Pan-Hispanic Ballad Project
Total: 75
0095:75 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 7283)
Versión de Viçosa de Alagoas (Alagoas, Brasil).
Recogida por Téo Brandão, (Colec.: Brandão, T.). Publicada en Brandão 1952b, Diário de Notícias. 038 hemist. Música registrada. |
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O sol já deu na vidraça resplandeu no claro dia; |
2 |
o que não sabia ninguém nem gente na corte sabia, |
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sabia dona Bernarda filha da própria rainha. |
4 |
--Filha, se sois sabedora, a mim não queiras encobrir |
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que dom conde de Alemanha de ouro quer te vestir. |
6 |
--Arrenego de tal ouro e também de tal bocal, |
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que me levou em seu braço e à força me quis beijar. |
8 |
--Filha, se sois sabedora, a mim não queiras encobrir |
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que dom conde de Alemanha de ouro quer te vestir. |
10 |
--Não quero saber de tal ouro nem dele quero saber, |
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que meu pai vindo da missa um conto eu hei de fazer. |
12 |
--Chegue, chegue, senhor meu pai e Deus queira lhe chegar, |
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que dom conde de Alemanha a força quer me beijar. |
14 |
--Filha, se o conde fez isso, eu o mandarei matar; |
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por sete homens de força mandarei o degolar. |
16 |
--Arrenego de tal leite que eu vos dei de mamar |
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antes fosse uma besta fera que não soubesse falar. |
18 |
--Cale-se, cale-se, minha mãe e Deus queira lhe calar; |
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não queira louvar a morte que seu dom conde vai levar.-- |
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0095:1 Conde Alemán (í-a+á) (ficha no.: 1594)
Versión de España. Recogida 00/00/1550 Publicada en Canc. de rom. 1550 f. 205 (Romance de Valdovinos)*. Reeditada en Wolf 1856b, Primavera y Flor de Romances, nº 170, vol. II, pp. 220-221 (Valdovinos.--VI.). 036 hemist. Música registrada. |
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Atan alta va la luna como el sol a mediodía |
2 |
cuando el buen conde Alemán ya con la reina dormía. |
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No lo sabe hombre nascido de cuantos en la corte había, |
4 |
sino era la infanta, aquesta infanta su hija. |
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Su madre le hablaba, de esta manera decía: |
6 |
--Cuanto viéredes tú, infanta, cuanto vierdes, encobrildo; |
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daros ha el conde Alemán un manto de oro fino. |
8 |
--¡Mal fuego queme, madre, el manto de oro fino, |
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cuando en vida de mi padre tuviese padrastro vivo!-- |
10 |
De allí se fuera llorando, el rey su padre la ha visto. |
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--¿Por qué lloráis, la infanta, decí ¿quién llorar os hizo? |
12 |
--Yo me estaba aquí comiendo, comiendo sopas en vino, |
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entró el conde Alemán, echómelas por el vestido. |
14 |
--Calléis, mi hija, calléis; no toméis de eso pesar, |
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que el conde es niño y mochacho, hazerlo ía por burlar. |
16 |
--¡Mal fuego quemase, padre, tal reír y tal burlar! |
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Cuando me tomó en sus brazos conmigo quiso holgar. |
18 |
--Si él os tomó en sus brazos y con vos quiso holgar, |
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en antes que el sol salga yo lo mandaré matar.-- |
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Variante: -2b El texto del Canc. de rom. ed. de 1550 y ed. posteriores lleva: y con etc. Claro está que esto, no teniendo sentido, es yerro de imprenta. Que se ha de leer «ya» viene comprobado por la versión portuguesa que empieza así: Ja lá vem o sol na serra / ja lá vem o claro día // e inda a conde d`Allemanha / com a raina dormía//.
Nota: *De este romance hay una versión portuguesa muy linda y muy popular, publicada por el señor Almelda-Garrett en su Romanceiro, Tomo II pag. 78, con el título de: O conde d`Allemanha (Allamanha o Aramanha). Esta versión tiene además una especie de epílogo, entre la madre y la hija sobre el suplicio del conde Alemán, acusándose reciprocamente de haberlo causado.
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0095:4 Conde Alemán (í-a) (ficha no.: 4551)
Versión de Moire (ay. Piñor, p.j. Piñor, Ourense, España).
Recitada por María García (62a). Recogida por Víctor Said Armesto, 00/00/1904 (Archivo: AMP; Colec.: María Goyri-Ramón Menéndez Pidal). Publicada en Said Armesto 1997, Poesía popular gallega, p. 120. Reeditada en RT-Galicia 1998, nº 67bis, p. 565 (Addenda). 040 hemist. Música registrada. |
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Xa bate o sol na vidreira, xa no pazo loce o dia, |
2 |
cando o conde d`Alemana coa linda reina dormía. |
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O rei non sabía nada, ninguén na corte o sabía, |
4 |
sólo era a infanta Juliana, filla da misma reina. |
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--Por Dios che pido, Juliana, que esto non sea sabido.-- |
6 |
Palabras no eran ditas, o rei á porta batía. |
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¿Que é iso, filla Juliana, que esmorrente te ponías? |
8 |
--Vena, vena, señor pai, que eu xa contarllo quería: |
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estando ala no sobrado tecendo no meu tear, |
10 |
ven o conde d`Alemana e un biquiño me foi dar. |
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--Filla, como o conde é neno, gusta moito de brincar. |
12 |
--Xuncras leven ó tal neno que me quixo deshonrar. |
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--Altos, altos, miña filla, que eu o mandarei matar.-- |
14 |
Á mañán do i-outro dia óyense sinos dobrar. |
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--¿Que sinos serán aqueles que no pazo oyo dobrar? |
16 |
--E o conde d`Alemana que o levan a degollar. |
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¡Oh, mal hayas ti, Juliana, máis o leite que mamaste, |
18 |
era o conde tan bonito y a morte lle procuraste! |
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--Cálese, mi madre, cálese, cálese, que ben debía, |
20 |
que a morte que o conde leva tamen vosté a merecía.-- |
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0095:5 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6742)
Versión de N/A (facticia)* (Portugal).
Documentada en o antes de 1842. Publicada en Almeida Garrett 1842, 5-6 e 27 y Almeida Garrett 1843; 1851; 1851, 78-82. Reeditada en Hardung 1877, I 170-172; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 1-3; Lima 1959, 54-55; Coelho 1962, 83-84; Pinto-Correia 1984, 262-264; Viana 1985, 97-99; Costa Dias 1988, 99 y 101 y Carinhas 1995, II. 92 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 784, pp. 11-13. © Fundação Calouste Gulbenkian. 058 hemist. Música registrada. |
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Já lá vem o sol na serra, já lá vem o claro dia, |
2 |
e `inda o conde d` Alemanha com a rainha dormia. |
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Não o sabe homem nascido de quantos na corte havia; |
4 |
só o sabia a infanta, a infanta sua filha. |
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--Não nas chegue eu a romper, mangas da minha camisa, |
6 |
se em vindo meu pai da caça, eu logo lho não diria. |
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--Cal`-te, cal`-te, la infanta, não digas tal, minha filha, |
8 |
que o conde d` Alemanha de oiro te vestiria. |
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--Não quero vestidos d` oiro; mau fogo em quem nos vestira! |
10 |
Padrasto, com meu pai vivo, nunca o eu consentiria.-- |
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Palavras não eram ditas, el-rei que à porta batia. |
12 |
--Deus venha c` o senhor pai e o traga na sua guia! |
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Tenho para lhe contar um conto de maravilha. |
14 |
Estando eu no meu tear, seda amarela tecia, |
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veio o conde d` Alemanha, três fios dela me tira. |
16 |
--Cal`-te, daí, minha filha, ninguém te oiça dizer tal, |
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que o conde d` Alemanha é menino, quer brincar. |
18 |
--Arrenego dos seus brincos, mais do seu negro folgar! |
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Que me tomou nos seus braços, à cama me quis levar. |
20 |
--Cala-te já, minha filha, ninguém te oiça mais falar, |
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que em antes que o sol se ponha vai o conde a degolar.-- |
22 |
--Veis lo conde d` Alemanha, veis-lo vai a degolar; |
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ao rabo do seu cavalo lá o levam a arrastar. |
24 |
--Venha cá, senhora mãe, venha ao mirante folgar, |
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veja um conde tão formoso que aí vai a degolar. |
26 |
--Mal haja, filha, o meu leite, mais quem to deu de mamar, |
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que a um conde tão bonito a morte foste causar. |
28 |
--Cale-se daí, minha mãe, ninguém lhe oiça dizer tal, |
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que a morte que o Conde leva não lha faça eu levar.-- |
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Nota del editor de RºPortTOM 2003: Editamos Garrett II (1851).
Notas y variantes de Almeida Garrett: -1a Já o sol dá na vidraça - Ribatejo. -4a Sabia-o dona Silvana - Minho. Sabia-o dona Bernarda - Beira Alta. -5a Mangas da minha camisa, / não nas chegue eu a romper, // se em vindo meu pai da missa / logo lho não for dizer. -Minho. -9a Não quero vestidos de oiro, / pois os tenho de damasco: // `inda tenho meu pai vivo, / já me querem dar padrasto. -Ribatejo, Trás-os-Montes e Beira Alta. -14a Estando eu no meu tear / tecendo seda amarela, // veio o conde d` Alemanha / três fios me tirou dela. - Porto e outras. -18a Arrenego de tal conde - Beira Baixa. -24a Aqui as variantes são infinitas: é a passagem que todos os engenhos de aldeia se comprazeram mais a parafrasear e a fazer tema de seus floreados e variações, modernizando-a sem obedecer à rima certa do romance e quando menos ao seu toante ou assoante obrigado, cujas severas leis não permitem que se mude senão em espaços regulares, e nunca mais de duas ou três vezes em todo o decurso do mais extenso deles. Ponho aqui uma amostra destas que não são variantes, mas variações modernas. Venha cá, senhora mãe, / para a janela do meio, // ver o conde d` Alemanha / enfeitado de vermelho. // Venha cá, senhora mãe, / à janela do quintal, // ver o conde d` Alemanha / como vai a degolar. // Venha cá, ó minha mãe, / venha à janela do canto, // venha ver o senhor conde / como lhe parece o branco. // Venha ver, ó minha mãe, / à janelinha do poço, // venha ver o senhor conde / com uma corda ao pescoço. -29b Algumas cópias, especialmente as da Beira Alta e Ribatejo, trazem no fim uma espécie de conclusão ou rabo-leva; o que G[arcia] de Resende chamaria cabo ou fim (vej. Canc[ioneiro] de Res[ende]): remate que todavia se encontra quasi pelas mesmas palavras em muitas outras xácaras e romances. Numa campa rasa e triste / já o deixam enterrado; // puseram-lhe à cabeceira / um letreiro bem lavrado, // para quem passar que diga: / aqui jaz o malfadado, // que morreu de mal de amores, / que é mal desesperado.
Notas: Versão composta, segundo Garrett, por versões do Minho, Trás-os-Montes, Douro Litoral, Beira Alta, Beira Baixa e Ribatejo. Garrett 1842, edita parcialmente esta versão. Assim, em O Alfageme de Santarém no primeiro acto, cena primeira, o Alfageme pronuncia os seguintes versos: Já lá vem o sol na serra, / já lá vem o claro dia. // E `inda o conde de Alemanha / com a . . . [tosse] hum, hum, hum!. . . dormia. Por sua vez, na cena 10, o Coro canta: assomai-vos, minha mãe, / a essa janela do mar, // vinde ver o conde Alarcos / que aí vai a degolar. E prossegue: conde Alarcos. . . conde Andeiro, / que aí vai a enforcar. Hardung I (1877), Braga (1907)/Braga (1985), Pires Lima (1959), Prado Coelho (1962), Pinto-Correia 1984, e Viana 1985, editam Garrett II (1851). Costa Dias 1988, e Carinhas (1994) editam a partir do manuscrito depositado na Faculdade de Letras de Coimbra. Carinhas 1995, II. edita apenas os versos referentes à ilha do Faial.
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0095:6 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6743)
[0101 No me entierren en sagrado, contam.]
Versión de N/A (facticia)* (Portugal).
Documentada en o antes de 1851. Publicada en ms. de Almeida Garrett, incluído en el `Cancioneiro de Romances Xácaras e Solaos`, depositado en la sala Ferreira Lima de la Fac. de Letras de la Universidad de Coimbra, pp.42-45 y 48-51. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 784a, pp. 13-15. © Fundação Calouste Gulbenkian. 052 hemist. Música registrada. |
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Já o sol dá na vidraça, já lá vem o claro dia, |
2 |
e `inda o conde d` Alemanha com a rainha dormia. |
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Não o sabia el-rei nem quantos na corte havia; |
4 |
sabia-o dona Bernarda, filha da própria rainha. |
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--Mangas da minha camisa, não nas chegue eu a romper |
6 |
se em meu pai vindo da missa, logo lho não vou dizer. |
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Venha embora, senhor pai, boa seja a sua vinda; |
8 |
tenho para lhe contar um conto de maravilha. |
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`Stando eu no meu tear bordando de ouro na tela |
10 |
veio o conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
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--Cala-te, ó minha filha, ninguém te oiça dizer tal. |
12 |
Deixa o Conde d` Alemanha que é menino, quer brincar. |
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--Arrenego de tal conde, mais de seu negro brincar! |
14 |
Pegou-me logo na mão e à cama me quis levar. |
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--Cala-te já, minha filha, que eu o mandarei matar. |
16 |
Ao rabo do meu cavalo vê-lo-ás logo arrastar.-- |
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Vai o Conde d` Alemanha, ei-lo vai a degolar. |
18 |
Ao rabo de um cavalo lá o levam a arrastar. |
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Numa campa rasa e triste já o deixam enterrado. |
20 |
Puseram-lhe à cabeceira um letreiro bem gravado |
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e quem passar que lhe diga: "aqui jaz o malfadado |
22 |
que morreu de mal d` amores que é um mal desesperado!" |
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--Mal hajas, ó cruel filha, mais ao leite que mamaste, |
24 |
a um conde tão formoso tu a morte lhe causaste. |
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--Cale-se aí, minha mãe, não me obrigue a mais falar, |
26 |
que a morte que ele teve não lha faça eu levar.-- |
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Nota del editor de RºPortTOM 2003: Reproduz-se a versão estabelecida por Garrett, no respectivo manuscrito autógrafo, e assinalam-se as variantes por ele fixadas a partir de versões oriundas de Coimbra (Co), Borda d` Água (V), Lisboa (L), Faial (Gf), versão recolhida por Gomes Monteiro a um seu criado faialense, Ponte de Lima (G), enviada também por Gomes Monteiro e Castelo Branco (B). Variante autógrafa de Garrett por ele inscrita na margem direita da página 43: -6 da caça. Variantes: -1a Já lá vem o sol abaixo (Co); Já lá vem o sol na serra (V). -3b nem na corte se sabia (Co). -4b a infanta sua filha (V). Entre -4 e -5 Se o sabes, minha filha, / não me queiras descobrir (V); Se o sabes, ó Bernarda, / tu me queiras encobrir // que o Conde de Alemanha (L); que o conde é rapaz novo (Co); de oiro te há-de vestir. // Não quero vestidos de ouro / pois os tenho de damasco // ainda tenho meu pai vivo / já me querem dar padrasto (L). Palavras não eram ditas / o pai à porta batia (Gf). -7 Deus venha co` senhor pai / e o traga na sua guia (Gf); Bem vindo seja meu pai / mais a sua bizarria (L). -7a Vinde embora (Co). -8b um conto à maravilha (Co). Entre -8 e -9 Conta, conta, minha filha, / que folguei de te ouvir (Co). 9 Estando eu no meu estrado / tirando seda amarela (Gf); Estando eu na minha cela / a dobar seda amarela (Co). -9b bordando ouro na tela. -10a Passa o Conde da Alemanha (Gf). -10b três fios me levou dela (G). -11 Cala-te daí, minha filha, / manda-me pôr de jantar (G). -12 que o Conde de Alemanha / é mancebo, quer brincar (G); porque o conde é menino / fá-lo-ia por brincar (V). -13a Arrenego de seu brincos (G); Maldito seja o tal conde (Gf). 13b de tal modo de brincar. -14a que pegou em mim nos braços (G). -14b na cama me quis deitar (Co). -15a Cala-te daí, minha filha (G). -15b manda-me por de jantar (G); manda chamar os criados (Co). -16a que o Conde de Alemanha (G); que daqui a uma hora (Co). -16b logo vai a degolar (G); o mandarei a matar (B); vai o conde a degolar (Co). Entre -18 e -19 Venha ver, ó minha mãe(Co); Venha cá, ó minha mãe (V). À janelinha do canto (Co); para a janela do meio (V). Venha ver o senhor conde (Co); ver o Conde d` Alemanha (V). Como lhe parece o branco (Co); enfeitado de vermelho (V). Venha ver, ó minha mãe (Co); venha cá, senhora mãe (V). À janelinha do poço (Co); à janela do quintal (V). Venha ver o senhor conde(Co); ver o Conde d`Alemanha (V). Com uma corda ao pescoço (Co); com vai a degolar (V). -23a Ó maldita, minha filha (Co); mal o hajas tu, princesa (G). -23b Foi o leite que mamaste (Co); mai` lo leite que mamaste (G). -25a Cale-se, ó minha mãe (Co). -25b Não me faça agoniar (B); não oiça meu pai na rua (Co). -26a Que a morte que o conde leva (B e Co); -27a Não lha faça eu apanhar (B); ainda pode ser a sua (Co).
