0002:2 Rodriguillo venga a su padre (á-o) (ficha no.: 2597)
[0346 Diego Laínez y sus hijos, contam.] Versión de Câmara de Lobos (c. Câmara de Lobos, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal). Recitada por Manuel Coelho. Recogida por Joanne B. Purcell, 18/06/1970 (Archivo: JBP; Colec.: JBP 1969-1970; cinta: 118A -n° 3, rotação 97). Publicada en Purcell 1987, Ilhas 1.1, pp. 45-46. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (©HSA: HSMS), p. 55-56, A3. 086 hemist. Música registrada. |
--Vem-te cá, mê filho mais velho, tira-m` aqui este dente. | |
2 | Metê-lhe o dedo na boca, o pai apertou-lhe sempre. |
--Vem-te cá, mê filho Rodrigues, tira-m` aqui este dente. | |
4 | Metê-lhe o dedo na boca, o pai apertou-lhe sempre. |
--Se nã fosse o mê pá ser, ê dava-lhe _a bonita bofatada, | |
6 | qu` ê tirava-lhe o dente da boca e os olhos fora da cara. |
--Cala a boca, mê filho Rodrigues, p`a tu sês bem ensinado. | |
8 | Foi ont` à noite na corte, do conde Lisardo ê foi embofatado; |
do conde Lizardo ê fui embofatado e também fui resondado. | |
10 | --O pai tenha a certeza qu` o conde já `tá desafiado. |
Ê te desafio, conde, ê te desafio, diabo, | |
12 | qu` é p`a tu i` s àquele campo, àquele campo escampado, |
ond` ê brigue e mais homes, quer a pé quer a cavalo. | |
14 | --O menino cale a boca, p`ò menino sê bem ensinado, |
qu` um menino de quinze anos não era p`ra ser tão malcriado. | |
16 | --Ê te desafio, conde, ê te desafio, diabo, |
p`a tu i`s àquele campo, àquele campo escampado, | |
18 | ond` ê brigue e mais homes, quer a pé quer a cavalo.-- |
E amanhã, naquele campo, Rodrigues já tinha esperado. | |
20 | Vai o conde p`ra casa, muito triste, agoniado: |
--Ê hei-de matar Rodrigues, na corte fui desafiado. | |
22 | --Papai, não mate Rodrigues, p`ra si não fica dado; |
menino de quinze anos, o juízo é levantado.-- | |
24 | Mas vai o conde para o campo muito bem aparelhado; |
q`ando o conde cheg` ao campo, Rodrigues já tinha esperado. | |
26 | O conde joga a sua lança, Rodrigues desviou-a; |
o Rodrigues joga a sua, o Rodrigues tornou-lhe a jogar, | |
28 | que logo lhe cortou a cabeça e as ancas do cavalo. |
--Vai almoçar, conde Lizardo, se nã tinhas almoçado; | |
30 | vai almoçar carne fresca, que num açougue é comprado. |
Vai almoçar, conde Lizardo, se nã tinhas almoçado; | |
32 | vai almoçar peixe fresco, que no mar ele é pescado.-- |
Nessa mesma ocasiã desapeou-se do cavalo; | |
34 | logo lhe cortou a mão, que seu pai foi embofatado; |
também lhe tirou a língua, que sê pai foi resondado; | |
36 | também lhe tirou o coração, dilhi comi-l` um bocado. |
--Ah pá, pegue a mão do conde, que o pai foi embofatado; | |
38 | também `tá a língua do conde, que o meu pai foi resondado; |
também `tá aqui o coração do conde, não `tá todo, que já dele | |
ê comi-lhe um bocado. | |
40 | --Isso não é o coração do conde, [. . . . . . . . . . . .] |
isso não é a mão do conde, isso é dalgum triste, desgraçado. | |
42 | --Se não fosse o mê pá ser, dava-lhe uma bonita bofatada, |
qu` ê tirava-lhe o dente da boca, os olhos fora da cara!-- |
Título original: O CID E O CONDE LOZANO (Á-O). |