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San Pedro foi pecador, e de santidade `spanto. |
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Oh que tamanho milagre, tão pecador e tão santo! |
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E foi também pescador para despois subir tanto! |
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Oh que milagre tamanho, pescador e Padre Santo! |
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--Dizem, santo, que sois velho; isso não importa nada, |
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que com ânimo soubestes, santo, puxar da espada. |
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Vinha Judas c` os judeus, vinham p`ra Jesus levar, |
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e vós, d` espada na mão, fostes um desorelhar. |
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Mas la vossa valentia `i la deixastes ficar, |
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que bastou uma mulher para vos acobardar: |
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na noite daquele dia, antes do galo cantar, |
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três vezes negastes Cristo, três vezes, a porfiar. |
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Quem tal dissera, meu santo, quem tal houvera cuidar? |
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Nem nos santinhos do céu ninguém se pode fiar. |
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Fez-se vermelho San Pedro e respondeu-m` em segredo: |
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--Com ser santo, tenho costas, e quem tem costas tem medo; |
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tinha qu` ir pregar em Roma, nã qu`ria morrer tão cedo. |
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--Se também pecastes, santo, tende dó do pecador; |
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pescai-me no mar da culpa, Pedro santo, pescador.-- |