-- |
|
Pejadinha de oito meses, já para os nove corria; |
14 |
ao cabo dos nove meses um doce cantar se ouvia. |
|
Foram ver a sepultura e acharam-na parida, |
16 |
c` uma menina nos braços, que se chamava Maria; |
|
os anjos foram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
18 |
--Perdoa-me, ó mulher minha, perdoa-me pela vida. |
|
--Como te hei-de eu perdoar, se tua alma está perdida? |
20 |
E a minha está no céu, dos anjos bem recebida.-- |
|  |
Variantes: -1b um [sic] (1960); -3a amanhece (1938), -11b enterra-me (1938).
|
Go Back
|
0165:38 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 9473)
[Pai Nosso, contam.]
Versión de Chelo (freg. Lorvão, c. Penacova, dist. Coimbra, Beira Litoral, Portugal).
Recitada por Maria do Nascimento Craveiro (85a). Recogida por António Freire, 21/11/2014 (Cinta: https://www.youtube.com/watch?v=xmJo7zuQTcw). Publicada en Freire 2014, `https://www.youtube.com/watch?v=xmJo7zuQTcw`. © Freire. Reproducida aquí con permiso del recolector.. 030 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra, ai está uma linda ermida; |
2 |
defronte dela morava, ai morava Santa Cesília. |
|
Vizinhas d`ó pé da Porta, ai testemunhos lhe puseram |
4 |
que ela qu`andava de amores, ai com Sacerdote da missa. |
|
Sacerdote s`afligia, ai ela apenas não nas tinha. |
6 |
Seu marido foi p`ra fora, ai linda seja a sua vinda. |
|
--Marido se me matares, ai enterra-me na ermida |
8 |
Ao pé da Nossa Senhora, ai também da Virgem Santa Maria.-- |
|
Logo ao fim de nove meses, ai lindo cantar se ouvia; |
10 |
foram ver à sepultura, ai acharam-na lá parida |
|
com uma menina nos braços ai que se chamavam Maria. |
12 |
Se os anjos foram padrinhos, ai Nossa Senhora madrinha |
|
--Perdoa logo mulher minha, ai que já estou arrependido. |
14 |
--Não te posso perdoar, ai tens o Inferno merecido.-- |
|
As portas do Céu s´abrirão, as do Inferno se fecharão. |
|
Pai Nosso, Avé Maria, ai Sagrada Morte Paixão. |
|
| (Pai Nosso que estais no céu | |
|
| Santificado seja o vosso nome |
|
|
| Venha a nós o Vosso Reino |
|
|
| Seja feita a Vossa vontade |
|
|
| Assim na terra, assim na terra como no céu |
|
|
| O Pao Nosso de cada dia nos dai hoje |
|
|
| Perdoai-nos as nossas ofensas |
|
|
|
|
| Ai a quem nos tem ofendido.) |
|
|  |
Variantes: 13-15 añadidos en la segunda recitación. En la primera continuó con "Pai nosso"
Notas: A. Freire, especialista en la gaita, dio por sorpresa con la señora do Nascimento mientras iba entrevistando a gaiteros por la zona de Coimbra. La informante le comentó que "aprendeu com uma velhinha, quando era criança, enquanto fazia palitos para vender." Por su parte, al tratarse de una melodía modal (que se creía haber desaparecido hace siglos de Beira Litoral), el recolector postula que su presencia pudiera deberse a romances trasmitidas ha mucho por las religiosas del Monasterio de Lorvão.
Título original: Devota da Ermida.