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0095:71 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6808)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 152-153. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 850, pp. 70-71. © Fundação Calouste Gulbenkian. 052 hemist. Música registrada. |
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Já lá baixo vem a noite, vai-se a luz do claro dia, |
2 |
vem o Conde d` Alemanha a dormir com a rainha. |
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Ninguém o sabe na corte, ninguém na corte o sabia, |
4 |
sabe-o só Dona Joana, filha da mesma rainha. |
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--Bem podias, minha filha, ajudar-me a encobrir, |
6 |
o Conde é nobre e rico, d` ouro nos há-de vestir. |
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--Não quero vestidos d` ouro, que os tenho de damasco; |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me quereis dar padrasto. |
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As mangas desta camisa eu as não cheque a romper, |
10 |
se assim que meu pai vier, eu lho não for dizer.-- |
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Bem-vindo sejais, meu pai, e a vossa coroa real, |
12 |
tenho muito que vos dizer, muito mais que vos contar. |
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Veio o Conde d` Alemanha, comigo queria brincar. |
14 |
--Põe a mesa, minha filha, que são horas de cear, |
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o Conde é muito novo, isso era por brincar. |
16 |
--Mal o haja ele, o Conde, e tal modo de brincar, |
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pegou em mim em seus braços e à cama me foi levar. |
18 |
--Se isso é, ó minha filha, eu o mandarei matar. |
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--É tão certo, ó meu pai, como eu pôr-lhe de cear. |
20 |
--Amanhã por estas horas verá-lo a degolar.-- |
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--Venha cá, ó minha mãe, à janelinha do meio, |
22 |
se quer ver passar o Conde vestidinho de vermelho. |
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--Mal hajas tu, filha minha, fora o leite que mamaste, |
24 |
a morte que teve o Conde f oste tu quem lha causaste. |
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--Cal`-se lá, minha mãe, que a não ouçam na rua, |
26 |
a morte que leva o Conde bem podia ser a sua.-- |
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0095:72 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6809)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 153. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 851, pp. 71-72. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
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Já o sol dá nas vidraças, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o Conde d` Alemanha com a rainha dormia. |
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Não no sabia el-rei nem nas cortes se dizia, |
4 |
só o sabia a infanta, qu` ela era sua filha. |
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--As mangas deste vestido eu as não chegue a coser, |
6 |
em o papá vindo da missa, se lho eu não for dizer! |
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--Cala-te lá, minha filha, deixa o Conde adevertir, |
8 |
que o Conde é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
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--Não quero vestidos d` ouro, cá os tenho de amasco, |
10 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
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As mangas deste vestido, eu as não chegue a talhar, |
12 |
em o papá vindo da missa, se lho eu não for contar!-- |
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--Ande cá, ó meu paizinho, tenho muito que lhe contar. |
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
14 |
`stando eu no meu tear tecendo seda amarela, |
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veio o Conde da Alemanha, três fios me quebrou nela. |
16 |
--Cala-te lá, minha filha, manda-me pôr de jantar, |
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qu` ele o Conde é muito novo, gosta muito de brincar. |
18 |
--Mal o hajam nos seus brincos, que têm tão reles brincar! |
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Por um braço me pegou para à cama me levar. |
20 |
--Cala-te lá, minha filha, manda-me pôr de jantar, |
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qu` amanhã por estas horas já o mando degolar. |
22 |
--Ande cá, ó minha mãe, veja s` aqui pode chegar, |
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venha ver o condito, já o vão a degolar.-- |
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Nota de J. L. de Vasconcelos: -9b de damasco.
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0095:73 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6810)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 494-495. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 852, pp. 72-73. © Fundação Calouste Gulbenkian. 052 hemist. Música registrada. |
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Já dá o sol na vidraça, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o Conde d` Alemanha com a rainha dormia. |
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Ninguém em casa o sabia senão a Dona Juliana, |
4 |
senão a Dona Juliana, filha da mesma rainha. |
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--Bem podias, Juliana, minhas faltas encobrir, |
6 |
o Conde é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
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--Não quero vestidos d` ouro, pois os tenho de damasco; |
8 |
ainda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
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As mangas desta camisa não chegue eu a fazer, |
10 |
em meu pai vindo da missa se lho eu não for dizer.-- |
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As razões que eram ditas, o pai que à porta chegava. |
12 |
--Que razões sam cá estas, entre uma mãe e uma filha? |
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--Que razões hão-de ser, pai, por vergonha as não diria: |
14 |
o Conde d` Alemanha comigo brincar queria. |
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--Cal`-te, cal`-te, ó minha filha, busca horas de jantar, |
16 |
que o Conde é menino e moço, fá-lo-ia por brincar. |
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--Mal o haja o seu brincar, mais a sua brincaria, |
18 |
que me agarrou num braço, à cama me acometia. |
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--Cal`-te, cal`-te, minha filha, busca horas de cear, |
20 |
que antes dum quarto d` hora o Conde há-de ir a degolar.-- |
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--Mal o haja Juliana, mais o leite que mamou: |
22 |
o Conde que era tão bom, a morte que lhe causou. |
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--Cale-se, cale-se, ó minha mãe, não me faça arrenegar, |
24 |
a morte que o Conde leva não lha faça eu levar. |
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--Bem o haja Juliana, mais o leite que mamou, |
26 |
menina de sete anos dum pecado me livrou.-- |
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0095:74 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6811)
Versión de Portugal s. l. (Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 495. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 853, pp. 73. © Fundação Calouste Gulbenkian. 037 hemist. Música registrada. |
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Estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
2 |
vem o Conde d` Alemanha, três fios me tira dela. |
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Deixe vir meu pai . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
4 |
--Venha, senhor pai, ora venha, pela sua vinda estava espirando: |
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estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
6 |
vem o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
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--Cala-te, ó minha filha, que isso foi a brincar. |
8 |
--Mal o haja, ó meu pai, tais brinquedos a mangar! |
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Pegou-me pelo braço, na cama me quis deitar. |
10 |
--Cala-te já, ó minha filha, vem-me pôr de jantar, |
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que ao depois, por sobremesa, vai o Conde a degolar.-- |
12 |
--Venha ver, senhora mãe, pela janela do canto, |
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venha ver o senhor Conde, como lhe reluz o branco. |
14 |
Venha ver, senhora mãe, pela janela do meio, |
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venha ver o senhor Conde, como reluz o vermelho. |
16 |
--Mal o haja, ó minha filha, o leite que tu mamaste; |
|
a um Conde tão bonito a morte que lhe causaste! |
18 |
--Cale-se lá, ó minha mãe, que a não ouçam na rua, |
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que a morte que o Conde leva já esteve para ser sua.-- |
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0095:69 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6806)
[0101 No me entierren en sagrado, contam.]
Versión de S. Jorge s. l. (isla de S. Jorge, Açores, reg. Açores, Portugal).
Documentada en o antes de 1869. Publicada en Braga 1869, (y Braga 1982), 208211. Reeditada en Hardung 1887, I. 277279; Soares de Sousa 1902, 256259; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 2729 y Cortes-Rodrigues 1987, 427429; Carinhas 1995, II. 40-41RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 848, pp. 68-69. © Fundação Calouste Gulbenkian. 082 hemist. Música registrada. |
|
|
Já o sol dá na vidraça, ai Jesus! tão claro dia, |
2 |
ainda o Conde de Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia el-rei, nem quantos na corte havia, |
4 |
sabia-o Dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Senhora Dona Bernarda, bem nos podeis encobrir, |
6 |
que este Conde é muito rico, de ouro vos há-de vestir. |
|
--Não quero vestido de ouro, que eu o tenho de damasco, |
8 |
ainda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
Mangas da minha camisa, não as chegue eu a romper, |
10 |
se meu pai vier p`ra casa, se lho eu não for dizer.-- |
|
Estando com este verso, o pai à porta a bater: |
12 |
--Que tendes, Dona Bernarda, que tendes, ó filha minha? |
|
Conta-me das tuas mágoas, que eu contarei maravilhas. |
14 |
--Estando no meu tear, bordando ouro e tela, |
|
veio o Conde de Alemanha, dois fios me furtou dela. |
16 |
--Calai-vos, Dona Bernarda, andai p`r`à mesa jantar, |
|
que o Conde é pequenino, é menino, quer brincar. |
18 |
--Leve o diabo seus brincos, mais o seu lindo brincar, |
|
que me pegou pela mão, à cama me quis levar. |
20 |
--Calai-vos, Dona Bernarda, vinde p`ra mesa jantar, |
|
que o pajem de Alemanha, amanhã vai a matar. |
24 |
--Meu pai, se o mandar matar, não o enterre em sagrado, |
|
enterre-o em campo verde, onde se apastou o gado, |
26 |
com um letreiro na testa, um letreiro bem lavrado. |
|
Que o letreiro vi dizendo: «Já morreu o namorado.» |
28 |
Senhora Dona Maria andai, chegai à janela, |
|
vede o Conde de Alemanha, a companhia que leva! |
30 |
Ó minha mãe, vinde ver o Conde da bizarria, |
|
ele acolá vai morto, leva toda a fidalguia. |
32 |
Chegue-se, senhora mãe, chegue à janela do mar, |
|
ver o Conde de Alemanha , como vai a desbancar. |
34 |
Chegue-se, senhora mãe, chegue à vidraça do meio, |
|
ver o Conde de Alemanha, como lhe fica o vermelho. |
36 |
--Eira-má te leve, filha, mais o leite que mamaste! |
|
Era um Conde tão perfeito, a morte que lhe causaste. |
38 |
Oh que corpo tão pequeno, maldito te seja, filha, |
|
ó cadela, que mataste, minha leal companhia! |
40 |
--Calai-vos, senhora mãe, calai-vos por cortesia, |
|
se o senhor pai tal soubera, outro tanto lhe faria.-- |
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0095:70 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6807)
Versión de Praia da Vitória (c. Praia da Vitória, isla de Ilha Terceira, Açores, reg. Açores, Portugal).
publicada en Lima 8 de junio 1935, 2829; Carinhas 1995, II. 41. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 849, p. 70. © Fundação Calouste Gulbenkian. 053 hemist. Música registrada. |
|
|
Já o sol dá na vidraça, desponta o claro dia, |
2 |
e o Conde da Alemanha, com a rainha dormia. |
|
Não o sabia o rei, nem quantos na corte havia; |
4 |
sabia-o Dona Paulina, filha da mesma rainha. |
|
--Queira Deus, Dona Paulina, que me saibas encobrir, |
6 |
que o Conde da Alemanha de seda te quer vestir. |
|
--Não me importa a sua seda, nem tão pouco o seu damasco, |
8 |
ainda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas da minha camisa, não as chegue a romper, |
10 |
se quando o meu pai vier, não lhe for a dizer.-- |
|
A menina nestas práticas, o pai à porta a bater: |
12 |
--Que tendes, Dona Paulina, que tendes, ó filha minha? |
|
--Estando na minha cela, dobando seda amarela, |
14 |
vem o Conde da Alemanha, três fios me quebrou dela. |
|
--Cala-te, Dona Paulina, [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
16 |
cala-te, filha minha, não te estejas a zangar, |
|
que o Conde é menino, o faria por brincar. |
18 |
--Arrenego dos seus brincos, do seu tão negro brincar, |
|
pegou-me pela mão e à cama me quis levar. |
20 |
--Se isso é verdade, eu o quero mandar matar, |
|
e ao rabo dos meus cavalos, o mandarei arrastar.-- |
22 |
--Vinde ver, senhora mãe, vinde, vinde, com cortesia, |
|
ver o Conde de Alemanha, entre tanta fidalguia. |
24 |
--Arrenego de ti, filha, mais o leite que mamaste, |
|
a flor dum homem tão lindo, a morte que the causaste. |
26 |
--Cale-se, senhora mãe, cale-se em cortesia, |
|
que a morte que lhe causei, não a cause também a si.-- |
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0095:61 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6798)
Versión de Lagos (c. Lagos, dist. Faro, Algarve, Portugal).
Documentada en o antes de 1900. Publicada en Nunes 1900-1901, 168-169. Reeditada en Athaide Oliveira 1905, (y Athaide Oliveira 1987?) 386-387; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 14-15; Anastácio 1985, 216 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 840, pp. 59-60. © Fundação Calouste Gulbenkian. 049 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá vem o claro sol, já lá vem o claro dia |
2 |
e o Conde de Lamanha com a rainha dormia. |
|
--Ninguém no palácio o sabe, ninguém no palácio o sabia, |
4 |
sabia-o só a vossa filha, infanta dona Maria. |
|
--Ó filha, se vós sabeis, bem me podes encobrir |
6 |
que o conde é muito rico d` oiro vos há-de vestir. |
|
--Eu não vos quero o seu oiro, nem tão-pouco o seu damasco, |
8 |
que `inda tenho o meu pai vivo já me querem dar padrasto. |
|
As mangas do meu vestido não nas chegue eu a romper, |
10 |
que em meu pai vindo da corte tudo lhe hei-de dizer. |
|
As mangas do meu roupão não nas chegue eu a rasgar, |
12 |
que em meu pai vindo da corte tudo lhe hei-de contar.-- |
|
Nestas razões que estavam o seu pai que chegava. |
14 |
--O que é isto senhores? --É uma mãe c` uma filha. |
|
--É o conde, ó meu pai, que comigo quer zombar. |
16 |
--Deixa-te lá, minha filha, [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
|
que o conde é zombador, contigo gosta de zombar. |
18 |
--Não gosto do seu zombar, nem tão pouco de zombaria, |
|
se eu fosse p`lo seu zombar não era infanta Dona Maria. |
20 |
--Filha, se isso assim é, dá cá um copo d` água, |
|
antes do sol raiar vai o conde a degolar.-- |
22 |
--Maldição te deito eu, filha, pelo leite que mamaste, |
|
que uma morte tão tirana tu mesma a casuaste! |
24 |
--Cale-se lá, minha mãe, não vos oiça aqui ninguém, |
|
que a morte que o conde teve não na tinhais vós também.-- |
| |
Variantes de Oliveira (1905): -2a de Alemanha; 5a omite ó; de oiro te; -7a lhes; -8a porque; 10b hei-de eu; -13a em que; 13b que ali; -14a senhora; 14b uma filha; 18b de; 19b omite infanta; -20a se isso é assim; -21a que antes; 22a omite eu; -23b mesmo tu a; -24b nos.
Nota: RGP II 1907 (reed. facs. 1985) edita parcialmente esta versão.
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0095:62 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6799)
Versión de Loulé s. l. (dist. Faro, Algarve, Portugal).
