spa eng por

Pan-Hispanic Ballad Project

Total: 1


2869:1 A Imperatriz Porcina (í-a)            (ficha no.: 2708)

Versión de Portugal s. l. (Portugal).   Recogida por José Leite de Vasconcellos, (Colec.: Leite de Vasconcellos). Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, RP, 1020. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 174-175, L9.  096 hemist.  Música registrada.

     --Senhor, quero-vos pedir    por Deus e Santa Maria,
  2   que me leveis convosco,    ainda que o não merecia:
     Servir-vos-ei como escrava    sempre de noite e de dia.
  4   Deu-lhe uma cavalgadura    das muitas que ele trazia;
     chegou até ao palácio    de sua mulher Sofia,
  6   também lhe apresentou    a senhora que trazia
     e contou-lhe como a achara,    que nada lhe mentiria.
  8   Tomou-lhe um grande amor    [. . . . . . . . . . . .]
     e mais do que a uma irmã    ela muito lhe queria.
  10   Até um menino de peito    lhe deu para companhia.
     Com ela ria e folgava    sempre de noite e de dia.
  12   Tinha este conde um irmão,    por Natão se conhecia,
     o qual, por esta senhora,    graves penas padecia.
  14   Ia-lhe a beijar a mão    e ela toda se desvia.
     --Essas cristalinas mãos    d` aljôfar e pedraria
  16   deixai-mas beijar,    pois têm tanta valia.
     --Retirai-vos diante de mim,    não sejais de vilania,
  18   senão digo-o ao senhor conde    que em mim muito se fia.--
     Retirando-se à pressa,    já vê-la não poderia,
  20   e dizia lá consigo:    --Mas como eu me vingaria!--
     Estando ela no seu quarto,    como a ninguém temeria,
  22   queixando-se da desgraça    que tanto a perseguia:
     --Sendo eu tão senhora,    que no mundo não havia!--
  24   Agora numa vassala,    numa escrava se via.
     `Stava o malvado espreitando    como o inocente dormia.
  26   Foi-se direito à cama    onde o sobrinho dormia,
     deixou-o logo morto,    nem com pé nem mão bulia.
  28   Matou c` o cutelo na mão    o inocente que dormia.
     Vendo-o banhado em sangue    que até pela boca corria,
  30   começou logo a gritar:    --Valha-me a Virgem Maria!
     Acudi-me, senhor conde,    e minha amiga Sofia;
  32   mataram vosso menino,    minha doce companhia!--
     O primeiro que apareceu    foi Natão. Assim dizia:
  34   --Ó malvada, pois mataste    a quem eu tanto queria?
     Eu quero ser o assassino,    quero fazer o que devia!--
  36   O conde estava pasmado    de tanta cousa que via.
     Dizia: «Eu não acredito»    à sua mulher Sofia.
  38   Quem tal crime cometeu    grande mal lhes queria.
     --Pois ainda duvidais    de tão negra vilania?
  40   Pois não vedes, senhor conde,    que ela tudo isso faria?--
     --Vós não vedes o seu rosto    desfigurado, de pedra fria?
  42   Pois já que tanto ateimais,    matá-la não consentiria.
     Levai-a para a floresta    aonde se encontraria,
  44   que ali, de fome e de sede,    sua culpa pagaria.--
     Para levar a senhora    logo um navio apar`cia;
  46   com as lágrimas nos olhos    da terra se despedia.
     Chegaram à floresta    e lá a deixariam,
  48   que ali, de fome e de sede,    sua culpa pagaria.

Nota: Cf. A[arne]T[hompson] 712.

Go Back
Back to Query Form