Nota de SHP: Lamento no poder dar la referencia y enlace directo a YouTube donde A. Freire publica su grabación en video. De hecho, se puede escuchar allí dos recitaciones del romance. La primera grabación: `https://www.youtube.com/watch?v=xmJo7zuQTcw`y la segunda: `https://www.youtube.com/watch?v=fuEQoF6-b7o`.
|
Go Back
|
0165:18 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7604)
Versión de Penafiel (c. Penafiel, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 234 y 331-332. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1495, pp. 249-250. © Fundação Calouste Gulbenkian. 068 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma linda ermida, |
2 |
tem uma devota dela, toda da Virgem Maria; |
|
a cada hora do dia uma coroa lhe oferecia. |
4 |
Uma má vizinha da porta um testemunho lhe erguia, |
|
ela que andava falando p`ra o sacerdote da missa. |
6 |
Sacerdote apaixonado, a mais não era culpado; |
|
ela, de santa que era, dizia pena não tinha. |
8 |
Chegou o marido à porta. --Boa seja a tua vinda, |
|
que te quero perguntar que vai lá por essa vila. |
10 |
--Cala-te aí, ó traidora, que te vou tirar a vida. |
|
--Marido, se me matares, enterra-me na ermida, |
12 |
na capela de Santa Ana, aos pés de Santa Maria.-- |
|
Ai, pejada d` oito meses, já para os nove corria; |
14 |
ao cabo dos nove meses um lindo cantar s` ouvia. |
|
Foram ver à sepultura, acharam-na lá parida, |
16 |
com uma menina nos braços, que se chamava Maria; |
|
o Senhor era padrinho, Nossa Senhora, madrinha. |
18 |
--Perdoa-me, ó minha amada, perdoa-me, amada minha! |
|
--Como te hei-de eu pordoar? A tua alma está perdida |
20 |
e a minha está no céu, dos anjinhos assistida.-- |
|
Foi-se o lavrador embora, muito triste à sua vida, |
22 |
encontrou um pobrezinho que a esmola lhe pedia. |
|
Mandou-lhe fazer a ceia do melhor manjar que tinha; |
24 |
foi o pobrezinho para a mesa, foi fazendo que comia. |
|
Mandou-lhe fazer a cama da melhor roupa que tinha, |
26 |
por baixo, lençóis de seda, por cima, cambraia fina. |
|
Foi o pobrezinho p`r` à cama, foi p`r` à cama, não dormia; |
28 |
lá por essa meia-noite já o pobrezinho gemia. |
|
Levantou-se o lavrador, foi ver o que o pobre tinha; |
30 |
viu o Senhor crucificado numa cruz de prata fina. |
|
--S` eu soubesse, meu Jesus, que em minha casa vos tinha, |
32 |
vos tivera mais estimado que uma cambraia fina. |
|
--Alegra-te, ó lavrador, que é chegada a tua hora, |
34 |
se tu queres vir comigo para o reino da glória.-- |
|  |
Variante de J. L. de Vasconcellos: -21 lá: muito triste à maravilha. Nota: Leite de Vasconcellos 1958-1960, separa nesta versão os versos referentes a "A devota caluniada" e a "O lavrador da arada" fazendo, contudo, notar que "A seguir dizia-se o romance do lavrador da arada, como continuação deste". Optámos por unificar os dois romances, em função das modificações operadas no incipit do segundo tema.
|
Go Back
|
0165:15 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7601)
Versión de S. Paio de Jolda (c. Arcos de Valdevez, dist. Viana do Castelo, Minho, Portugal).