Documentada en o antes de 1905. Publicada en Athaide Oliveira 1905, (reed. 198?), 93-95. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985), 14-16; Anastácio 1985, 217 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 841, pp. 60-61. © Fundação Calouste Gulbenkian. 068 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem a luz da aurora, já lá vem o claro dia, |
2 |
`inda o Conde da Alemanha com a rainha dormia. |
|
Sabia-o a Dona Infanta, filha da mesma rainha. |
4 |
--Cala-te lá, minha filha, não nos queiras descobrir |
|
que o conde é muito rico de curo te ha-de vestir. |
6 |
--Não quero vestidos de ouro nem de seda ou de damasco |
|
que eu tenho ainda pai vivo não me queiram dar padrasto; |
8 |
as mangas desta camisa não as chegue eu a romper, |
|
se meu pai, quando chegar, tudo lhe não for dizer.-- |
10 |
Estando nestas razões seu pai à porta chegava. |
|
--O que é isso, ó filha minha, por que estás tão enfadada? |
12 |
--Estava eu no meu tear tecendo seda amarela, |
|
vem o conde da Alemanha e três fios me tirou dela. |
14 |
--Deixa lá, ó minha filha, que ele é novo e quer brincar. |
|
--Mui mal haja esse seu rir e também o seu brincar, |
16 |
ele me pegou pela mão à cama me quis levar. |
|
--Cala-te lá,. ó minha filha, vamos ao nosso jantar, |
18 |
quando derem duas horas eu o mandarei matar.-- |
|
--Venha cá, ó minha mãe, venha à janela terceira, |
20 |
ver o Conde da Alemanha que lá vai na dianteira. |
|
Venha cá, ó minha mãe, venha à janela do canto, |
22 |
ver o Conde da Alemanha todo vestido de branco. |
|
Venha cá, ó minha mãe, à janelinha do poço, |
24 |
ver o Conde da Alemanha com uma corda ao pescoço. |
|
Venha cá, ó minha mãe, à janelinha do meio, |
26 |
ver o Conde da Alemanha, parece um cravo vermelho. |
|
Venha, venha, minha mãe, à janela do quintal, |
28 |
ver o conde da Alemanha que já se vai enforcar. |
|
--Mui maldita sejas filha, mais o leite que mamaste, |
30 |
a um Conde tão bonito a morte que lhe causaste. |
|
--Cale-se lá, minha mãe, não me faça arrenegar |
32 |
que a morte que o Conde leva não lha f aça eu levar. |
|
--Mui bendita sejas filha, mais o leite que mamaste, |
34 |
és menina de quinze anos e da morte a mãe livraste.-- |
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0095:63 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6800)
Versión de Monchique (c. Monchique, dist. Faro, Algarve, Portugal).
Recitada por una mujer. Recogida 01/08/1917 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 151-152. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 842, pp. 61-62. © Fundação Calouste Gulbenkian. 049 hemist. Música registrada. |
|
|
--As mangas do meu vestido eu não as chegue a romper, |
2 |
s` adonde meu pai vindo da missa eu lho não for logo dizer. |
|
As mangas do meu roupão eu não nas chegue a estragar, |
4 |
s` adonde mê pai vindo da missa, eu não lho for a contar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
6 |
que o conde é muito rico, de seda te há-de vestir. |
|
--Eu não quero a sua seda que já cá tenho o meu damasco; |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto!-- |
|
As razões que eram ditas, o pai que chegava. |
10 |
--Que razões são essas, que vai a mãe com a filha? |
|
--Venha cá, ó meu pai, espelho donde m` eu via, |
12 |
tenho um conto a lhe contar, um conto às sete maravilhas! |
|
Veio cá o conde Lamanha, comigo brincar queria. |
14 |
--Vai-me prantar o jantar, ó filha Dona Maria, |
|
que o conde é zombador, contigo zombar qu`reria! |
16 |
--Mal o haia o seu zombar, mais a sua zombaria! |
|
Se lh` eu desse confiança, p`r`à cama me levaria! |
18 |
--Vai-me prantar o jantar, ó filha Dona Maria, |
|
que o conde vai a morrer antes duma ave-maria.-- |
20 |
--Eu te amaldiçoo, filha, pelo leite que mamaste, |
|
que a um conde tão bom a morte causaste! |
22 |
--Cal`-se lá, minha mãe, não me faça vós falar, |
|
se a morte que o conde leva não a queira vós levar. |
24 |
--Eu t` abendiçoo, filha, pelo leite que mamaste, |
|
sendo tu tão pequenina, tua mãe da morte livraste!-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos a seguinte didascália: antes de 1 Uma mãe brincava com um homem de fora, e afilha, que viu, disse.
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0095:64 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6801)
Versión de Faro s. l. (dist. Faro, Algarve, Portugal).
Documentada en o antes de 1900. Publicada en Nunes 1900-1901, 169-170. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 843, pp. 62-63. © Fundação Calouste Gulbenkian. 041 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem o sol nascendo, já lá vem o claro dia |
2 |
e o Conde de Lamanha com a rainha dormia. |
|
Ninguém na corte o sabia senão a princesa sua filha. |
4 |
--Ó filha, se tu o sabes, tu me queiras encobrir, |
|
que o Conde é muito rico d` oiro vos ha-de vestir. |
6 |
--Eu não quero o seu oiro, que cá tenho meu damasco; |
|
`inda tenho o meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
8 |
Pelas mangas da camisa, pelas mangas do meu jibão, |
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . não nas chegue eu a `stragar, |
10 |
qu` em vindo meu pai da missa, logo lhe vou contar.-- |
|
--Que razões são essas entre a mãe e a filha? |
12 |
--É o Conde de Lamanha comigo zombar queria. |
|
--Ó filha, deixe o Conde, que ele é muito zombador. |
14 |
--Mal haja o seu zombar, mais a sua zombaria; |
|
pegou-me pela mão p`r`à cama levar-me qu`ria. |
16 |
--Ó filha, se isso é assim, eu o mandarei matar.-- |
|
Vindo a volta da tarde, o Conde que vai a enforcar. |
18 |
--Eu te amaldiçoo, filha, pelo leite que mamaste; |
|
a um Conde tão bonito, a morte lhe casuaste. |
20 |
--Cale-se, ó minha mãe, queira-se vós calar, |
|
que a morte que o Conde teve não na queira vós levar.-- |
| |
Nota: A fixação foi feita pelas notas de Nunes que esclarecem as intervenções por ele efectuadas para o estabelecimento do texto.
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0095:55 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6792)
Versión de Elvas (c. Elvas, dist. Portalegre, Alto Alentejo, Portugal).
Documentada en o antes de 1885. Publicada en Pires 1885e, IX; Pires 1900-1901b, 99-100; Pires 1899-1902, 91; Pires 1920, 50-51 y Pires 1986, 68-69. Reeditada en Caratão Soromenho 1963, 55 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 834, pp. 53-54. © Fundação Calouste Gulbenkian. 050 hemist. Música registrada. |
|
|
Já bate o sol na vidraça, já lá vem o claro dia, |
2 |
é o príncipe da Alemanha que com a rainha dormia. |
|
Ninguém do palácio o sabe [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
4 |
senão Dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Tu que o sabes, ó Bernarda, não me queiras descobrir, |
6 |
que o príncipe é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
|
--Que se me dá do seu ouro, mais também do seu damasco, |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
Deixe vir meu pai da missa que eu lho irei a dizer.-- |
10 |
Palavras não eram ditas, o rei à porta a bater. |
|
--Que tendes, Dona Bernarda, que assim estais agoniada? |
12 |
--Que hei-de ter, ó meu pai! [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
|
Estando no meu tear fiando ouro e tela, |
14 |
veio o príncipe da Alemanha, dois fios me quebrou dela. |
|
--Cala-te, Dona Bernarda, que ele é rapaz, quer brincar. |
16 |
--Mal o haja a sua brinca, mais também o seu brincar |
|
que me pegou pela mão e à cama me quis levar. |
18 |
--Cala-te, Dona Bernarda, que o verás ir degolar.-- |
|
--Mal o hajas tu, Bernarda, mais o leite que mamaste, |
20 |
sendo o príncipe tão bonito a morte que lhe causaste. |
|
--Cale-se, senhora mãe, não me faça aleivosia, |
22 |
que a morte que o príncipe leva vossa alteza é que a merecia. |
|
--Mal o hajas tu, Bernarda, mais o leite que mamaste, |
24 |
sendo o príncipe tão bonito a morte que lhe causaste. |
|
--Cale-se, senhora mãe, não me faça arrenegar |
26 |
que a morte que o príncipe leva `inda vós a havereis de levar.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Editamos Soromenho (1963). Variantes: -9b omite a (1885e e 1900-1901b); -16a omite o (1920); -22b omite a (1900-1901b); -23b mamastes (1885e e 1900-1901b) e -26b haveis (1900-1901b).
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0095:56 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6793)
Versión de Elvas (c. Elvas, dist. Portalegre, Alto Alentejo, Portugal).
Recogida por José Joaquim Ferreira, publicada en Pires 1885g, XIV; Pires 1900-1901b, 108-109; Pires 1899-1902, (reed. 1982) 91; Pires 1920, 52-54 y Pires 1986, 69-70. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 10-11 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 835, pp. 54-55. © Fundação Calouste Gulbenkian. 065 hemist. Música registrada. |
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Já bate o sol na vidraça, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o conde da Alemanha com a rainha dormia. |
|
Nem criados nem criadas, ninguém na corte o sabia; |
4 |
sabe-o Dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Tu que o sabes, ó Bernarda, não me queiras descobrir, |
6 |
que o conde é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero seu vestido d` ouro, que eu tenho os meus de damasco, |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As manguinhas da camisa eu não as chegue a romper, |
10 |
se em meu pai vindo da missa eu não lhe for a dizer.-- |
|
Palavras não eram ditas, o rei à porta a bater. |
12 |
--Deus vos salve, senhor meu pai, boa seja a vossa vinda, |
|
que se deu aqui um caso, um caso que maravilha. |
14 |
--Que tendes, Dona Bernarda, que assim estais agoniada? |
|
--Que hei-de ter, ó meu pai! [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
16 |
Estando no meu tear, fiando ouro e tela, |
|
veio o conde da Alemanha, dois fios me quebrou dela. |
18 |
--Cala-te, Dona Bernarda, ninguém tal te ouça falar, |
|
que o conde é muito novo, fá-lo-ia por brincar. |
20 |
--Mal o haja a sua brinca mais também o seu brincar, |
|
que me pegou pela mão e à cama me quis levar. |
22 |
--Cala-te, Dona Bernarda, ninguém tal te oiça dizer, |
|
que antes do sol se pôr, o conde há-de padecer.-- |
24 |
--Oh, que enterro é aquele? Quem vai além a enterrar? |
|
--É o conde da Alemanha que meu pai mandou matar. |
26 |
--Mal o hajas tu, Bernarda, mais o leite que mamaste, |
|
sendo o conde tão bonito, a morte que lhe causaste. |
28 |
--Cale-se, senhora mãe, não me faça aleivosia, |
|
que a morte que o Conde leva Vossa Alteza é que a merecia. |
30 |
--Mal o hajas tu, Bernarda, mais o leite que mamaste, |
|
sendo o conde tão bonito a morte que lhe causaste. |
32 |
--Cale-se, senhora mãe, não me faça arrenegar, |
|
que a morte que o Conde leva `inda vós a havereis levar.-- |
| |
Editamos Pires (1901)/Pires (1982) Variantes: -6a, -27a, -29a, -31a, -33a príncipe (1885g e 1900-1901b); -9b as não chega (1920); -l0b lho (1885g e 1900-1901b); -l2a Deus nos salve senhor pai (1885g e 1900-1901b); -l3a sucedeu aqui (1885g e 1900-1901b); -25b que o meu (1920); -33b omite de (Pires 1899-1902, [reed. 1982] e 1920).
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0095:57 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6794)
Versión de Elvas (c. Elvas, dist. Portalegre, Alto Alentejo, Portugal).
Recogida por Manuel Coimbra, publicada en Pires 1885k, XXX; Pires 1900-1901b, 136 y 172-173; Pires 1899-1902, 91-92; Pires 1920, 55-57 y Pires 1986, 70-71. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 12-13 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 836, pp. 56-57. © Fundação Calouste Gulbenkian. 064 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá vem o claro sol, o claro luzeiro do dia, |
2 |
e o conde d` Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia o rei, nem quantos na corte havia; |
4 |
sabia-o só Juliana, filha da mesma rainha. |
|
--O que te peço, Juliana, não me queiras descobrir, |
6 |
que o conde da Alemanha d` ouro e prata te há-de vestir. |
|
--Eu dou o seu ouro ao demo, também dou os seus damascos, |
8 |
pois se tenho meu pai vivo, para que quero eu padrasto? |
|
As manguinhas da camisa não as chegue eu a romper, |
10 |
quando meu pai vier da missa eu lhe hei-de ir a dizer.-- |
|
Palavras não eram ditas, o pai que à porta chegava. |
12 |
--O que é isso, ó Juliana, que estás tão apaixonada? |
|
--Estando eu no meu tear, tecendo ouro e tela, |
14 |
veio o conde da Alemanha, três fios me quebrou dela. |
|
--Deixa-te disso, Juliana, que isso seria brincar, |
16 |
tu és nova, ele é novo, isso seria zombar. |
|
--Eu não gosto de tal brinca, nem de tal zombaria, |
18 |
porém o conde me levou à cama onde eu dormia. |
|
--Cavaleiro que tal faz merece ir a enforcar. |
20 |
--P`ra maior vingança minha, mande-o meu pai degolar.-- |
|
--Oh! que sinos são aqueles que eu oiço aqui a dobrar? |
22 |
--É o Conde da Alemanha que já lá vai enterrar. |
|
--Mal o haja, Juliana, mais o leite que a alimentou, |
24 |
a morte dum tão bom Conde Juliana é que a causou. |
|
--Cale-se, ó minha mãe, cale-se com cortesia, |
26 |
que a morte que o conde leva vossa mercê é que a merecia. |
|
--Mal o haja minha filha, mais o leite que mamou, |
28 |
que a separação de mim e do Conde Juliana é que a causou. |
|
--Cale-se, ó minha mãe, cale-se por seu bel` estar, |
30 |
que a morte que o conde levou não lha faça eu levar. |
|
--Oh! que razões são essas entre a mãe e entre a filha? |
32 |
--Quebrou-se-me um fio d` oiro, end`reitá-lo não podia.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Editamos Pires 1899-1902, (reed. 1982). Variantes: -1b luzente (1920); -8a o meu (1885k e 1900-1901b); -10b omite a (1885k e 1900-1901b); -18a porque (1885k e 1900-1901b); -21b omite aqui (1885k e 1900-1901b); -32a quebrou-se (1920). Nota: -28 verso que no conforma al metro romancístico.
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0095:58 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6795)
Versión de Elvas (c. Elvas, dist. Portalegre, Alto Alentejo, Portugal).
Documentada en o antes de 1900. Publicada en Pires 1900-1901b, 86-87; Pires 1899-1902, (reed. 1982) 92; Pires 1920, 58-59 y Pires 1986, 71-72. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 837, p. 57. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
|
|
Já bate o sol na vidraça, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o conde da Alemanha com a princesa dormia. |
|
Nem criados nem criadas, ninguém na corte o sabia; |
4 |
sabia-o Dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Tu que o sabes, ó Bernarda, não no queiras descobrir, |
6 |
que o conde é muito rico, d` ouro fino te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos d` ouro que tenho os meus de damasco |
8 |
`inda tenho meu pai vivo já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa eu não as chegue a romper |
10 |
se em meu pai vindo da missa, eu lho não for já dizer.-- |
|
Palavras não eram ditas e o pai à porta batia. |
12 |
--Venha cá, oiça, ó meu pai, um caso de maravilha: |
|
estando eu no meu tear, a bordar a ouro em tela, |
14 |
veio o conde da Alemanha, três fios me roubou dela. |
|
--Deixa-o lá, ó minha filha, que é menino, quer brincar. |
16 |
--Mal o haja a sua brinca, mais o seu tanto brincar, |
|
agarrou em mim em braços e à cama me quis levar. |
18 |
--Alto, alto, minha filha, que eu o mandarei matar, |
|
debaixo de meus palácios há-de vir a enterrar.-- |
20 |
--Mal o hajas tu, Bernarda, mais o leite que mamaste |
|
era o conde tão bonito e a morte que lhe causaste. |
22 |
--Cale-se aí, ó minha mãe, cale-se com cortesia, |
|
que a morte que o conde leva vossa alteza é que a merecia.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Editamos Pires 1899-1902 (reed. 1982). Variante: 7b damascos (sic) (1900-1901a).
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0095:59 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6796)
Versión de Alandroal (c. Alandroal, dist. Évora, Alto Alentejo, Portugal).
