Pan-Hispanic Ballad Project

Total: 4


0077:1 Adúltera que plañe a su enamorado muerto (á-o+estróf.)            (ficha no.: 2720)
[0426 Landarico, contam.]

Versión de Madeira s. l. (dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).   Recogida por Pere Ferré, publicada en Ferré 1982f, 204. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 185-186, M11.  046 hemist.  Música registrada.

     --Vos peço, madre querida,    pelo sangue derramado,
  2   qu` em vosso filho vindo,    nada le seja contado,
     qu` eu vou-m` àquele castelo    carpir aquele finado.
  4   Sua sogra, por ser má,    por ver o filho vingado,
     ainda não chegava ò porto,    já tudo l` era contado.
  6   --Ah mê filho, ah mê filho,    ah mê filho desgraçado!
     Tu vais àquele castelo,    Dona Olívia lá foi dar.
  8   Tu leva mil homens contigo,    menos não podes levar
     e, para mais depressa,    o cavalo eu vou selar.
  10   --Guardas, guardas, guardas postas,    quem guarda neste finado?
     Só quero qu` a mim me digam    quem chora neste finado.
  12   --Choram uns por ser irmãos,    outros pelo seu cunhado;
     só Dona Olívia, senhor,    chora pelo seu amado.
  14   E o amor dessa senhora    em que penhor será pago?
     --Entre duas facas nuas    o pescoço degolado,
  16   mandado para castelo    a seu pai, do meu mandado.
     --Se me mandas a meu pai,    eu falar também sabia,
  18   qu` o meu amor era este,    eu a ti não te queria.
     De sete filhos qu` eu tive    foram três desse fidalgo;
  20   s` os dele vestiam seda,    estes vestiam brocado.
     E agora dizei-m` aqui,    à vista de tanta gente,
  22   qu` a pior coisa no mundo    é casar descontente.
     Ora adeus, adeus, adeus,    vou com o meu amor para sempre.--

Nota del editor: Os vv. 19-20 também se encontram em Landarico (M4) [0426].
Título original: D. OLÍVIA (Á-O) (=SGA M15)

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0077:2 Adúltera que plañe a su enamorado muerto (á-o+estróf.)            (ficha no.: 6740)
[0426 Landarico, contam.]

Versión de Calheta (c. Calheta, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).   Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1880, 186-188. Reeditada en RGP I 1906, (reed. facs. 1982), 420-422; Redol 1964, 375-376; Carinhas 1995, II. 142 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 782, pp. 9-10 . © Fundação Calouste Gulbenkian.  066 hemist.  Música registrada.

     Andava la dona Ouliva    polos palácios reais,
  2   penando las suas penas,    e gemendo los seus ais.
     --Lo meu amor da minha alma,    já se foi p`ra nunca mais!--
  4   Tinha lo marido longe,    mas tinha la sogra ao lado;
     e, pela arteira da sogra,    logo lhe foi perguntado.
  6   --Que tendes vós, dona Ouliva,    `i dentro alabarado?--
     Dona Ouliva antão disse    lo que houvera ser calado.
  8   --Eu vos peço, a vós sogra,    por Deus peço, rogado,
     quando vosso filho chegue,    nada lhe seja contado;
  10   mas deixai-me ir além,    àquele castelo guardado;
     quero ir, por devoção    carpir naquele finado.--
  12   Pela mofina da sogra,    que lo filho quer vingado,
     volvido ele a palácio,    tudo logo foi contado.
  14   Ele ouviu, nã disse nada;    tinha cavalo selado;
     tinha esporas nos pés;    foi ao castelo guardado.
  16   --Deus vos salve, a vós    guardas deste castelo guardado,
     dizei-me que gente é essa    que carpe nesse finado?
  18   --São donas e são donzelas,    pessoas do grande estado:
     umas carpem lo irmão,    outras carpem lo cunhado,
  20   e também la dona Ouliva    carpe lo seu namorado.
     --Digam lá a dona Ouliva    que, por seu crime provado,
  22   a cutelo de aço rijo    pescoço terá cortado,
     e seu corpo, numas andas,    a seu pai será mandado.--
  24   Dona Ouliva, donde estava,    ouviu lo que ele dizia
     e perdida do juízo,    nestas vozes respondia.
  26   --Manda-me viva a meu pai,    que eu então lhe falaria;
     que este é que era meu amor;    que eu a ti nunca te queria.
  28   De sete filhos que tive    serão de ti, se for;
     esse que vista brilhante,    los outros, triste rigor.
  30   Digam-me cá, digam todos,    cada um e toda a gente,
     haverá cousa pior    do que casar malcontente?
  32   Ora adeus, que eu vou p`r`ó céu,    com meu amor vou p`ra sempre!--
     E abraçada no morto,    morreu naquele repente.

Nota del editor de RºPortTOM 2003: Emendas propostas por Álvaro Rodrigues de Azevedo: -9a venha; -22a de aço fino.
Título original: Dona Olívia.

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0077:3 Adúltera que plañe a su enamorado muerto (á-o+estróf.)            (ficha no.: 6741)
[0426 Landarico, contam.]

Versión de Machico (c. Machico, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).   Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1873, 768 y Azevedo 1880, 188-190. Reeditada en Braga 1876a, 63-64; RGP I 1906, (reed. facs. 1982) 422-423; Porto da Cruz 1949, 15-16; Carinhas 1995, II. 141-142 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 783, pp. 10-11. © Fundação Calouste Gulbenkian.  048 hemist.  Música registrada.