Recogida por Augusto M. Pinto Osório, 00/00/1922 publicada en Lima 1924, 126. Reeditada en Lima 1949b, 187-189; Leite de Vasconcellos 1958-1960, 230; Pinto-Correia 1984, 321; Pinto-Correia 1986a, 55-56 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1492, pp. 246-247. © Fundação Calouste Gulbenkian. 062 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquele ermo está uma bela ermida, |
2 |
está uma devota nela, serva da Virgem Maria. |
|
Uma vizinha da porta um testemunho lhe erguia, |
4 |
ela que andava de amores c` um sacerdote de missa. |
|
Sacerdote apaixonado, ela paixão não na tinha. |
6 |
Vem no marido de fora. --Boa seja a vossa vinda, |
|
que me contas, meu marido, que vai lá por essa vila? |
8 |
--Que te hei-de contar, esposa? Que te hei-de tirá` la vida. |
|
--Que ma tires, que ma deixes, eu confessar-me queria. |
10 |
Marido, se me matares, enterra-me na ermida, |
|
na capela de Santana, aos pés da Virgem Maria. |
12 |
Pejada de sete meses, já para os oito corria; |
|
nove meses acabados, belo cantar lá se ouvia. |
14 |
Foram ver à sepurtura, toparam-na assucedida, |
|
com uma menina nos braços, chamada Ana Maria. |
16 |
Vem no lavrador de fora, muito triste, à maravilha. |
|
--Perdoa-me, minha esposa, perdoa-me, esposa minha. |
18 |
--Como te hei-de perdoar, se a tua alma está perdida? |
|
A minha alma está na glória, os anjinhos lhe assistiam.-- |
20 |
Foi-se o lavrador embora, muito triste à maravilha, |
|
encontrou um probezinho, a esmolinha le pedia. |
22 |
Levou-o p`ra sua casa, p`r` à melhor sala que tinha; |
|
mandou-le fazer a ceia do melhor manjar que tinha; |
24 |
pu-lo consigo à mesa, o probinho não comia; |
|
mandou-le fazer a cama da melhor roupa que tinha: |
26 |
por baixo lançóis de renda, por cima cambraia fina. |
|
Era meia-noute em ponto, já o probinho gemia; |
28 |
pus-se a pé o lavrador, foi ver o que o probe tinha; |
|
topou-o crucificado numa cruz de prata fina. |
30 |
--Prupara-te, lavrador, que é chegada a tua hora; |
|
prupara-te, anda comigo para o reino da glória.-- |
|  |
Variante de Lima 1949b: -14a a sepurtura. Nota: Leite de Vasconcellos 1958-1960 edita em textos independentes os dois temas que compõem esta versão: "A devota caluniada" na p. 230 e "O lavrador da arada", na p. 329. Pinto-Correia 1984 e Pinto-Correia 1986a editam Leite de Vasconcellos 1958-1960, 329.
|
Go Back
|
0165:16 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7602)
Versión de S. João de Airão (c. Ponte de Lima, dist. Viana do Castelo, Minho, Portugal).
Documentada en o antes de 1907. Publicada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 471-472. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1493, p. 248. © Fundação Calouste Gulbenkian. 036 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquele monte está uma linda ermida, |
2 |
está uma devota nela, servindo a Virgem Maria. |
|
Uma vizinha da porta um testemunho 1` erguia, |
4 |
que ela que andava d` amores com sacerdote de missa. |
|
Sacerdote apaixonava-se, ela paixão não a tinha. |
6 |
Chega o marido de fora. --Que vai lá por essa vila? |
|
--Prepara-te tu, mulher, que te vou tirar a vida. |
8 |
--Se me matares, ó traidor, enterra-me na ermida, |
|
naquela de Santa Ana, aos pés da Virgem Maria.-- |
10 |
Prenhadinha de oito meses, já para os nove corria, |
|
no fim dos nove meses, um lindo cantar se ouvia. |
12 |
Foram dar à sepultura, acharam-na lá parida, |
|
com uma menina nos braços que se chamada Maria. |
14 |
O Senhor era padrinho, a Senhora era madrinha. |
|
Chegou o marido à beira e depois que le dizia: |
16 |
--Perdoa-me tu, mulher, perdoa-me, cousa minha. |
|
--Como te hei-de perdoar? Tua alma está perdida; |
18 |
a minha está na glória, pelos anjos bem assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:3 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7589)
Versión de Rebordainhos (c. Bragança, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida 00/00/1874 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 231. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1480, pp. 238-239. © Fundação Calouste Gulbenkian. 042 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma linda ermida; |
2 |
a devota que está nela, serva da Virgem Maria, |