Recitada por una señora de edad analfabeta. Recogida 00/00/1891 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 150-151. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 838, p. 58. © Fundação Calouste Gulbenkian. 064 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá vem no sol nascendo, já lá vem no claro dia, |
2 |
e o Conde d` Alamanha que co` a rainha dormia. |
|
Ninguém na corte sabia, nem quantos na corte havia, |
4 |
senão Dona Juliana, filha da mesma rainha. |
|
--Tu que sabes, filha minha, quêras-me tu encobrir, |
6 |
que o Conde d` Alamanha di oiro t` há-de vestir. |
|
--Ê na quero vestidos d` oiro, que `inda os tenho de damasco; |
8 |
que `inda tenho mê pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
Mangas da minha camisa ê na nas chegue a romper, |
10 |
qu` em vindo mê pai da missa, já lo hê-de ir dizer.-- |
|
--Qui vozes hai em palácio entri a mãe e mais a filha? |
12 |
--Vinde, vinde, ó mê paizinho, boa sej` a sua vinda! |
|
Quero contar uma farsi, uma farsi à maravílha: |
14 |
`tando ê no mê quarto, bordando oiro e tela, |
|
veio o Conde d` Alamanha, um fio me tirou dela. |
16 |
--Pôs cala-t` ó minha filha, manda vazar o jantar, |
|
qu` o Conde, como criênça, contigo qu`ria brincar! |
18 |
--Arrenego dos sês brincos, mais de sua brincaria! |
|
Agarrou-me pela mão e à cama me luvaria, |
20 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .]qu` isso era o que o Conde qu`ria. |
|
--Pôs cala-t` ó minha filha, manda vazar o jantar, |
22 |
qu` antes das três da tarde, ele há-d` ir a inforcar, |
|
`ó rabo do mê cavalo para mais penas dêxar!-- |
24 |
`Ind` às três não erom dadas, já el` i` a intarrar. |
|
--Que toques há em palácio? É de pessoal real! |
26 |
--`Some `i, ó minha mãe, àquela janela do cabo, |
|
se quer ver o Conde d` Alamanha se vai bem amortalhado. |
28 |
--Mal o haja Juliana, mais o lête que mamou, |
|
um Conde c`ma rosa, el` a morte le cuasô! |
30 |
--Cal`-s` ó minha mãe, não me faça infadar, |
|
que a morte que lev`ó Conde não la faça ele luvar! |
32 |
Qu` ê` o mê rosto sujei p`r`ó seu ir a alimpar!-- |
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0095:60 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6797)
Versión de Castro Verde (c. Castro Verde, dist. Beja, Baixo Alentejo, Portugal).
Recogida 00/00/1917 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 493-494. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 839, p. 59. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
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|
Já o sol dá nas vidraças, a rainha, que se erguia, |
2 |
tinha dormido com o Conde e el-rei não o sabia. |
|
--Eu te peço, ó minha filha, que me queiras encobrir; |
4 |
vindo o Conde de Lamanha, de ouro te há-de vestir. |
|
--Eu não preciso do seu ouro, que eu também tenho damasco. |
6 |
Ainda o meu pai é vivo, já me querem dar padrasto. |
|
Estas manguinhas de seda que as eu não for a fazer, |
8 |
s` em o meu pai vir da missa que lhe eu não for a dizer.-- |
|
As palavras não eram ditas, o rei as escadas subia. |
10 |
--Venha daí, ó meu pai, tenho maravilha a contar. |
|
Estando eu no meu tear, tecendo ouro e vitela, |
12 |
veio o Conde de Lamanha, três fios me tirou dela. |
|
--Deixa lá, Dona Bernarda, que isso é tudo por mangar. |
14 |
--Mal vai ao seu mangar, mais a sua zombaria: |
|
até na mão me pegou, p`r`à cama me levar qu`ria. |
16 |
--Conta lá, Dona Bernarda, torna-me lá a contar, |
|
se isso tudo for assim, o conde se vai degolar.-- |
18 |
Estando a mãe mais a filha debaixo dum laranjal: |
|
--Eu te arrenego, ó minha filha, pelo leite que mamaste; |
20 |
menina, ao Conde tão novo, já a morte lhe causaste. |
|
--Cale-se aí, ó minha mãe, não me faça arrenegar, |
22 |
que a morte que o Conde leva não a faça a vós levar. |
|
--Eu te abendeçou, minha filha, pelo leite que mamaste, |
24 |
uma menina tão nova, já da morte me livraste.-- |
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0095:34 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6771)
Versión de Nave de Haver (c. Almeida, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1957. Publicada en Reinas 1957, 425. Reeditada en Galhoz 1987-1988, 293 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 813, pp. 36-37. © Fundação Calouste Gulbenkian. 020 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá vanh` a bal` aurora já lá vanh` o balo dia |
2 |
já lá vanh` o dom condi cum canh` a rainha drumia |
|
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] mas ninganh` o sabia; |
4 |
sabi` ó Juliata Juliata su filha. |
|
--Cal`-te lá `nha filha bainh mo podes incobrir |
6 |
que dom condi à muto rico de seda ti ha-de vistir. |
|
--E nu cáro vistidos de seda qui os tênho di `amasco |
8 |
`inda tênho mê pai vivo já me qu`rias dar padrasto. |
|
--Ó maldita sarás tu filha mais o leiti que mamaste, |
10 |
só `inda tanhes quinzi anos já a morti me causaste.-- |
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0095:35 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6772)
Versión de Rapa (c. Celorico da Beira, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1911. Publicada en Furtado de Mendonça 1911, 1-2. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 814, pp. 37-38. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
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|
Já o sol dá no castelo, já lá vem o claro dia, |
2 |
ele o Conde d`Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia el-rei, nem quantos na corte havia; |
4 |
sabia-o Dona Infanta, Dona Infanta, sua filha. |
|
--Se o sabes, minha filha, não me queiras descobrir, |
6 |
que o Conde é muito rico, de oiro te há-de vestir. |
|
--Não quero seus fatos d` oiro, também os tenho de damasco; |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
As mangas desta camisa eu as não cheguem a romper, |
10 |
se em meu pai vindo da missa, eu lho não for dizer! |
|
--Venha com Deus, ó meu pai, mais a sua bizarria! |
12 |
Ele o conde d` Alemanha comigo brincar queria. |
|
--Isso é de ser rapaz, seria por zombaria. |
14 |
--Malo haja o seu zombar, mais a sua zombaria, |
|
qu` ele pegou-me pela mão, à cama levar-me queria! |
16 |
--Deixa tu dar as três horas, manda-me pôr de jantar; |
|
deixa tu bater as quatro, vê-lo-ás ir a degolar.-- |
18 |
--Venha ver, ó minha mãe, venha ver a fidalguia, |
|
com a cabeça num prato e o sangue numa bacia. |
20 |
--Mal o hajas, minha filha, mais o leite que mamaste! |
|
A uma cara tão linda que morte lhe tu causaste! |
22 |
--Cale-se lá, minha mãe, não a faça eu calar: |
|
a morte que teve o Conde não lha faça eu levar, |
24 |
que a minha cara sujei para a sua lhe limpar.-- |
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0095:36 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6773)
Versión de Pinhel (c. Pinhel, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1908. Publicada en Monteiro do Amaral 1908, 102-103. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 815, p. 38. © Fundação Calouste Gulbenkian. 038 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá vem o sol nascendo, já lá vem o claro dia, |
2 |
vem o Conde d` Amarantes de dormir co` a rainha. |
|
Não o sabia el-rei nem quantos na corte havia, |
4 |
só o sabia a princesa, a princesa sua filha. |
|
--As mangas desta camisa eu as não chegue a romper, |
6 |
em meu pai vindo da missa quem lho não há-de dizer. |
|
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] --Não lho digas, minha filha, |
8 |
ele o Conde d` Amarantes de oiro te vestiria. |
|
--Não lhe quero o seu oiro, que os tenho de escumilha. |
10 |
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] --Não lho digas, minha filha, |
|
que ele o Conde d` Amarantes de oiro te vestirá. |
12 |
--Não lhe quero o seu oiro, que os tenho de damasco, |
|
ainda meu pai é vivo, já me querem dar padrasto! |
14 |
Venha embora, meu pai, santa seja a sua vinda; |
|
ele o Conde de Amarantes, ele comigo brincar queria. |
16 |
--Ele é menino e moço, por zombaria o faria.-- |
|
--Mal hajas tu, minha filha, e o leite que mamastes; |
18 |
àquela cara tão linda a morte tu lha causastes. |
|
--Cale-se lá, minha mãe, olhe se se quer calar; |
20 |
a morte qu` ele levou não lha faça eu levar.-- |
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0095:37 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6774)
Versión de Lajeosa (c. Sabugal, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Recitada por una joven. Recogida 00/00/1929 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 145-146. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 816, pp. 38-39. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
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Já dá o sol no castelo, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o Conde de Alemanha co` a rainha dormia. |
|
`Inda o não sabia o rei nem quanto cordal havia, |
4 |
sabia-o a bela infanta, porque era sua filha. |
|
--Se o sabes, minha filha, bem o podes encobrir, |
6 |
que o conde é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestido de ouro, cá os tenho de damasco; |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa não as chegue eu a fazer, |
10 |
deixe vir meu pai da missa, logo lho hei-de dizer.-- |
|
--Bons dias, ó meu pai, bons dias lhe venho dar, |
12 |
o Conde de Alemanha comigo queria brincar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, não é por velhacaria. |
14 |
--Agarrou-me pelo braço, à cama me levar queria. |
|
--Anda cá, ó minha filha, vem ver a fidalgaria: |
16 |
a cabeça num prato, o sangue numa bacia. |
|
--Mal hajas tu, minha filha, mais o leite que mamaste! |
18 |
Sendo o Conde tão bonito tu a morte lhe causaste! |
|
--Cale-se lá, ó minha mãe, que não na ouçam na rua, |
20 |
a morte que foi do Conde era para ser sua!-- |
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Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: entre -14 e -15 O pai matou o conde; entre -16 e -17 Diz a mãe.
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0095:38 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6775)
Versión de Lajeosa (c. Sabugal, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 146-147. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 817, pp. 39-40. © Fundação Calouste Gulbenkian. 061 hemist. Música registrada. |
|
|
Já o sol dá nas vidraças, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o Conde da Alemanha com a rainha dormia. |
|
`Inda ninguém o sabia, nem nas cortes se dizia, |
4 |
só o sabia a princesa, ela era a sua filha. |
|
--As mangas deste vestido eu não chegue a fazer, |
6 |
deixe vir meu pai da missa, se eu lho não for dizer. |
|
--Cala-te lá, minha filha, manda-me dar de jantar. |
8 |
--São os rastos dos meus sapatos que se não querem calar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, não me hajas descobrir, |
10 |
que o Conde é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos d` ouro, cá os tenho de damasco; |
12 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto.-- |
|
--Estando eu no meu tear tecendo seda amarela, |
14 |
veio o Conde da Alemanha, três fios me quebrou nela. |
|
--Ele é um rapaz novo, é novinho, quer brincar. |
16 |
--Não me agradam os seus brincos nem o seu belo brincar, |
|
ele me agarrou por um braço, à cama me quis levar. |
18 |
--Cala-te lá, ó minha filha, [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
|
que amanhã por estas horas já o mando degolar.-- |
20 |
--Vá depressa, minha mãe, chegue à janela do meio, |
|
vá ver o seu condinho, que vai num belo asseio. |
22 |
Vá depressa, ó minha mãe, chegue à janela do fundo, |
|
vá ver o seu condinho, que vai para o outro mundo. |
24 |
--Mal hajas tu, minha filha, mais o leite que mamaste, |
|
sendo o Conde tão bonito, tu a morte lhe causaste. |
26 |
--Cale-se lá, ó minha mãe, não me faca arreliar, |
|
a morte que o conde levou, não a vá também levar. |
28 |
Cale-se lá, ó minha mãe, que não nos sintam na rua, |
|
eu sujei a minha cara para lhe lavar a sua! |
30 |
--Bem hajas, ó minha filha, mais o leite que mamaste, |
|
menina de onze anos, tu da morte me livraste.-- |
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0095:39 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6776)
Versión de Trancoso (c. Trancoso, dist. Guarda, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1960. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, II. 493. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 818, pp. 40-41. © Fundação Calouste Gulbenkian. 043 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá baixo vem o sol, já dá em palácio de el-rei, |
2 |
mas a rainha com Dom Carlos dormia, mas el-rei que não sabia; |
|
só o sabia a sua infanta [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
4 |
--Infanta, tu se o sabes, bem o podes encobrir, |
|
Dom Carlos é muito rico, de ouro te pode vestir. |
6 |
--Não quero vestidos d` ouro, que os tenho de damasco; |
|
tenho o meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
8 |
A manga do meu vestido eu já a não chegue a romper, |
|
em vindo o papá da missa se lho eu não for dizer.-- |
10 |
--Venha cá, ó papazinho, temos muito que falar, |
|
Dom Carlos d` Além-Mar comigo queria brincar. |
12 |
--Cala-te lá, minha filha, que isso foi brincadeira. |
|
--Rai`s parta tais brincos, mais quem deles gostar, |
14 |
ele na mão me agarrou para à cama me levar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, manda-me pôr de jantar, |
16 |
que amanhã por estas horas tu o vais ver degolar.-- |
|
--Venha cá, ó mamãzínha, pela porta do quintal. |
18 |
Venha ver o Dom Carlos, já o estão a degolar. |
|
--Infanta, maldita infanta, fora o leite que mamastes! |
20 |
Que era um rapaz tão bonito e tu a morte lhe causastes! |
|
--Cale-se lá, minha mãe, que a não ouçam na rua, |
22 |
eu sujei a minha cara para lhe limpar a sua.-- |
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0095:40 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6777)
Versión de Cinfães (c. Cinfães, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 142. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 819, pp. 41-42. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
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|
Já bate o sol no Tejo, lá vem o claro dia, |
2 |
Levantou-se o Conde d` Alemanha que co` a rainha dormia. |
|
Nem el-rei o sabia, nem quantos na corte havia, |
4 |
sabia-o Dona Bernarda, que era sua própria filha. |
|
--Se o sabes, ó Bernarda, não me queiras descobrir, |
6 |
que o conde é muito brioso, d` oiro te pode vestir. |
|
--Não quero vestidos d` oiro que os trago de damasco; |
8 |
`inda tenho pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa eu as não chegue a romper, |
10 |
s` assim que vier meu pai eu não lho for dizer.-- |
|
--Venha, venha, meu pai, venha, dou a Deus a sua vinda. |
12 |
Estando eu no meu quarto dobando seda amarela, |
|
veio o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
14 |
--`Scuita, `scuita, minha filha, qu` isso era a brincar. |
|
--Valha aos diabos tais brincos, mais quem os desejar, |
16 |
pegou em mim nos braços, p`r`à cama me quis levar. |
|
--`Scuita, `scuita, minha filha manda-me pôr de jantar, |
18 |
que amanhã por estas horas o conde vai a degolar.-- |
|
--Venha, venha, minha mãe, à janela do pombal, |
20 |
venha ver o amado conde que lá vai a degolar. |
|
--Malo hajas tu, Bernarda, fora o leite que mamaste, |
22 |
que o conde era tão lindo, tu a morte lhe causaste. |
|
--`Scuita, `scuita, minha mãe, que não a ouçam na rua, |
24 |
qu` a morte que leva o conde, `stava p`ra ser a sua.-- |
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0095:41 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6778)
Versión de Outeiro de Espinho (c. Mangualde, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Recitada por una mujer. Recogida 00/00/1903 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 144-145. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 820, p. 42. © Fundação Calouste Gulbenkian. 050 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá dá o sol ao Tejo, já lá vem o claro dia, |
2 |
lá vem Conde d` Alemanha, co` a rainha dormia. |
|
Não o sabia d`el-rei, nem q`antos na corte havia, |
4 |
sabia-o dona Infanta, filha da mesma rainha. |
|
--Tu, se o sabes, minha filha, bem me deves encobrir, |
6 |
que o Conde é pontual, d` ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos d` ouro, já que os tenho de damasco; |
8 |
que `inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
As mangas do meu vestido eu não as chegue a romper, |
10 |
em vindo meu pai da missa, se lho eu não for dizer! |
|
`Stavam nesta circunstância, seu pai à porta batia. |
12 |
--Que barulho é este aqui, entre tu e tua mãe? |
|
--O barulho que aqui há se lho eu fora a contar.-- |
14 |
--`Stando eu no meu tear tecendo ouro e prata, |
|
veio o Conde d` Alemanha, três fios me fez quebrar. |
16 |
--Cala-te lá, minha filha, que te mando eu calar, |
|
que o conde é muito novo, passa a vida a brincar! |
18 |
--Valha o diabo tais brincos e tal negro brincar! |
|
Ele pegou-me pela mão, à cama me quis levar. |
20 |
--`Scuta, `scuta, minha filha, que te mandarei calar, |
|
amanhã por estas horas vai-se o conde a degolar.-- |
22 |
--Malo hajas tu, ó filha, mais o leite que mamaste! |
|
Menina de quinze anos, já uma morte causaste! |
24 |
--Cale-se lá, minha mãe, que a mando eu calar, |
|
a morte que o conde leva não la faça eu levar.-- |
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Nota de J. L. de Vasconcelos: -11b Batia não rima, mas ouvi assim. Primitivamente seria trupava, que na Beira significa batia à porta.
