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Pan-Hispanic Ballad Project

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2866:1 D. Henrique de Alencastre (polias.)            (ficha no.: 2699)

Versión de Madeira s. l. (dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).   Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1880, pp. 230-34. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 162-163, K13.  120 hemist.  Música registrada.

     ****Neste cerrado alvoredo,    neste bravio montado,
  2   aqui vivo como bicho,    entre rochas interrado.
     Vai lo dia, vem la noite,    nada p`ra mim é mudado;
  4   de minhas penas sustento    lo triste de mim, cuitado.
     Ó vós troncos e penedos    e bichos do descampado,
  6   vinde, ouvi las tristes queixas    deste pobre desgraçado.
     Dom Hanrique d` Alencrasto    é meu nome verdadeiro.
  8   Dos duques desta linhagem    sou lo único herdeiro
     e, sendo eu só na casa,    fui em tudo lo primeiro,
  10   que meu pai muito me quis    `té dar lo ai derradeiro.
     Com todo-los meus coiteiros    fui a montear um dia;
  12   fora eu p`ra trazer caça,    mas outrem me caçaria.
     Bem longe de tal cuidar,    pista da caça corria
  14   quando, lá `lém assomando,    fermosa dam` apar`cia.
     --Olhai lá, coiteiros meus:    quem la fermosa seria?
  16   --É Dona Guimar de Crasto,    da mais alta fidalguia.
     Se mais disseram não sei,    que, por mim, nã nos ouvia;
  18   todo eu `stava nos olhos,    e não andava, corria.
     --Senhora, servo sou vosso,    por vós aqui morreria;
  20   aceitai-me por marido,    por mulher vos tomaria.--
     Despois qu` eu assim falei,    él` assim me respondia:
  24   --Dom Hanrique d` Alencrasto,    isso era lo qu` eu queria.
     --Jurai-lo, senhora minha?    --Juro por Virgem Maria;
  26   mulher só de vós serei,    doutro não, nunca seria.--
     E voltou ao seu castelo,    ao de meu pai eu volvia.
  28   Est` amor de mim e dela    de sol a sol mais crescia.
     Entrementes, a meu pai,    que tão leal se tratava,
  30   por mexericos dum conde    logo el-rei condenava.
     Mas quando foi la justiça    que por ele procurava,
  32   já não achou quem prender,    de morrer el` acabava.
     Só de nom` eu conhecia    quem lo meu pai me matava;
  34   um conde novo na corte    que no amor m` invejava.
     E ao novo condesinho    que no amor m` invejava,
  36   el-rei, com minhas herdanças,    Dona Guimar também dava.
     Calado, quedo fiquei,    que nem lágrima chorava;
  38   ninguém m` ouviu dizer ai,    mas cá dentro rebentava.
     Pera ir onde Guimar,    de romeiro me vesti;
  40   rondei la casa três dias,    nunca, nunca nã na vi.
     Mas passou um fidalguinho    todo soberbo de si.
  42   --Dona Guimar, senhor meu,    iria longe daqui?
     --`Stá inferma, bom romeiro,    orai por ela, por mim.
  44   Por mim, que sou noivo dela;    por ela. . . . . .-- mais não ouvi.
     Cegou-me nã sei lo quê,    menos sei lo que senti;
  46   no ladrão do condesinho    lo meu punhal afundi.
     Como el` era quem era,    logo foi grande motim;
  48   cramaram, à voz del-rei,    todos, todos contra mim.
     Mas lo trajo qu` eu vestia    logo, logo lo despi;
  50   por meio da tanta gente    p`ra estes montes fugi.
     --Ai, Dona Guimar de Crasto,    quem cuidara, quem diria
  52   que tu me foras treidora    quando las juras t` ouvia?--
     Palavras não eram ditas,    Dona Guimar qu` apar`cia:
  54   --Dom Hanrique d` Alencrasto,    quem no dissera mentia;
     jurei ser tua mulher,    doutro não, nunca seria.
  56   Que me custasse la vida,    minhas juras cumpriria.
     Tudo a ti te roubaram,    tudo por ti deixaria.
  58   Por `mor de mim tu mataste,    por `mor de ti morreria.
     Dona Guimar aqui `stou,    pera tua companhia.
  60   Eu sou tua, tu és meu,    valha-nos Jesus, Maria.--

Nota: ****Como señala C. F. al colocar el asterisco delante del título, se trata de una invención de un poeta romántico, imitando el estilo popular.

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