|
cada vez que amanhecia, o rosário lhe oferecia. |
4 |
Uma vizinha da porta um testemunho lhe erguia; |
|
que ela andava d` amores com um sacerdote da missa. |
6 |
O sacerdote, agastado, da serva nada sabia. |
|
Veio o marido de fora. --Boa seja a tua vinda. |
8 |
Eu te queria proguntar que dizem lá pela vila. |
|
--Uns me dizem que te mate, outros que te tire a vida. |
10 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria; |
|
enterrai-me na capela aos pés da Virgem Maria.-- |
12 |
Pejadinha d` oito meses, já para os nove corria, |
|
abriram na sepultura e acharam-na lá parida, |
14 |
com uma menina nos braços que se chamava Maria; |
|
os anjos eram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha; |
16 |
minha toalha d` Holanda onde ela se envolvia. |
|
--Perdoa-me tu, mulher. --Como te eu perdoaria? |
18 |
Como te hei-de eu perdoar, se a tua alma está perdida? |
|
A minha está na glória, aos pés da Virgem Maria. |
20 |
--Os meus olhos, de chorar, já não vêem nos caminhos, |
|
choram lágrimas de sangue, não podem mais, coitadinhos!-- |
|  |
Go Back
|
0165:4 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7590)
Versión de Bragança s. l. (dist. Bragança., Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida por Pe. Francisco Manuel Alves (abade de Baçal), hacia 1902 (fecha deducida) y publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 231-232. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1481, p. 239. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma linda ermida, |
2 |
onde vive uma devota, serva da Virgem Maria. |
|
Cada dia qu` amanhece, sua c`roa la oferecia. |
4 |
Uma vizinha da porta falso testemunho l` erguia; |
|
qu` ela andava namorada dum sacerdote da missa. |
6 |
O sacerdote anda triste, mas ela paixão não tinha. |
|
Vem no marido de fora. --Boa seja a tua vinda. |
8 |
Ora dize-me tu, marido, que novas me trazes da vila. |
|
--Que te confesses, traidora, qu` eu matar-te queria. |
10 |
--Que me mates, que me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Se me matares, marido, enterra-me na ermida, |
12 |
enterra-me lá no cimo, aos pés da Virgem Maria.-- |
|
Prinhadinha d` oito meses, já p`r` òs nove corria; |
14 |
`ò cabo dos nove meses um lindo cantar s` ouvia. |
|
Abriram-le a sepultura, já ela estava parida, |
16 |
c` uma menina nos braços, que le chamavam Maria; |
|
padrinhos eram os anjos, madrinha, a Virgem Maria. |
18 |
--Perdoai-me, vós, agora, serva da Virgem Maria! |
|
--Como t` hei-de perdoar, s` a tua alma está perdida? |
20 |
A minha está lá no céu, d` anjinhos era assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:5 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7591)
Versión de Duas Igrejas (c. Miranda do Douro, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1938. Publicada en Leite de Vasconcellos 1938, 1002. Reeditada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, 233 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1482, p. 240. © Fundação Calouste Gulbenkian. 014 hemist. Música registrada. |
|
|
Foram vê` la sepultura, acharam-na lá parida, |
2 |
c` uma menina nos braços, que le chamavam Maria; |
|
padrinhos foram os anjos, madrinha, a Virgem Maria. |
4 |
--Aqui venho, que me perdoes, serva da Virgem Maria. |
|
--Se como t` hei-de perdoar, s` a tua alma está perdida? |
6 |
A minha está na glória, dos anjos bem assistida; |
|
a tua está no inferno, mais a da tua vizinha.-- |
|  |
Nota: Leite edita estes versos como variantes de uma versão de Granja Nova (cf. versão num 1502), assinaladndo que os doze primeiros são idênticos, tanto numa versão, como na outra. Ao apresentarmos aqui apenas a parte referente a Duas Igrejas, contestamos aparentemente o critério editorial de Leite pela consabida impossibilidade da existência de versões distintas com tantos versos rigorosamente idênticos. Com efeito, o sentido dado por Leite a "o resto é como acima", referindo-se aos mencionado doze versos, não significa apenas que as estruturas de ambas as versões sejam plenamente coincidentes. Por lapso, os editores de Leite de Vasconcellos 1958-1960, incorporam a esta versão os versos correspondentes à mencionada versão de Ganja Nova, indicando como geografia Duas Igrejas.