Variantes: -5b Bem no podes encobrir; -11a `Stavam nesta resoluta.
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0095:42 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6779)
Versión de Vilar Seco de Nelas (c. Nelas, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Recitada por una señora de edad. Recogida 30/08/1930 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 143-144. Reeditada en Viegas Guerreiro 1976, 36; Viegas Guerreiro 1982, 34 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 821, p. 43. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
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Já o sol era raiado, já lá vem claro dia, |
2 |
já o conde de Alemanha com a rainha dormia. |
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Ninguém o sabia, nem quantos na corte havia, |
4 |
sabia-o só Juliana, Juliana sua filha. |
|
--Juliana, minha filha, tu me queiras encobrir, |
6 |
o conde ainda é muito novo, de oiro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos de oiro, também os tenho de damasco; |
8 |
ainda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas do meu vestido que não as chegue a romper, |
10 |
que meu pai vindo da caça eu tudo lhe hei-de dizer.-- |
|
Vinde, vinde, meu pai, vinde, santa seja a vossa vinda, |
12 |
quero-lhe contar um caso de tão grande maravilha. |
|
--Conta, conta, minha filha, que eu bem gosto de te ouvir. |
14 |
--Estando eu no meu jardim, ao longo da minha cela, |
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veio o conde de Alemanha, três fios me tirou dela. |
16 |
--Cala-te lá, minha filha, isso seria a brincar. |
|
--Leve o diabo tais brincos, mais tais modos de brincar, |
18 |
e agarrando-me nos braços à cama me quis levar. |
|
--Se tu queres, ó minha filha, mandamo-lo nós matar. |
20 |
--Se é vontade do papá, a minha está a sobejar.-- |
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--Maldita foi Juliana, mais o leite que mamou, |
22 |
a morte que o conde teve foi ela que lha causou. |
|
--Cale-se lá, minha mãe, não me esteja a incomodar, |
24 |
a morte que o conde teve não lha faça eu causar.-- |
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Nota: Guerreiro 1976 e Guerreiro 1982 editam parcialmente esta versão.
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0095:43 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6780)
Versión de Resende (c. Resende, dist. Viseu, Beira Alta, Portugal).
Recitada por una señora de edad. Recogida 00/00/1908 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 143. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 822, pp. 43-44. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
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Ninguém sabe o que há nas cortes, nem o que nelas havia, |
2 |
só o sabe o conde novo, a mais a Dona Maria. |
|
--Se o sabes, minha filha, bem mo podes encobrir, |
4 |
que o conde é rapaz novo, d` oiro te pode vestir. |
|
--Não quero vestidos d` oiro que os tenho di amasco; |
6 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem pôr madrasto. |
|
As mangas do meu vestido nunca as eu chegue a romper, |
8 |
se, quando vier meu pai, se lho eu não for dizer!-- |
|
Qando veo seu pai da missa, correu-lhe co` a notícia. |
10 |
--Venha cá, ó senhor pai, um conto lhe quero contar. |
|
`Stando eu no meu tear tecendo seda amarela, |
12 |
veio o conde di Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
--Três fios que te tirou, foi a modo de brincar. |
14 |
--Valha o diabo tais brincos e mais quem deles gostar! |
|
--Anda cá, ó minha filha, anda-me pôr de jentar, |
16 |
qu` amanhã, por esta hora, vai o conde a degolar.-- |
|
--Venha cá, ó minha mãe, chegue à janela do meio, |
18 |
venha ver o conde novo que vai com belo asseio. |
|
--Malo hajas, minha filha, e `ó leite que mamastes! |
20 |
A morte que teve o conde foste tu que lha causastes! |
|
--Cale-se lá, minha mãe, cale-se lá, por seu bem, |
22 |
que a morte que teve o conde mer`cia-a você também. |
|
Fale baixo, minha mãe, que a não ouçam na rua, |
24 |
a morte que teve o conde devia de sê` la sua.-- |
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0095:44 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6781)
Versión de Tinalhas (c. Castelo Branco, dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Recitada por Maria Guilhermina (41a). Documentada en o antes de 1954. Publicada en Dias Martins 1954, 267-268. Reeditada en Galhoz 1987-1988, I. 295-296 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 823, pp. 44-45. © Fundação Calouste Gulbenkian. 052 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem a manhã clara, já lá vem o claro dia, |
2 |
já o Conde de Alemanha comigo brincar queria. |
|
--Se o sabes, minha filha, não o vás a descobrir. |
4 |
Olha que o Conde é rico de ouro te há-de vestir! |
|
--Eu não os quero de ouro que eu tenho-os de diamasco, |
6 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
As mangas desta camisa não chegue eu a fazer, |
8 |
se o meu pai não vier da missa se eu o não for a dizer! |
|
As mangas desta camisa não chegue eu acabar, |
10 |
se o meu pai não vier da missa se eu o não for a contar!-- |
|
O meu pai que ia antrando eu nesta conversa estando. |
12 |
--Assente-se aqui, meu pai, com toda a sua alegria, |
|
já a sua filha muito le contar queria: |
14 |
já o Conde de Alemanha comigo brincar queria. |
|
--Não te agastes, minha filha, não te deves de agastar |
16 |
que isso era malícia contigo brincar. |
|
--Mal o haja o Conde de Alemanha mais o seu brincar! |
18 |
Que me agarrou numa mão, à cama me quis levar. |
|
--Alevanta-te, ó minha filha, vem-me a pôr de jantar, |
20 |
lá `ó justo, `ó sol posto tu o verás degolar.-- |
|
--Mal o hajas tu, minha filha, mais o leite que mamaste, |
22 |
se o Conde era tão lindo tu `ma morte le cuasaste. |
|
--Cale-se aí, minha mãe, se a não faço calar! |
24 |
Qu`a morte que se fez ao Conde não lo faço eu tomar. |
|
--Bem hajas tu, minha filha, mais o leite que mamaste, |
26 |
uma menina de doze anos, de uma morte me livraste.-- |
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0095:45 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6782)
Versión de Castelo Branco (c. Castelo Branco, dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Recitada por una mujer. Recogida 00/00/1916 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 147-148. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 824, pp. 45-46. © Fundação Calouste Gulbenkian. 054 hemist. Música registrada. |
|
|
Já o sol dá na verdaça, já lá vem no claro dia, |
2 |
já o conde d` Alamanha com a rainha dormia. |
|
--Se o sabes, minha filha, não no vás a descobrir, |
4 |
qu` o conde é munto rico, de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos d` ouro qu` ê tenho-os de deamasco; |
6 |
`inda tenho mê pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa não nas chegue eu a fazer, |
8 |
se, em meu pai vindo da missa, s` o eu não lho for dezer. |
|
As mangas desta camisa não chegue eu a acabar, |
10 |
se, quando mê pai vier, eu não lho for a contar.-- |
|
Meu pai que vinha antrando e eu nesta conversa estando. |
12 |
--Assente-se aqui, mê pai, eu munto contar lhe queria. |
|
Saiba: o conde d` Alamanha comigo brincar queria. |
14 |
--Não t` agastes, minha filha, não te deves agastar, |
|
tudo isso foi sem malícia, tudo era por brincar. |
16 |
--Malo haja o cond` Alamanha, malo haja o seu brincar, |
|
até na mão me pegou, à cama me quis levar. |
18 |
--Levanta-te, minha filha, vem-me a pôr de jantar, |
|
lá junto ao sol-posto tu o verás degolar.-- |
20 |
--Levante-se, minha mãe, venha ver a bizarria: |
|
qu`a cabeça está num prato e o sengue numa bacia. |
22 |
--Malo hajas, minha filha, mais o lête que mamaste, |
|
pois o conde era tão lindo, tu a morte lhe cuasaste. |
24 |
--Cale-se lá, minha mãe, senão a faço calar, |
|
a morte que o conde teve não la faça eu cuasar. |
26 |
--Bem hajas, minha filha, mais o leite que mamaste, |
|
tens apenas doze anos e da morte me livraste.-- |
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0095:46 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6783)
Versión de Alcongosta (c. Fundão, dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Documentada en o antes de 1954. Publicada en Dias Martins 1954, 265-266. Reeditada en Galhoz 1987-1988, I. 294-295 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 825, pp. 46-47. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
|
|
Já o sol dá do castelo já lá vem o claro dia. |
2 |
--A manga desta camisa não a chego ir fazer |
|
se o meu pai vier da missa se eu não lhe for a dizer. |
4 |
--Cala-te aí, ó minha filha, não me queiras descobrir, |
|
que ele o Conde é menino de seda te há-de vestir. |
6 |
--Eu não quero vestidos de seda que o meu pai dá-mos de diamasco, |
|
`inda tenho meu pai vivo já me querem dar padrasto.-- |
8 |
--Com Deus venha, ó meu pai, com Deus venha a sua vinda: |
|
que ele o Conde de Alemanha comigo já brincar queria. |
10 |
--Cala-te aí, ó minha filha, manda-me pôr de jantar, |
|
que ele, o Conde, é menino fez isso para brincar! |
12 |
--Mal haija o seu zombar, mais o seu zombaria, |
|
com um braço ele me pegou, à sala me levaria. |
14 |
--Cala-te aí, ó minha filha, manda-me pôr de jantar, |
|
às duas horas da tarde tu o verás degolar.-- |
16 |
--Venha ver, ó minha mãe, venha ver a fidalguia. |
|
Vai com toda a vesdarria! para o cemitério ia. |
18 |
Leva a cabeça da salva, o sangue numa bacia. |
|
--Mal haijas tu, ó minha filha, mais o leite que mamaste, |
20 |
uma morte tão tirana que tu é que é cuàsaste. |
|
--Cale-se aí, ó minha mãe, se eu a mando calar! |
22 |
A morte que eu dei ao Conde é mais fácil de a eu levar. |
|
--Bem hajas tu, minha filha, mais o leite que mamaste, |
24 |
menina de quinze anos de uma morte me livraste.-- |
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0095:47 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6784)
Versión de Beira Baixa s. l. (dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Documentada en o antes de 1867. Publicada en Braga 1867a, 75-77. Reeditada en Hardung 1887, I. 168-170 y RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 4-6 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 826, pp. 47-48. © Fundação Calouste Gulbenkian. 070 hemist. Música registrada. |
|
|
Já o sol nasce na serra, já lá vem o claro dia, |
2 |
`inda o Conde de Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia o rei, nem quantos na corte havia, |
4 |
sabia-o só a princesa Juliana, sua filha. |
|
--Juliana, se o sabes, não o queiras descobrir; |
6 |
porque o Conde é muito rico, de ouro te ha-de vestir. |
|
--Não quero seus fatos de oiro, já os tenho de damasco; |
8 |
`inda meu pai não é morto, já me querem dar padrasto! |
|
As pregas desta camisa eu não as chegue a fazer, |
10 |
quando meu pae vier da missa se eu lho não for dizer. |
|
As pregas desta camisa não as chegue eu a acabar, |
12 |
em meu pai vindo da missa se lho eu não for contar.-- |
|
Estando nestas razões, o pai à porta batia: |
14 |
--Oh que razões serão essas entre uma mãe e a filha? |
|
--Com bem venha, senhor pai, com Deus seja a sua vinda; |
16 |
tenho para lhe contar um conto de maravilha: |
|
estando eu no meu tear tecendo cambraia fina, |
18 |
veio o Conde de Alemanha --Algum fio te quebraria? |
|
Não te zangues, minha filha, nem me faças tu zangar, |
20 |
porque o Conde é divertido, talvez fosse por brincar. |
|
--Mal o hajam os seus brincos, mais o seu negro brincar; |
24 |
que me pegou por um braço e à cama me quis levar. |
|
--Acomoda-te pois, filha, não me, faças mais zangar, |
26 |
amanhã, por estas horas, vai o Conde a degolar.-- |
|
--Levante-se, minha mãe, venha ver a bizarria! |
28 |
E o Conde de Alemanha também vai na companhia, |
|
Com a cabeça num prato, e o sangue numa bacia. |
30 |
--Mal o hajas tu, ó filha, fora o leite que mamaste; |
|
sendo o Conde tão bonito, a morte que lhe causaste. |
32 |
--Acomode-se, minha mãe, não me faça mais zangar, |
|
a morte que o Conde leva não lha faça eu levar. |
34 |
--Bem hajas, ó minha filha, mais o leite que mamaste; |
|
menina de doze anos da morte que me livraste.-- |
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0095:48 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6785)
Versión de Beira Baixa s. l. (dist. Castelo Branco, Beira Baixa, Portugal).
Documentada en o antes de 1905. Publicada en Thomás 1905-1908, 281 y Thomás 1913, 5-7. Reeditada en Graça [1953], 77-78; Redol 1964, 384-386; Graça 1974, 76-77; Graça - Giacometti 197?, 82-83; Giacometti 1981, 179-180; Graça 1991, 115 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 827, pp. 48-49. © Fundação Calouste Gulbenkian. 062 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem o sol nascendo, já lá vem o claro dia, |
2 |
e o conde de Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabe nem el-rei nem quantos na corte havia: |
4 |
sabe-o só a Dona Infanta, filha da mesma rainha. |
|
--Minha filha, se o sabes, não o dês a descobrir |
6 |
que o conde é muito rico de oiro te há-de vestir. |
|
--Não quero os seus fatos d` oiro que tenho os meus de damasco, |
8 |
`inda meu pai não é morto, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa eu não as chegue a romper |
10 |
que em meu pai vindo da missa eu lho saberei dizer!-- |
|
--Venha, venha, ó meu pai, boa seja a sua vinda: |
12 |
tenho um conto p`ra contar-lhe muito triste, à maravilha. |
|
--Conta lá, ó minha filha, que eu folgarei de te ouvir. |
14 |
--Estando eu no meu tear, na minha teia a tecer, |
|
veio o conde de Alemanha e a teia quis desfazer. |
16 |
--Deixa o conde de Alemanha que é rapaz e quer brincar. |
|
--Mal hajam os seus brincos mais também o seu brincar |
18 |
que num braço me pegou e à cama me quis levar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, cala e torna a calar, |
20 |
se eu o soubera mais cedo tinha-o mandado matar: |
|
mas hoje por dois algozes o mandarei degolar.-- |
24 |
--Venha, venha, ó minha mãe, venha. à janela do cabo, |
|
ver o conde de Alemanha vestidinho de encarnado. |
26 |
Venha, venha, ó minha mãe, não se deve demorar, |
|
ver o conde de Alemanha que lá vai a degolar. |
28 |
--Mal o hajas, minha filha, mais o leite que mamastes, |
|
que é um conde tão bonito e a morte lhe causastes. |
30 |
--Cale-se lá, minha mãe, bem se pode já calar, |
|
que a morte que o conde leva, a podia a mãe levar!-- |
| |
Nota: Graça 1991 edita apenas a transcrição musical com os dois primeiros versos.
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0095:49 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6786)
Versión de Mação (c. Mação, dist. Santarém, Beira Baixa, Portugal).