     Andava dona Eurives    cá e lá, em triste andar,
  2   chorando las suas penas,    que devia de chorar.
     --O que tendes, dona Eurives,    que vos não seja de grado?
  4   --Por Deus vos peço, a vós sogra,    por Deus vos peço, rogado,
     que, em vosso filho vindo,    nada lhe seja contado;
  6   que eu vou-me além, ao castelo,    carpir aquele finado.--
     A falsa de sua sogra    por ver o filho vingado,
  8   tudo que a nora lhe disse,    tudo lhe fora contado.
     Puxou ele suas esporas,    tinha o cavalo selado .
  10   --Deus vos salve, a vós guardas    deste castelo guardado:
     dizei-me que gente é essa    que carpe nesse finado?
  12   --São senhoras e donzelas,    cousa de grande estado:
     uma carpe marido,    outras carpem cunhado,
  14   e também a dona Eurives    carpe lo seu bem amado.
     --Digam-me a essa senhora    que seu amor é pagado.
  16   Entre duas facas finas,    seu pescoço degolado,
     metido entre dois pratos,    a seu pai será mandado.
  18   --Matai-me, já que a meu pai    eu falar-lhe não sabia;
     que este é que era o meu amor;    que eu a vós não vos queria.
  20   De sete filhos que eu tive;    quatro são de vós, senhor:
     os vossos vestem brilhante;    os outros triste rigor.
  22   Digam todos que aqui estão,    digam todos, toda gente,
     Se há pior cousa no mundo    do que casar malcontente.
  24   Ora adeus, que eu vou-me embora,    com meu amor, pera sempre!--

Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: entre -2 e -3 pergunta-lhe a sogra (1873); pergunta-lhe sua sogra (1880). Entre -3 e -4 fala ela (1873); responde ela (1880). Entre -9 e -10 e foi-se ao castelo e disse (1873 e 1880). Entre -11 e -12 respondem eles (1873); respondem los guardas (1880). Entre -14 e -15 fala o marido (1873); fala ele (1880). Entre -17 e -18 ouviu ela, e disse (1873 e 1880). Depois de 24: Abraçou-se com o morto, morreu, e foi a enterrar com ele (1873); Abraçou-se no morto, morreu, e foi a enterrar com ele (1880).
Variantes de Azevedo (1880): -2b calar; -3b Lo; -4a peço a vós; -6b naquele; -7a Mas pola falsa da sogra; -7b p`ra vê-lo; -8a tudo o que la nora disse; -8b tinha cavalo; -12b coisa de mui`; -13a lo marido; -13b lo cunhado; -14a la dona; -19a era meu; -19b e que eu; -21a los vossos vistam; -21b los outros; -22a Digam quantos aqui estão; -23a coisa.

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0077:4 Adúltera que plañe a su enamorado muerto (á-o)            (ficha no.: 9584)

Versión de Sitio da Misericordia (c. Machico, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).   Recitada por Olivia Baguel da Costa (36a). Recogida por José Joaquim Dias Marques, 07/08/1985 (Colec.: Dias Marques, J. J.). Publicada en Fraile Gil Rom-Panhisp.-2 2010+2CD, cd 2, corte nº 98, texto nº VII.D.4, pp. 183-184. © Fraile Gil. Reproducida aquí con permiso del editor.  046 hemist.   Música registrada.

     --Eu peço à madre querida,    pelo sangre derramado,
  2   quando o vosso filho vindo,    nada lhe seja contado,
     que eu vou-me àquele castelo,    carpir aquele finado.--
  4   Sua sogra, por ser má,    em ver o filho vingado,
     mal ele chegava ao porto,    já tudo lhe era contado.
  6   --Ah, meu filho, ah, meu filho,    ah, meu filho desgraçado!
     Tu vais-me àquele castelo,    Dona Olívia lá foi dar!
  8   Leva mil homens contigo,    menos não podes levar;
     para mais depressa ires,    o cavalo eu vou selar.--
  10   --Guardas, guardas, guardas postas,    quem guarda neste reinado,
     só quero que a mim me digam    quem chora neste finado.--
  12   --Choram uns por seu irmão,    outros pelo seu cunhado,
     só Dona Olívia, senhor,    chora pelo seu amado.--
  14   --O amor dessa senhora    em que penhores será pago?
     Entre duas facas nuas    e o pescoço degolado
  16   e mandado para castelo,    para seu pai, de meu mandado!--
     --Se me mandas para meu pai,    eu também falar sabia,
  18   que o meu amor era este    e eu a ti não te queria!
     De sete filhos que eu tive,    três foram desse fidalgo;
  20   se os dele vestiam seda,    estes vestiam brocalo.
     Agora dizei-me aqui,    à vista de tanta gente:
  22   a pior coisa no mundo    é casar descontente!
     Ora adeus, adeus, adeus,    vou com o meu amor para sempre!--
    
E morreu. De amor pelo homem que gostava, de paixão por ele. Ela casou à força, com o homem que não gostava.

Notas: -1b {M{sangre sic; -20b brocalo sic. Según precisa Fraile Gil, que sepamos el romance pervive modernamente sólo en la memoria colectiva insular portuguesa y en la tradición judeoespañola del norte de Marruecos, siendo aún romance autónoma en el primer caso, y funcionando sólo como exordio inicial de otro romance moralizador (El testamento de Felipe II`è-o], que entre los sefardíes se cantaba exclusivamente el día 9 del mes judaico de Ab. Para mayor detalle, consúltese el comentario del editor en las páginas 183-184.

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