|
Go Back
|
0165:6 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7592)
Versión de Carviçais (c. Torre de Moncorvo, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 234-235. Reeditada en Damião 1997, 56-57 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1483, pp. 240-241. © Fundação Calouste Gulbenkian. 050 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá cima, naquela serra, está uma linda ermida; |
2 |
uma devota está nela, que se chama Cecília. |
|
Uma vizinha da porta falso testemunho lhe erguia; |
4 |
que ela andava d` amores c` um sacerdote de missa. |
|
O seu marido agastou-se, mas ela culpa não tinha. |
6 |
--Meu marido, vens de fora, boa seja a tua vinda, |
|
que te quero perguntar que se diz por essa vila. |
8 |
--Que te confesses, traidora, que te quero tirar a vida! |
|
--Quer me mates, quer me deixes, enterra-me na ermida, |
10 |
aos pés de Nossa Senhora, junto à Virgem Maria.-- |
|
Já ia para oito meses, já para os nove corria, |
12 |
lá na sua sepultura um doce cantar se ouvia. |
|
Foram ver à sepultura, acharam-na lá parida, |
14 |
c` uma menina nos braços, que se chamava Maria; |
|
S. José era o padrinho, Nossa Senhora, madrinha. |
16 |
--Vês aqui, ó meu marido, as cruzes em que eu andava, |
|
quem a Virgem Santa serve por fim sempre leva a paga. |
18 |
--Perdoa-me, ó mulher, serva da Virgem Maria! |
|
--Como te hei-de perdoar, se a tua alma está perdida? |
20 |
A minha está no céu, dos anjos bem reunida |
|
e a tua está no inferno, dos demónios perseguida. |
22 |
Como te hei-de perdoar, ó ladrão, ó carniceiro, |
|
se tu me degolaste assim como um carneiro? |
24 |
Apega-te à Virgem e ao Deus verdadeiro, |
|
fazendo tu penitência durante um ano inteiro.-- |
|  |
Go Back
|
0165:7 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7593)
Versión de Urros (c. Torre de Moncorvo, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1906. Publicada en Tavares 1906, 284. Reeditada en Damião 1997, 57-58 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1484, p. 241. © Fundação Calouste Gulbenkian. 030 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá cima naquela serra, lá cima naquela ermida, |
2 |
uma vizinha da porta, falso testemunho erguia; |
|
ela que andava de amores c` um sacerdote de missa. |
4 |
O sacerdote anojou-se, mas ela mágoa não a tinha. |
|
--Confessa-te, pecadora, que te quero tirar a vida. |
6 |
--Que me mates, que me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Ó homem, se me matares, enterra-me na ermida, |
8 |
`òs pés de Nossa Senhora, virada p`ra Virgem Maria.-- |
|
`Ò cabo de nove meses, um doce cantar se ouvia; |
10 |
abriram na sepultura, acharam-na lá parida, |
|
c` uma menina nos braços que se chamava Cezilia; |
12 |
os anjos eram padrinhos, Nossa Senhora madrinha. |
|
--Perdoa-me tu agora, serva da Virgem Maria! |
14 |
--Como te hei de perdoar, se tua alma está perdida? |
|
A minha já está nos céus, dos anjos mum` bem querida!-- |
|  |
Nota del editor de RºPortTOM 2000: Omitimos Or` valha-me Deus e a Virgem Maria! entre -1a e -1b, por constituir, no fundo, um refrão.