Documentada en o antes de 1921. Publicada en Serrano 1921, 30-32. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 828, pp. 49-50. © Fundação Calouste Gulbenkian. 060 hemist. Música registrada. |
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|
Já lá na serra amanhece, já lá vem o claro dia, |
2 |
`inda o Conde d` Alemanha com a rainha dormia! |
|
Não o sabia el-rei nem quantos na corte havia, |
4 |
só o sabia a Infanta, filha da mesma rainha. |
|
--Bem podes tu, minha filha, minhas faltas encobrir, |
6 |
que o bom Conde d` Alemanha de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero os seus fatos d` ouro que tenho os meus de damasco; |
8 |
`inda tenho o meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
As mangas desta camisa eu não as chegue a romper, |
10 |
se em meu pai vindo da caça logo lhe o não for dizer!-- |
|
Palavras não eram ditas, o pai à porta batia: |
12 |
--Então que razões são estas entre a mãe e sua filha? |
|
--Vou contar-lhas, senhor pai, que contar-lhas não devia.-- |
14 |
Ouvindo isto, a rainha de susto toda tremia! |
|
--Foi o Conde d` Alemanha que comigo brincar queria; |
16 |
a teia do meu tear empeçou em demasia. |
|
--Eu não vejo nisso ofensa que o Conde fazer-te queria; |
18 |
ele é moço, tu és moça, fazia-o por zombaria. |
|
--Arrenego o seu zombar mais a sua zombaria! |
20 |
Que até me quis encostar à cama onde eu dormia! |
|
--Oh! Cala-te, ó minha filha! E vem me pôr o jantar, |
22 |
que hoje antes de o sol ser posto hei-de mandá-lo matar! |
|
Nas ameias do castelo seus dias há-de acabar, |
24 |
sobre a mais alta ventana lá o vereis enforcar!-- |
|
--Venha cá, senhora mãe, não se deve demorar, |
26 |
ver o Conde d` Alemanha que o levam a enforcar! |
|
--Mal hajas tu, minha filha, mais o leite que mamaste, |
28 |
que a morte de tão bom Conde foste tu só que a causaste. |
|
--Cale-se, ó senhora mãe, porque o calar lhe convém, |
30 |
que a morte que teve o Conde pode a mãe tê-la também!-- |
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0095:23 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6760)
Versión de S. Tomé de Covelas (c. Baião, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Recogida 00/00/1902 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 135. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 802, p. 28. © Fundação Calouste Gulbenkian. 035 hemist. Música registrada. |
|
|
--Venha, venha, meu paizinho, depressa, não devagar, |
2 |
uma nova muito grande le tenho pera contar: |
|
--`Stando eu na minha cela cosendo na minha bandela, |
4 |
veu o condes co` a manha, três fios me tirou dela. |
|
--`Scuita lá, ó minha filha, [. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] |
6 |
que o conde era menino, fez isso a mangar. |
|
--Malo haja tal mangar a mais a quem no gabar! |
8 |
Ele agarrou-me a um braço, à cama me qu`ria levar! |
|
--`Scuita lá, ó minha filha, qu`eu to mandarei matar. |
10 |
--Mande, mande, meu paizinho, depressa, não devagar, |
|
mande-me fazer tão miúdo que nem nas pedras de sal; |
12 |
nem nos pombos que são pombos, meu pai, o posso apanhar.-- |
|
--Já lá vem a amanhecer, lá vem no claro dia, |
14 |
`stá o condes d` Alamanha morto sob terra fria. |
|
--Malo hajas tu, Bernarda, e o leite que mamastes, |
16 |
qu`a morte daquele condes tu, Bernarda, lha causastes! |
|
--Cal`-se lá, minha mãe, cal`-se por sua via, |
18 |
qu` a morte daquele condes também na você mer`cia!-- |
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0095:24 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6761)
Versión de Felgueiras (c. Felgueiras, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 132. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 803, p. 29. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
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|
Já dá o sol na vidraça, já lá vem o claro dia, |
2 |
donde o Conde de Lamária com a rainha dormia. |
|
--Se o sabes, minha filha, tu o queiras encobrir, |
4 |
que o Conde de Lamária d` oiro te pode vestir. |
|
--Não quero vestidos d` oiro que os tenho de damasco! |
6 |
A camisa que eu trago, eu não a chegue a romper, |
|
se assim que meu pai vier, se lho eu não for dizer!-- |
8 |
--Venha, venha, senhor pai, dou a Deus sua chegada, |
|
continhos maravilhos eu tenho para lhe contar! |
10 |
Estando eu no meu estrado torcendo seda amarela, |
|
veio o Conde de Lamária, três fios me tirou dela. |
12 |
--Anda cá, ó minha filha, anda-me dar o jantar, |
|
que o Conde de Lamária é novo, quer brincar. |
14 |
--Dou a Deus o seu brinquedo e ao diabo seu falar! |
|
Pois pegou-me a mim nos braços, para a cama me quis levar! |
16 |
--Anda cá, ó minha filha, anda-me dar de jantar, |
|
que o Conde de Lamária já lá vai a degolar. |
18 |
--Venha, venha, minha mãe, à janelinha do mar, |
|
venha ver o condezinho que lá vai a degolar. |
20 |
--Arrenego-te eu, minha filha, e o leite que tu mamastes, |
|
que a morte do Conde lindo fostes tu que o causastes. |
22 |
--Escute lá, ó minha mãe, cale-se e não diga nada! |
|
A morte do Conde lindo estava para si taixada!-- |
| |
Nota: -7a y -13a Leite 1958-1960 transcribe com parêntesis (as)sim y Conde (de) Lamária.
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0095:25 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6762)
Versión de Marco de Canaveses. (c. Marco de Canaveses, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1944. Publicada en Monteiro 1944, 71-72. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 804, pp. 29-30. © Fundação Calouste Gulbenkian. 056 hemist. Música registrada. |
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Já lá vem o sol abaixo, já lá vem o claro dia, |
2 |
e o Conde de Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabe nem el-rei nem quantos na corte havia; |
4 |
sabia-o a Dona. Infanta, filha da mesma rainha. |
|
--Filha minha, se o sabes, não o dês a descobrir, |
6 |
que o Conde de Alemanha de oiro te há-de vestir. |
|
--Não quero os seus fatos d` oiro, pois tinha os meus de damasco; |
8 |
`inda meu pai não é morto, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa eu não as chego a romper; |
10 |
deixe vir meu pai da missa, eu lhe saberei dizer.-- |
|
--Venha, venha, ó meu pai, boa seja a sua vinda; |
12 |
tenho um conto p`ra contar-lhe, muito triste, à maravilha. |
|
--Conta lá, ó minha filha, que eu folgarei de te ouvir: |
14 |
--Estando eu no meu tear, na minha teia a tecer, |
|
veio o Conde de Alemanha ter comigo e me empecer. |
16 |
--Deixa o Conde de Alemanha que é rapaz, e quere brincar. |
|
--Mal hajam os seus brinquedos e também o seu zombar, |
18 |
que no braço me pegou e à cama me quis levar! |
|
--Cala-te lá, minha filha, não mo tornes a contar; |
20 |
s` eu o soubera mais cedo, tinha-o mandado matar, |
|
mas hoje por dois algozes eu o mando degolar.-- |
22 |
--Venha, venha, ó minha mãe, venha à janela do cabo, |
|
ver o Conde de Alemanha vestidinho de encarnado! |
24 |
Por mandado de meu pai vai o Conde a degolar! |
|
--Má-lo hajas, minha filha, mai` lo leite que mamaste, |
26 |
que é um Conde tam bonito e a morte lhe causaste! |
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Dá cá aquela toalha que me veio de Castilha; |
28 |
apertá-la na garganta, e acabar já co` a vida!-- |
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0095:26 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6763)
Versión de Vila Cova de Carros (c. Paredes, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 133-134. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 805, pp. 30-31. © Fundação Calouste Gulbenkian. 044 hemist. Música registrada. |
|
|
Já dá o sol na vidraça, lá vem o claro dia, |
2 |
que é do Conde de Alemanha, que co` a rainha dormia? |
|
Ninguém no sabia, nem na Sua Fidalguia, |
4 |
mas sabia-o sua filha, chamada Dona Justina. |
|
--Se o sabes, minha filha, não no digas a ninguém, |
6 |
que o Condes é muito rico, de ouro te há-de vestir. |
|
--Nem lhe quero seus vestidos, nem de ouro, nem de laço; |
8 |
meu pai `inda é muito novo, `inda não quero madrasto. |
|
As mangas deste vestido não as chegue eu a romper, |
10 |
se, quando meu pai vier, se lo eu não for dizer!-- |
|
--Venha, venha, senhor pai, que eu muito le hei-de contar, |
12 |
que o Conde de Alemanha que me queria pegar. |
|
--Cal`-te lá, minha filha, que isso seria a brincar. |
14 |
--Dou a Deu` lo brincar dele, e o dito do seu brincar, |
|
ele pegou-me pelo braço, à cama me foi botar. |
16 |
--Pois cal`-te lá, minha filha, eu to mando degolar. |
|
--Venha, venha, minha mãe, venha às grades do quintal, |
18 |
venha ver o seu benzinho, que lá vai a degolar. |
|
--Malo hajas, minha filha, o leite que tu mamaste, |
20 |
que era o Condes tão bonito, que a morte lhe causaste! |
|
--Cal`-se lá, minha mãe, ninguém lo ouça dizer! |
22 |
A morte que o Condes teve havia você de a ter!-- |
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0095:27 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6764)
Versión de Penafiel (c. Penafiel, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 134-135. Reeditada en Pinto-Correia 1984, 265; Pinto-Correia 1986a, 52-53 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 806, pp. 31-32. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem o sol à serra, lá vem o claro dia, |
2 |
e o conde de Alemanha com a rainha dormia. |
|
--Cala-te aí, minha filha, não me faças afligir, |
4 |
que o conde de Alemanha de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestido d` ouro, já o tenho de damasco; |
6 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
--Só tu viste, minha filha, só tu mo hás-de calar! |
8 |
--Deixe vir meu pai da caça, se lho eu não for dizer, |
|
as mangas do meu vestido eu não as chegue a romper. |
10 |
Estando eu no meu palácio dobando seda amarela, |
|
veio o conde d` Alemanha, por três vezes me tirou dela. |
12 |
--Não te admires, minha filha, não te deves admirar, |
|
o conde é rapaz novo, de certo que quer brincar. |
14 |
--Arrenego eu tais brinquedos, de à cama me querer levar! |
|
--Descansa, minha filha, que ele vai a degolar. |
16 |
--Chegue-se, minha mãe, chegue-se, à janela do campo, |
|
ande ver o conde todo vestido de branco. |
18 |
Chegue-se, minha mãe, chegue-se , à janela do jardim, |
|
ande ver o conde que agora vai ter fim. |
20 |
--Maldita sejas, minha filha, afora o leite que mamaste! |
|
Olha um rapaz tão novo a morte que lhe causaste! |
22 |
--Cale-se lá minha mãe, não me faça agoniar, |
|
a morte que lhe eu causei a si a posso causar.-- |
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0095:28 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6765)
Versión de Porto (c. Porto, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Recitada por una mujer de Gaia. Documentada en o antes de 1911. Publicada en Pereira 1911, 138-139. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 807, pp. 32-33. © Fundação Calouste Gulbenkian. 048 hemist. Música registrada. |
|
|
Dá o sol na vidraça, lá vem o claro dia; |
2 |
é segredo encoberto ainda o rei o não sabia, |
|
sabia-o Dona. Bernarda, que era filha da rainha. |
4 |
--Estando eu no meu tear tecendo seda amarela, |
|
veio o Conde d` Alamar, três fios tirou dela. |
6 |
Deixe vir meu pai de fora que logo lho vou dizer.-- |
|
Palavras não eram ditas, o rei à porta a bater. |
8 |
--Venha, venha, meu pai, venha, estimarei sua vinda, |
|
tenho para lhe contar uma nova maravilha. |
10 |
--Conta, minha filha, conta, conta o que tens a contar. |
|
--Estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
12 |
veio o conde d` Alamar, três fios me tirou dela. |
|
--Cala-te lá, minha filha, anda-me dar de jantar |
14 |
o conde é rapaz novo, fez-te isso a brincar. |
|
--O demo leve tal modo, tal modo de brincar: |
16 |
ó meu pai, dê-lhe o castigo, se não eu lho mando dar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, anda-me dar de jantar: |
18 |
amanhã às quatro horas irá o conde a queimar.-- |
|
--Venha, venha, minha mãe, à janela do meio, |
20 |
venha ver o Conde arder, arder com todo o aceio. |
|
--T` arrenego, minha filha, e `ó leite que mamaste: |
22 |
a um rapaz de quinze anos olha a morte que causaste. |
|
--Cale-se lá minha mãe ponha-se no meio da rua, |
24 |
que a morte que foi do conde estava para ser a sua.-- |
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0095:29 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6766)
Versión de Porto (c. Porto, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Recogida 00/00/1876 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 133. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 808, p. 33. © Fundação Calouste Gulbenkian. 044 hemist. Música registrada. |
|
|
Estando eu na minha cela dobando seda amarela, |
2 |
passa o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
--Venha, venha cá, meu pai, que eu tenho que lhe contar. |
4 |
--Conta, conta, minha filha, que eu gosto de te ouvir falar. |
|
--Estando eu na minha cela dobando seda amarela, |
6 |
passa o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
--Cala-te aí, minha filha, que isso seria a mangar. |
8 |
--Malo haja tal brinquedo, que na cama me quis deitar! |
|
--Cala-te aí, minha filha, vai-me tirar o jantar, |
10 |
que amanhã por estas horas vai o Conde a degolar.-- |
|
--Venha, venha, minha mãe, à janelinha do meio, |
12 |
venha ver o senhor Conde como vai pelo passeio; |
|
venha, venha, minha mãe, à janelinha do canto, |
14 |
venha ver o senhor Conde vestidinho de branco; |
|
venha, venha, minha mãe, à janela do quintal, |
16 |
venha ver o senhor Conde como vai a degolar. |
|
--Malo haja a minha filha, fora o leite que mamaste, |
18 |
que a morte que o Conde leva, foste tu que lha causaste |
|
--Cale-se aí, minha mãe, não me faça arrenegar, |
20 |
a morte que o Conde leva não a faço eu causar. |
|
Tendo eu vestidos de seda, mos queria dar de damasco; |
22 |
`Inda tinha meu pai vivo, já me queria dar padrasto!-- |
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0095:30 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6767)
Versión de Santo Tirso (c. Santo Tirso, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1942. Publicada en Carneiro 1942b, 26-27 y Carneiro 1958a, 52-54. Reeditada en Redol 1964, 386 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 809, p. 34. © Fundação Calouste Gulbenkian. 032 hemist. Música registrada. |
|
|
Estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
2 |
veio o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
--Anda, anda, minha filha, anda-me dar de jantar, |
4 |
deixa lá o Conde novo, qu` ele é novo, quer brincar. |
|
--Leve o demo tais brinquedos, e a mais o tal brincar, |
6 |
que pegou em mim ao colo, à cama me queria levar. |
|
--Anda, anda, minha filha, à janela do pomar; |
8 |
anda ver o Conde Alberto a morte que vai levar. |
|
Anda, anda, minha filha, ouvi bem o teu conselho; |
10 |
anda ver o Conde Alberto, como le cai o vermelho. |
|
--Maldito, ó minha filha, fora o leite que mamaste! |
12 |
Era um Conde tão lindo, a rnorte que lhe causaste. |
|
--Cale-se lá, minha mãe, não ponha tudo na rua; |
14 |
a morte que o Conde leva, ela havia de ser sua. |
|
--Abençoada, minha filha, mais o leite que mamaste. |
16 |
Da idade de oito anos, a morte à mãe livraste.-- |
| |
Variantes: 14b não a leveis vós também.
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0095:31 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6768)
Versión de Santo Tirso (c. Santo Tirso, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1914. Publicada en Lima 1914-1917, 297 y Lima 1948, 498-499. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 810, pp. 34-35. © Fundação Calouste Gulbenkian. 020 hemist. Música registrada. |
|
|
Estando eu na minha sala, dobando seda amarela, |
2 |
veio o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|
--Cala, cala, minha filha, não te dês pelo pesar; |
4 |
é um rapazinho novo fez-te isso para brincar. |
|
--Valha-lhe um corno o seu brinco, e mais o seu brinquedar, |
6 |
que me pegou por um braço, à cama me quis levar.-- |
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|
--Venha, venha, minha mãe, à janelinha do meio; |
8 |
venha ver o senhor conde, que dá braços ao passeio. |
|
Venha, venha, minha mãe, à janelinha do canto; |
10 |
venha ver o senhor conde, todo vestido de branco.-- |
| |
Variantes: -1b vestidinha de amarelo; -3b nem disso tenhas pesar.