|
Go Back
|
0165:8 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7594)
Versión de Argozelo (c. Vimioso, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 232-233. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1485, p. 242. © Fundação Calouste Gulbenkian. 042 hemist. Música registrada. |
|
|
Bem madrugava a donzela, no domingo ir à missa. |
2 |
Uma vizinha da porta um falso `stemunho lhe erguia. |
|
--Não vai ela para rezar, que eu bem sei onde ela ia, |
4 |
vai para casa do cura, que costume ela tenia.-- |
|
Outro dia de manhana em busca dela iria, |
6 |
achara-a ele rezando aos pés da Virgem Maria. |
|
--Prepara-te, minha mulher, que eu matar-te venia. |
8 |
--Mata-me quando quiseres, que eu preparada estaria; |
|
estava grave de oito meses, já para os nove corria. |
10 |
--Só te peço que me mates aos pés da Virgem Maria.-- |
|
Ao cabo dos nove meses um lindo cantar se ouvia; |
12 |
foram-se ao som do cantar para ver donde ele saía; |
|
saía lá da igreja, dos pés da Virgem Maria. |
14 |
Respondera-lhe o menino, de três dias, que ele tenia: |
|
--Quem vem lá, quem vem lá? --A jeito que lá gente nova havia. |
16 |
--Eu sou teu pai, ó meu filho, que baptizar-te venia. |
|
--Vá-se embora, ó meu pai, que eu baptizado estaria. |
18 |
--Mas diz-me tu, ó meu filho, quem foram os teus padrinhos. |
|
--Padrinho, o Padre Eterno, madrinha, a Virgem Maria. |
20 |
--Agora dize-me, ó meu filho, que castigo mereceria? |
|
--Condenado aos infernos, perdão de Deus não teria.-- |
|  |
Go Back
|
0165:9 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7595)
Versión de Vinhais (c. Vinhais, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1928. Publicada en Martins 1928, (Martins 1987) 187-188. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1486, pp. 242-243. © Fundação Calouste Gulbenkian. 034 hemist. Música registrada. |
|
|
Naquela serrinha alta rico lavrador vivia, |
2 |
tem uma filha mui` linda, criada em fantasia. |
|
Difamou-la uma vizinha c` um sacerdote de missa; |
4 |
sacerdote vai queixoso e ela ne`uma pena tinha; |
|
--Venhas embora, meu homem, com prazer e alegria, |
6 |
que te quero precurar que há de novo pela vila. |
|
--Que te confesses, traidora, qu` eu a matar-te já vinha. |
8 |
--Se me queres matar, mata-me, confessada já estaria; |
|
peço-te que se me matares, me enterres na ermida, |
10 |
lá no fundo do altar `òs pés da Virgem Maria; |
|
grávida sou de oito meses, para os nove já corria.-- |
12 |
`Ò cabo de nove meses, um lindo cantar s` ouvia; |
|
abriram a sepultura, acharam-na lá parida. |
14 |
--Perdoa-me aqui agora, esposa da minha vida! |
|
--Como te hei-de perdoar? Tua alma está perdida; |
16 |
tua alma vai p`r` ò inferno, a tua e a da má vizinha; |
|
a minha vai par` ò céu com os anjos em companhia.-- |
|  |
Go Back
|
0165:10 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7596)
Versión de Vinhais (c. Vinhais, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1938. Publicada en Martins 1938, (y Martins 1987) 25-26. Reeditada en Redol 1964, 627 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1487, pp. 243-244. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
|
|
Bem madruga a casadinha `ò domingo pelo dia, |
2 |
vai fazer oração à sempre Virgem Maria. |
|
As vizinhas d` `ò pé da porta muito mal le queriam; |
4 |
para onde iria a casadinha `ò domingo pelo dia? |
|
Ela, ou vai ouvir missa nova que Frei João a dizia. |
6 |
Ouvira-a o seu marido da sala onde dormia; |
|
levantou-se e foi `trás dela para ver onde ela ia; |
8 |
achara-a ajoelhada aos pés da Virgem Maria. |
|
--Que fais aqui, mulher, que fais aqui, mulher minha? |
10 |
--Estou a rezar o rosário a sempre Virgem Maria. |
|
--Prepara-te lá, ó mulher, que eu p`ra matar-te vinha. |
12 |
--Mata, mata, ó meu homem, que eu a morte não ta merecia; |
|
se me queres tu matar, não me dês pela barriga, |
14 |
cá dentro do meu ventre sangue real havia. |
|
Ali mesmo a enterrou, aos pés da Virgem Maria; |
16 |
ali nasceu uma roseira com rosas da Alexandria. |
|
Passado mais dum ano foi-se a cavar adonde ela |
18 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] para ver o que dali saía; |
|
ouviu a voz dum menino nascidinho daquele dia. |
20 |
--Cave devagar, meu pai, que aqui gente nova havia. |
|
--Diz-me tu, ó meu menino, nascidinho deste dia, |
22 |
quem matou a tua mãe que castigo mereceria? |
|
--Merece ir para o inferno, pois as vizinhas já lá iam.-- |
|  |
Go Back
|
0165:11 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7597)
Versión de Bragança s. l. (dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1907. Publicada en Rodrigues 1907, 371-372. Reeditada en Rodrigues 1973, (reed. facs. 1981) 89-91 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1488, p. 244. © Fundação Calouste Gulbenkian. 032 hemist. Música registrada. |
|
|
--No alto daquela serra está uma santa ermida, |
2 |
cada vez que me levantava, uma coroa lhe oferecia. |
|
Uma vizinha da porta, um falso testemunho lhe erguia, |
4 |
que andava de amores com um sacerdote de missa; |
|
que andava grávida de nove meses, para os nove já corria. |
6 |
--Como te vai, ó meu homem, como te vai por essa ilha? |
|
--Que te confesses, ó traidora, que te hei-de tirar a vida. |
8 |
--Que me mates, que me deixes, enterra-me na ermida.-- |
|
`Ò cabo de nove meses um lindo cantar ouvia; |
10 |
foram ver à sepultura, onde ela estava parida, |
|
com uma menina nos braços, que se chamava Maria; |
12 |
os anjos eram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
|
--Perdoa-me, ó traidora, eu não sabia o que fazia. |
14 |
--Como te hei-de perdoar, se tua alma está perdida? |
|
A minha está no céu, dos anjos bem assistida, |
16 |
a tua já está no inferno, dos demónios perseguida.-- |
|  |
Nota: Omitimos os seguintes refrões Oh, valha-me Deus!, entre os hemistíquios a e b e Ora valha-me Deus e a Virgem Maria, entre os hemistíquios b e a.