Nota: Lima (1948-1949) reúne, numa só versão, o fragmento aqui editado e o publicado neste volume com o número 811.
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0095:32 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6769)
Versión de Santo Tirso (c. Santo Tirso, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1914. Publicada en Lima 1914-1917, 16 y Lima 1948, 498-499. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 811, p. 35. © Fundação Calouste Gulbenkian. 010 hemist. Música registrada. |
|
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|
--Eu te amaldiçoo, filha, e o leite que mamaste: |
2 |
um conde tão bonito, a morte que lhe causaste! |
|
--`Scuita, `scuita, minha mãe, enquanto que me eu calei; |
4 |
a morte que o conde leva, não a leveis vós também.-- |
| |
Nota: Lima 1948/1949 reúne, numa só versão, o fragmento aqui editado e o publicado neste volume com o número 810.
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0095:33 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6770)
Versión de Lavadores (c. Vila Nova de Gaia, dist. Porto, Douro Litoral, Portugal).
Documentada en o antes de 1902. Publicada en Pedroso 1902, 459. Reeditada en Pedroso 1988, 377 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 812, pp. 35-36. © Fundação Calouste Gulbenkian. 056 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem o sol abaixo, já lá vem o claro dia, |
2 |
e o conde da Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia ninguém nem quantos na corte havia. |
4 |
Sabia-o Dona Silvana filha da mesma rainha. |
|
--Se tu, minha filha, o sabes tu me queiras encobrir; |
6 |
darei-te vestidos d` ouro, também tenho-os de Damasco. |
|
--Meu pai ainda não é morto já me querem dar padrasto. |
8 |
As mangas desta camisa não as chegue eu a romper, |
|
assim que meu pai vier se eu não lhe for dizer.-- |
10 |
--Venha, venha, meu pai, venha, santa seja a sua vinda, |
|
tenho um conto para lhe contar , um conto a maravilha. |
12 |
Estando eu no meu tear tecendo seda amarela, |
|
veio o conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
14 |
--Cala-te lá, minha filha, qu` isso foi só por brincar. |
|
--Maldito seja o seu brinco se comigo quis brincar, |
16 |
que pegou em mim nos braços à cama me foi deitar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, a ninguém o vás dizer, |
18 |
amanhã por estas horas irá o conde a morrer. |
|
Cala-te lá, minha filha, a ninguém o vás contar, |
20 |
que amanhã por estas horas vai o conde a degolar.-- |
|
--Venha, venha, minha mãe, à janelinha do meio, |
22 |
venha ver o conde Alberto vestidinho de vermelho. |
|
Ande, ande, minha mãe, ande depressa, venha ver, |
24 |
venha ver o conde Alberto que hoje vai a morrer. |
|
--Maldita sejas tu, filha, fora o leite que mamaste, |
26 |
a um mancebo tão belo, a morte que lhe causaste. |
|
--Cale-se lá, minha mãe, que não se ouça na rua. |
28 |
A morte que o conde leva também pode ser a sua.-- |
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0095:50 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6787)
Versión de Aldeia Galega da Merceana (c. Alenquer, dist. Lisboa, Estremadura, Portugal).
Recogida por Manuel F. Silva, publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 148-149. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 829, pp. 50-51. © Fundação Calouste Gulbenkian. 047 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem o sol à serra, já lá vem o claro dia, |
2 |
e o Conde d` Alamanha com a rainha dormia. |
|
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] como ninguém o sabia, |
4 |
só o sabe Juliana, Juliana sua filha. |
|
--Juliana, se o sabes, não o queiras descobrir, |
6 |
que o Conde é muito rico, d` oiro t` há-de vestir. |
|
--Não quero fatos d` oiro, que os tenho de damasco; |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas do meu gibão eu as não chegue a romper, |
10 |
deixe vir meu pai da missa, eu lhe saberei dizer.-- |
|
Ora venha, meu pai, venha, boa seja a sua vinda, |
12 |
eu lhe quero já contar os contos da maravilha: |
|
estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
14 |
veio o Conde d` Alamanha, três fios me quebrou dela. |
|
--Cala a boca, ó minha filha, não te estejas a mortificar, |
16 |
que o Conde é novinho, o seu regalo é brincar. |
|
--Leve o diabo tais brinquedos, tais maneiras de brincar, |
18 |
ele agarrou-me pela mão, ao meu quarto me quis levar. |
|
--Diz-me lá, ó minha filha, que morte le queres dar. |
20 |
--Dê-lhe um golpe na cabeça e mande-o deitar ao mar.-- |
|
--Amaldiçoada filha minha, mais o leite que mamaste! |
22 |
--Um Conde tão bonito, tão cruel morte le causaste. |
|
--Cale-se, ó minha mãe, cale-se para seu bem, |
24 |
a morte que o Conde teve não a queira ter também.-- |
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0095:51 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6788)
Versión de Cadaval (c. Cadaval, dist. Lisboa, Estremadura, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 148. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 830, p. 51. © Fundação Calouste Gulbenkian. 024 hemist. Música registrada. |
|
|
Bate o sol na vidraça, responde claro dia, |
2 |
o Conde da Alemanha com a rainha dormia. |
|
Mas o rei não o sabia, nem ninhuma fidalguia, |
4 |
sabia-o a Dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Minha filha, se o sabes, não o queiras descobrir, |
6 |
que o conde é muito rico, de oiro te manda vestir. |
|
--Não quero vestidos de oiro, pois já os tenho de damasco; |
8 |
ainda tenho meu pai vivo, não preciso de padrasto! |
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|
--Renego de ti, minha filha, mais ao leite que mamaste, |
10 |
um mancebo tão bonito, a morte que lhe causaste! |
|
--Cale-se lá, minha mãe, não me esteja a amofinar, |
12 |
a morte que o mancebo leva lha posso a si causar.-- |
| |
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0095:52 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6789)
Versión de Mafra (c. Mafra, dist. Lisboa, Estremadura, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 149-150. Reeditada en Redol 1964, 386-387 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 831, pp. 51-52. © Fundação Calouste Gulbenkian. 050 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem no sol à serra, lá vem no claro dia, |
2 |
vem no Conde d` Alemanha com qu` a rainha dormia. |
|
--Se o sabes, minha filha, bem me podes encobrir, |
4 |
que o Conde é muito rico, d` oiro te pode vestir. |
|
--Não quero vestido d` oiro, que já o tenho de damasco; |
6 |
meu pai ainda é vivo, já o quer fazer madrasto.-- |
|
--Venha cá, ó meu pai, um conto lhe vou contar, |
8 |
que o Conde da Alemanha co` a nossa mãe `stava a brincar. |
|
--Cala-te, ó minha filha, que tu estás a mangar, |
10 |
não me trates d` asneiras, cuida mas é do jantar. |
|
--Venha cá, o meu pai, venha cá, ó meu paizinho, |
12 |
que o Conde d` Alemanha sempre lhe deu um beijinho. |
|
--Não te exaltes, minha filha, hás-me de falar a preceito, |
14 |
que o Conde d` Alemanha para isso ja não tem jeito. |
|
--Venha cá, ó meu pai, que sempr` há-d` acraditar, |
16 |
que ele pegou na minha mãe, à cama a quije levar, |
|
deitando-s` ambos os dois trataram de brincar.-- |
18 |
Depois mandou o pai esse homem amortalhar. |
|
Gozou-se do que era dele, coisa que não devia a gozar. |
20 |
--A Vossa Real Majestade me tenho a desculpar, |
|
que le não faltei ao respeito para me mandar matar. |
22 |
Mal o haja a minha sorte, sorte tão infeliz! |
|
que me mandaram matar por coisas que eu não fiz. |
24 |
--Vou-te mandar matar, homem horrendo e carrasco, |
|
porque sabes que eu que sou rei e me quijestes fazer madrasto.-- |
| |
Nota de J. L. de Vasconcelos: -6b Sinónimo de cuco (homem traído pela mulher).
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0095:53 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6790)
Versión de Murteira (c. Loures, dist. Lisboa, Estremadura, Portugal).
Recitada por Adelaide (66a). Recogida 00/00/1957 Publicada en Costa 1957, 440-441 y Costa 1961, 320. Reeditada en Galhoz 1987-1988, I. 298-299 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 832, pp. 52-53. © Fundação Calouste Gulbenkian. 027 hemist. Música registrada. |
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. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|
--Cala-te minha filha que me deves d` incobrir |
2 |
o Conde d` Alamanha é rico, d` ouro te pode vestir. |
|
--Nã me quero vestir d` ouro `inda tenho mê damasco, |
4 |
`inda tenho meu pai vivo nã me quêra dar padrasto! |
|
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . |
|
--Arrenego do seu brinco, má`s do seu novo brincar, |
6 |
ele me puxou pela mão e à cama me quis levar. |
|
O que le peço, mê pai, que mo fora já matar.-- |
8 |
--Chegue, minha mãe, chegue, àquela janela do mêo, |
|
veja o Conde d` Alamanha como leva um bonito assêo. |
10 |
--Cala-te minha filha, me devias d` incobrir |
|
[. . . . . . . . . . . . . . . . . . .] pelo lête que mamastes; |
12 |
era um Conde tão bonito, tu a morte le causastes! |
|
--Cale-se, minha mãe, nã ouça por i alguêim, |
14 |
a morte que o Conde leva marcia vocêi tameim.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: antes de 1 O rei foi pr` à guerra; fecou a mulher e a fílha; a mãe portou-se mal com o Conde d` Alamanha. Atão a filha ralhou com a mãe; entre -4 e -5 O pai veio e a filha contou-le; o pai não acarditou; entre -7 e -8 O pai mandou matar o conde; quando o conde ia a passar morto, disse a filha.
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0095:54 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6791)
Versión de Murteira (c. Loures, dist. Lisboa, Estremadura, Portugal).
Recitada por Adelaide (66a). Recogida 00/00/1957 Publicada en Costa 1957, 441-442 y Costa 1961, 320-321. Reeditada en Galhoz 1987-1988, I. 297-298 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 833, p. 53. © Fundação Calouste Gulbenkian. 026 hemist. Música registrada. |
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--Venha ver, meu pai, venha, tenho novas a contar, |
2 |
olha que o Conde d` Alamanha p`r`à cama me quis levar. |
|
--Ó filha nã faças caso qu` isso saria a mangar. |
4 |
--Nõ era, meu pai, nõ era, eu peço que mo vá matar.-- |
|
Ó minha mãe, minha mãe, chegue à janela do mêo, |
6 |
vai o conde à forca, leva tão bonito assêo. |
|
--Incobre, filha, incobre, mêmo deves d` incobrir, |
8 |
ele era um conde tão rico d` oiro podia vestir, |
|
e os segredos duma mãe nã se deve descobrir. |
10 |
--Cala-se lá, minha mãe, nó oiça por i alguêim, |
|
a morte que o Conde leva marci-a vocêi também. |
12 |
--Incobre, filha, incobre, já o bom lêite mamastes, |
|
levou uma morte desgraçada e tu mesmo é que la causastes.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: -7b mêmo (sic).
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0095:3 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 3800)
Versión de Porto Moniz (dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).
Recitada por Antónia Luisa de Souza. Recogida por Joanne B. Purcell, 05/05/1970 (Archivo: JBP; Colec.: JBP 1969-1970; cinta: 167A, n° 8, rotação 562). Publicada en Purcell 1987, Ilhas, 10.1, pp. 188-189. 068 hemist. Música registrada. |
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Dava o sol na vidraça, já lá responde meio-dia; |
2 |
ainda o conde d` Alemanha co` a rainha dormia. |
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Nã sabia o bom do rei nem o mal que a corte vinha, |
4 |
sabia a Dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Filha, se vós o sabeis, não o queirais descobrir, |
6 |
porque o conde d` Alemanho d` oiro vos há-de vestir. |
|
--Nã quero vestidos d` ouro, meu pai mos dá de damasco; |
8 |
ainda eu tenho meu pai vivo, já me querem dar padrastro! |
|
As mangas deste vestido eu nã chegue a romper, |
10 |
em meu pai vindo da caça eu tudo l`hei-de dizer.-- |
|
--Oh venha, senhor pai, venha, seja boa a sua vinda! |
12 |
Eu le tenho p`ra le contar contiinhos, à maravilha: |
|
Eu estava na minha cela, labrando seda amarela, |
14 |
passa o conde d` Alemanho, três fios me tirou dela. |
|
--Calada, filha, calada, anda vamos a jantar, |
16 |
o conde d` Alemanho é mangano, quer brincar. |
|
--Leve o diabo o conde e a sua zombadaria! |
18 |
Ele meteu-me a mão no seio e comigo brincar queria. |
|
--Calada, filha, calada, andavamos a jantar, |
20 |
porqu` o conde d` Alemanha vou mandá-lo matar.-- |
|
--Venha cá, senhora mãe, venha à janelado cabo, |
22 |
olhe se quer ver o conde como brilha de encarnado. |
|
--Calada, filha, calada, ó filha mal elevada! |
24 |
Por causa da tua língua, perdeu-se uma barba honrada. |
|
--Venha cá, senhora mãe, venha à janela do meio, |
26 |
olha se quer ver o conde como brilha de vermelho. |
|
--Calada, filha, calada, ó filha mal elevada! |
28 |
Por causa da tua língua, perdeu-se uma barba honrada. |
|
--Venha cá, senhora mãe, venha à janelada roda |
30 |
olhe se quer ver o conde como ele brilha agora. |
|
--Calada, filha, calada, ó filha mal elevada! |
32 |
Por causa da tua língua, perdeu-se uma barba honrada. |
|
--Oh cale-se, minha mãe, e nã me faça falar, |
34 |
qu` a morte que leva o conde ê não la faça levar.-- |
| |
Notas: -6a Alemanho por Alemanha; -17b zombadaria, `zombaria`; -3b mal elevada, `mal criada`. La recitadora dice haber aprendido el romance con su madre cuando tenía unos 7 u 8 años.
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0095:65 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6802)
Versión de S. Gonçalo (c. Funchal, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).
Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1880, 182-185. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985), 24-26; Redol 1964, 155156; Carinhas 1995, II. 145-146 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 844, pp. 63-65. © Fundação Calouste Gulbenkian. 092 hemist. Música registrada. |
|
|
Vinha lo sol dos oiteiros, já era claro lo dia, |
2 |
e lo Conde d` Alemanha e la rainha dormia. |
|
La princesa qu` isto soube, de sua mãe a rainha, |
4 |
foi ter corn ela dizer-lhe que tal feito nã convinha. |
|
--Filha minha, já que sabes, nã descubras meu segredo, |
6 |
que só d`el-rei lo sonhar, toda eu tremo de medo. |
|
--La camisa do meu corpo, nã na chegu` eu a romper, |
8 |
se, vindo meu pai da guerra, logo lho nã for dizer. |
|
--Filha de minhas intranhas, nã me sejas desleal, |
10 |
aqui me tens de giolhos, nã lhe vás tu dizer tal; |
|
e te darei minhas jóias, que são do rico metal, |
12 |
e vestidos de brocado, que não há oiro igual. |
|
E te prometo marido, nado de sangue real, |
14 |
e mais te darei em dote todo lo meu cabedal. |
|
--Erguei-vos daí, mãe minha, nã sou eu la desleal: |
16 |
nã quero las vossas jóias, meus oiros têm born metal. |
|
Nã quero vossos brocados, los terei d` oiro igual. |
18 |
Meu pai me dará marido, nado de sangue real; |
|
também dote me dará, de mais grosso cabedal. |
20 |
La camisa do meu corpo, nã na chegu` eu a romper, |
|
se, vindo meu pai da guerra, logo lho nã for dizer.-- |
22 |
Palavras não eram ditas, las trombetas a tocar, |
|
e nas torres da igreja, los sinos a repicar, |
24 |
e las portas do castelo, abertas de par em par, |
|
e el-rei, corn sua tropa, pelo portal a entrar. |
26 |
E, chegado a palácio, el-rei logo a desmontar, |
|
todos contentes em roda, só sua filh` a chorar. |
28 |
--Porque carpis, filha minha, em tão pruvico lugar? |
|
--Senhor pai, sao tristes novas, que só a vós vou contar; |
30 |
tomai animo d` ouvi-las, mal to tenho de las dar, |
|
que lo Conde d` Alemanha, vos venho denunciar. |
32 |
Enquanto vós, pai, na guerra, andastes a batalhar, |
|
ele cá mai` la rainha, n` alcova s` iam deitar! |
34 |
--Nã los haver eu colhido, em seu pecado mortal, |
|
que logo to pagariam, na ponta do meu punhal. |
36 |
Mas dessa tamanha culpa, que me dais vós por sinal? |
|
--Que só eles aqui faltam, a vos saudar no portal.-- |
38 |
E el-rei ficou calado, só consigo a pensar, |
|
quantos lo viam tremem, do qu` el` iria mandar. |
40 |
--Venham los meus saiões, venham los dois matar; |
|
ao rabo do meu cavalo irá lo cond` a `rrastar. |
42 |
E também a ti, má filha, nã to quero perdoar: |
|
em pruvico lo disseste, minh` afronta vais penar.-- |
44 |
Presos foram todos três, todos três a degolar, |
|
lo conde, por ser vassalo, foi levado a `rrastar. |
46 |
El-rei nunca mais se riu, em frade foi acabar. |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: entre -4 e -5: Diz la mae; entre -6 e -7: Responde la filha; entre -8 e 9: La rainha; entre -14 e -15: La princesa; entre -27 e -28: Diz el-rei; entre -28 e -29: Responde ela; entre -33 e -34: Fala el-rei; entre -36 e -37:Responde ela; e entre -39 e -40: E disse.