|
Go Back
|
0165:12 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7598)
Versión de Régua (c. Peso da Régua, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida por Diogo J. de Macedo, publicada en Pedroso 1902, 457. Reeditada en Pedroso 1988, 375 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1489, pp. 244-245. © Fundação Calouste Gulbenkian. 036 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá em cima naquela serra está uma bela ermida |
2 |
onde está uma devota, serva da Virgem Maria. |
|
Uma vizinha da porta um testemunho lhe erguia, |
4 |
que ela andava d` amores com um sacerdote de missa; |
|
um sacerdote agastado, ela pena não a tinha. |
6 |
Chegou um homem de fora: --Boa seja a tua vinda. |
|
--Que te confesso, traidora, que te quero tirar a vida. |
8 |
--Quer me mates, quer me deixes, eu confessar-me queria. |
|
Se me matares, tirano, enterra-me na ermida, |
10 |
aos pés de Nossa Senhora, Rainha Santa Maria, |
|
que ando pejada de oito meses, já para os nove corria.-- |
12 |
No cabo de nove meses, lindo cantar se ouvia; |
|
abriram a sepultura, acharam-na lá parida, |
14 |
com uma menina nos braços, que se chamava Maria. |
|
Os anjos foram padrinhos, Nossa Senhora, madrinha. |
16 |
--Perdoa-me tu agora, serva da Virgem Maria. |
|
--Como te hei perdoar, se a tua alma está perdida? |
18 |
A minha está na glória, dos anjos bem assistida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:13 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7599)
Versión de Vila Real (c. Vila Real, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1926. Publicada en Lopes 1926, 154. Reeditada en RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1490, p. 245. © Fundação Calouste Gulbenkian. 032 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma linda ermida, |
2 |
a devota que está nela é serva da Virgem Maria. |
|
Morava uma vizinha à porta, falsos testimunhos lhe erguia, |
4 |
que ela andava d` amores com um sacerdote de missa; |
|
sacerdote se apaixonava, ela pena não na tinha. |
6 |
Chegou o marido de fora. --Bendita seja a tua vinda. |
|
--Que te confesses, traidora, que é acabada a tua vida. |
8 |
--Quer me mates, quer me deixes, enterra-me na ermida, |
|
na capela de Santana aos pés da Virgem Maria.-- |
10 |
Passaram-se nove meses, um lindo cantar se ouvia; |
|
abriram a sepultura, acharam-na lá parida, |
12 |
com uma menina nos braços que se chamava Maria. |
|
--Perdoa-me tu, mulher, perdoa-me, ó mulher minha. |
14 |
--Como te hei-de perdoar, se a tua alma está perdida? |
|
A minha está no céu, dos anjos bem assistida, |
16 |
a tua está no inferno lá p`r` ò fundo bem metida.-- |
|  |
Go Back
|
0165:14 Devota calumniada (í-a) (ficha no.: 7600)
Versión de Trás-os-Montes e Alto Douro s. l. (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1867. Publicada en Braga 1867a, 128-129. Reeditada en Hardung 1877, II 153-154; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 469-470 y RºPortTOM2000, vol. 4, nº 1491, p. 246. © Fundação Calouste Gulbenkian. 036 hemist. Música registrada. |
|
|
No alto daquela serra está uma bela ermida, |
2 |
uma devota está nela, serva da Virgem Maria. |
|
Uma vizinha da porta mau testemunho lhe erguia, |
4 |
ela que andava d` amores com um sacerdote de missa. |
|
Sacerdote se agastava e ela pena não tinha. |
6 |
Veio o marido de fora. --Boa seja a vossa vinda, |
|
que vos quero perguntar que vai lá por essa vila. |
8 |
--Que te confesses, traidora, que te vou tirar a vida. |
|
--Quer ma tires, quer ma deixes, eu confessar-me queria. |
10 |
Marido, se me matares, enterra-me na ermida, |
|
aos pés de Nossa Senhora, aos pés da Virgem Maria.-- |
12 |
Prenhadinha de oito meses, para os nove corria; |
|
no cabo dos nove meses, um lindo cantar se ouvia. |
14 |
Abriram a sepultura onde a encontraram parida, |
|
com uma menina nos braços, que se chamava Maria. |
16 |
--Perdoa-me, ó Mariquinhas, perdoa-me, ó mulher minha! |
|
--Como te hei-de eu perdoar, se a tua alma está perdida? |
18 |
A minha está na glória dos anjos bem assistida.-- |
|  |
Variantes de RGP II 1907 (reed. facs. 1985): -3b testimunho; -11a da Nossa Senhora; -17a omite eu. Nota: RGP II 1907 (reed. facs. 1985) edita em nota alguns versos pertencentes à versão por nós editada com o num 1507 [registro 7616].
|
Go Back
|
Back to Query Form