Emendas propostas por Alvaro Rodrigues de Azevedo: -5a Filha, já que tu lo sabes; -8b e -21b o não for saber.
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0095:66 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6803)
Versión de Campanário (c. Ribeira Brava, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).
Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1880, 175178. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985), 1920; Carinhas 1995, II. 143-144 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 845, pp. 65-66. © Fundação Calouste Gulbenkian. 060 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lo sol dá na janela, impina já a mei`-dia, |
2 |
`inda Conde de Germanha, com la rainha dormia. |
|
La infanta bem lo sabe, e ninguém mai` lo sabia. |
4 |
--Minha filha, qu` eu beijava, qu` eu no colo dormecia, |
|
guardai-me, filha, segredo, que ninguém descobriria; |
6 |
este Conde é tão rico, que d` oiro te vestiria. |
|
--Nã quero vestidos d` oiro, tenho los de born damasco; |
8 |
ainda meu pai `stá vivo, e nã quero ter padrasto. |
|
Las mangas desta camisa eu nã nas chegue a romper, |
10 |
se vindo meu pai da caça, eu nã lhe fora dizer.-- |
|
Da caça lá vem el-rei, sua bênção deu à filha. |
12 |
--Ouvide vós, pai, ouvide, um caso à maravilha: |
|
`stava eu no meu tear, lavrando na fina tela, |
14 |
passou Conde de Germanha e três fios quebrou dela. |
|
--Calai-vos, filha, calai-vos, deixai vós isso passar, |
16 |
nã vo-lo fez el` a mal, senão soment` a brincar. |
|
--Também assim lo cuidava, e lo mandei arredar, |
18 |
mas agarrou-me das mãos e ao chão me quis levar! |
|
--Isso agora, filha minha, nã se pode perdoar: |
20 |
defronte do meu palácio, vá` lo Cond` a degolar.-- |
|
Vem el- rei mai` la rainha, la infant` em seu lugar, |
22 |
com toda la fidalguia, lo Conde ver acabar. |
|
--Vinde cá, senhora mãe, olhai aqui deste lado, |
24 |
se qu`reis ver lo senhor Conde, como vai tão descorado! |
|
Vinde cá, senhora mãe, olhai aqui doutro lado, |
26 |
se qu`reis ver lo senhor Conde, como ficou d` incarnado! |
|
--De viva peçonha fora, meu leite que vós mamastes, |
28 |
vós, sem aprender a ler, que cartilha estudastes? |
|
--Falai, mãe, devagarinho, não oiçam vosso falar, |
30 |
que da morte qu` ele teve, nã vades tambem penar.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: entre -3 e -4 Diz la rainha; entre -6 e -7 Responde ela; entre -11 e -12 Diz-lhe ela; entre -14 e -15 Responde el-rei; entre -16 e -17 Acode ela; entre -22 e -23 Diz la infanta; entre -26 e -27 Responde la mãe e entre -28 e -29 Retruca la filha.
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0095:67 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6804)
Versión de Camacha (c. Santa Cruz, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).
Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1880, 172-175. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985), 16-18; Carinhas 1995, II. 143 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 846, pp. 66-67. © Fundação Calouste Gulbenkian. 072 hemist. Música registrada. |
|
|
Bate lo sol na janela, impina já p`ra mei`-dia, |
2 |
`inda Conde Dom Germano, mai` la rainha dormia! |
|
Na corte ninguém no sonha, na corte ninguém sabia, |
4 |
senão sua filha mesma, que de ciúmes ardia. |
|
--O filha destas intranhas e a quem eu tanto qu`ria, |
6 |
se de vós eu tal soubesse, a ninguém lo descobria: |
|
que lo Conde Dom Germano peso d` oiro me daria; |
8 |
da cabeça até los pés, damasco me vestiria. |
|
--Peso d` oiro tenho eu, e visto fino damasco, |
10 |
`inda tenho meu pai vivo e já vós me dais padrasto? |
|
Mangas da minha camisa, eu rompê-las nã chegasse |
12 |
se, vindo meu pai da guerra, lo treidor nã castigasse.-- |
|
Palavras não eram ditas, el-rei à corte volvia, |
14 |
e, entrado em palácio, la Infanta se carpia, |
|
e el-rei lhe perguntava: --Que tens tu, ó minha filha? |
16 |
--Ouvi, pai, se qu`reis saber um caso à maravilha: |
|
`stava eu no meu tear, e fina tela tecia, |
18 |
vem lo Conde Dom Germano, três lanços dela desfia! |
|
--Cal`-te, cal`-te, minha filha, nã tenhas disso pesar, |
20 |
que lo Conde D.Germano é mocinho, quer brincar. |
|
--Leve diabo tais brincos, mai` lo seu rudo brincar, |
22 |
s` ele me pegou do corpo, e saltou a me beijar. |
|
--Alto lá, senhor condinho, nisso, então, devagar, |
24 |
paço real é sagrado, vou-te mandar degolar. |
|
--Eu vos peço, senhor pai, que venha el` a matar, |
26 |
no terreiro deste paço, ond` ele me quis afrontar.-- |
|
`lnda lo sol na janela, passante já do mei`-dia, |
28 |
e lo Conde Dom Germano vai a morrer, nã dormia. |
|
La razão ninguém na sonha, ninguém na corte sabia, |
30 |
senão la infanta mesma, que de ciúmes ardia. |
|
--Arrenego de vós, filha, que do meu leite mamastes! |
32 |
`stando vós sempr` ao tear, por que livro estudastes? |
|
--Arrenego de vós, mãe, que nem lágrima chorastes. |
34 |
Livro por onde `studei, fostes vós que lo ditastes. |
|
E calai-vos, mãe senhora, que de bom quinhão ficastes, |
36 |
tendo vós la mesma culpa, lo mesmo fím nã levastes.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: entre -4 e -5 E despois falaram elas assim; entre -30 e -31 Vem la rainha e diz, e entre -32 e -33 Responde la filha.
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0095:68 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6805)
Versión de Caniço (c. Santa Cruz, dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal).
Recogida por Álvaro Rodrigues de Azevedo, (Colec.: Azevedo, Á. Rodrigues de). Publicada en Azevedo 1880, 178181; RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 2123. Reeditada en Carinhas 1995, II. 144-145 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 847, pp. 67-68. © Fundação Calouste Gulbenkian. 094 hemist. Música registrada. |
|
|
Já dos altos dos telhados lo sol p`ra baixo descia, |
2 |
`inda Conde d` Aramanha mai` la rainha dormia. |
|
Nã lo sonhava el-rei, nem quantos na cort` havia, |
4 |
só la princesa real este segredo sabia; |
|
que, da janela d` alcova, velou la noit` a vigia. |
6 |
--Mangas da minha camisa nã nas chegu` eu a romper, |
|
se vindo meu pai da missa, lhe nã for tudo dizer. |
8 |
--Calai-vos ` i, rica filha, nada the vades dizer, |
|
que lo conde vos dará telas d` oiro p`ra romper. |
10 |
--Nã quero tamanhas galas, tenho linho a damasco; |
|
el-rei meu pai nã morreu, nã me venhais dar padrasto. |
12 |
Mangas da minha camisa nã nas chegu` eu a romper, |
|
se vindo meu pai da missa, lhe nã vou tudo dizer.-- |
14 |
--Subi, pai, vinde ca `riba, muito vos tenho a contar; |
|
Conde d` Aramanha veio vossa casa devassar. |
16 |
`Stava eu a tecer tela, nos pentes do meu tear, |
|
lo atrevido do conde três fios me foi quebrar! |
18 |
--Filha, nã façais monta, coisa é de perdoar, |
|
fora talvez a caso, ou foi talvez por brincar. |
20 |
--Nã lhe perdoo tal caso, tão pouco lo seu brincar, |
|
qu` el` agarrado a mim, debaixo me quis levar. |
22 |
--Isso leva outra volta que bem quero castigar, |
|
correi, correi, meus fidalgos, minhas justiças chamar. |
24 |
Vinde cá, velhos letrados, sentença no caso dar: |
|
que lo Conde d` Aramanha bem lo quero castigar. |
26 |
--Pena tamanha da culpa, la culpa tem de pagar; |
|
mandai-lhe vasal los olhos que tão alto vão olhar, |
28 |
mandai-lhe quebral las pernas, com que se foi ao lugar, |
|
mandai-lhe quebral los braços com que la quis agarrar, |
30 |
mandai-lhe, por derradeiro, la cabeça degolar. |
|
Todo lo corpo, num feixe, em cinzas se vá tornar. |
32 |
--Meirinhos, prendam lo conde, frades lo vao confessar, |
|
mas basta, p`ra sua pena, que só vá a degolar. |
34 |
--Senhora mãe, vinde ver, vinde cá for` ao balcao, |
|
lá vai Conde d` Aramanha, nos braços dum capelão. |
36 |
--Pola vida que te dei, polo leite que mamaste, |
|
nã zombes filha treidora, da morte que lhe causaste. |
38 |
--Senhora mãe, vinde ver, depressa, devagar não: |
|
lá `stá Conde d` Aramanha, já no poder do saião. |
40 |
--Pola vida que te dei, polo leite que mamaste, |
|
nã zombes filha treidora, da morte que the causaste. |
42 |
--Senhora mãe vinde ver, vinde cá a este lado, |
|
lá `sta Conde d` Aramanha a rezar agiolhado. |
44 |
--Pola vida que te dei, polo leite que mamaste, |
|
nã zombes filha treidora, da morte que the causaste. |
46 |
--Consolai-vos, minha mãe, que tudo `stá acabado, |
|
foram dois na mesma culpa e só um lo degolado.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos as seguintes didascálias: entre -7 e -8 La rainha ouviu, e disse; entre -9 e -10 Responde la princesa; entre -13 e -14 Vem el-rei da missa; entre -23 e -24 Vêm los corregedores, e el-rei diz; entre -25 e -26: Sentença dos corregedores; entre -31 e -32: Diz então el-rei, e entre -33 e -34: E foi logo a padecer. Entrementes, la princesa e la rainha falavam assim. -19a sic.
|
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0095:2 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 2718)
Versión de S. Simão de Novais (c. Vila Nova de Famalicão, dist. Braga, Minho, Portugal).
Documentada en o antes de 1943. Publicada en Lima 1943a, 257-258 y Lima 1943b, Romanceiro Minhoto, p. 42. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 184, M9 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 799, pp. 26-27. 052 hemist. Música registrada. |
|
|
Dá o sol na vidraça, já lá vem claro dia; |
2 |
o condinho da Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia o rei nem quem no palácio havia, |
4 |
sabia-o só Dona Infanta, que era a sua própria filha. |
|
--Minha filha, se o sabes, não me queiras descobrir: |
6 |
condinho da Alemanha de seda te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos de seda, que os tenho de damasco. |
8 |
`Inda tenho o meu pai vivo, não me queira dar padrasto. |
|
Destes vestidos que tenho não os chego a romper. |
10 |
Assim que o meu pai vier é que o há-de saber. |
|
Venha, venha, meu pai, venha, boa seja a sua vinda, |
12 |
que tenho p`ra lhe contar uma história muito linda. |
|
Estando à minha janela, dobando seda amarela, |
14 |
veio o conde da Alemanha e tirou-me três fios dela. |
|
--Te peço, ó minha filha, que lhe queiras perdoar: |
16 |
o condinho da Alemanha é menino, quer brincar. |
|
--Diabo leve o brinquinho, diabo leve o brincar: |
18 |
agarrou-me por um braço, p`ra cama me quis levar. |
|
--Anda cá, ó minha filha, manda tirar o jantar: |
20 |
`inda antes de uma hora o conde se vai degolar. |
|
--Venha, venha, minha mãe, àquela janela ver; |
22 |
venha ver o seu amante o que vai a padecer. |
|
--Maldição te deito, filha, fora o leite que mamaste; |
24 |
olha um conde tão lindo, a morte que lhe causaste. |
|
--Eu deitei a culpa a mim, `inda se não quer calar? |
26 |
Que a morte qu` ele levou devia-a você levar.-- |
| |
Título original: CONDE DA ALEMANHA (ESTRÓF.) (=SGA M13)
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0095:20 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6757)
Versión de Celorico de Basto (c. Celorico de Basto, dist. Braga, Minho, Portugal).
Documentada en o antes de 1879. Publicada en Coelho 1879, 62 y Coelho 1993, 116. Reeditada en RGP II 1907, (reed. facs. 1985), 8-9 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 798, pp. 25-26. © Fundação Calouste Gulbenkian. 044 hemist. Música registrada. |
|
|
Com o Conde d` Alemanha amores tem a rainha; |
2 |
ao pai quer contar a filha que o sabia. |
|
--Escuta, minha filha, não o digas a teu pai, |
4 |
que o Conde d` Alemanha de seda te há-de vestir. |
|
--Não quero da seda dele que os tenho de damasco; |
6 |
ainda tenho meu pai vivo e já me quer dar padrasto. |
|
Ora venha, meu pai, venha, pelo corredor acima, |
8 |
que lhe tenho para contar uma nova maravilha. |
|
Estando eu a coser na minha seda amarela, |
10 |
veio o Conde d` Alemanha três fios me tirou dela. |
|
--Ora deixa, minha filha, anda-me pôr de jantar, |
12 |
Que ele é rapazinho novo, fá-lo-ia por brincar. |
|
--Mal o haja os brincos dele, mais dele o seu brincar, |
14 |
que me pegou pela mão à cama me quis levar. |
|
--Ora deixa, minha filha, anda-me pôr o jantar, |
16 |
que amanhã às tantas horas, vê-lo ir a degolar.-- |
|
--Saia fora, minha mãe, à janela do quintal, |
18 |
vê-l` o Conde da Alemanha que lá vai a degolar. |
|
--Amaldiçoada filha, fora o leite que mamaste, |
20 |
pois um conde tão bonito tu a morte lhe causaste. |
|
--Escuite, escuite, minha mãe, que a não ouçam na rua, |
22 |
pois a morte que ele leva que não vá causar a sua.-- |
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0095:21 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6758)
Versión de Póvoa de Lanhoso (c. Arcos de Valdevez, dist. Viana do Castelo, Minho, Portugal).
Documentada en o antes de 1940. Publicada en Sampaio 1940/1944/1986, 145; Castro 1951, 125-128. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 800, p. 27. © Fundação Calouste Gulbenkian. 004 hemist. Música registrada. |
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Já lá bat` o sol no Tejo, já lá ben o claro dia; |
2 |
já lá ben o Conde Nino de dormir cun a rainha. |
| |
Nota: Figura apenas a transcrição musical com os quatro primeiros hemistíquios.
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0095:22 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6759)
Versión de Minho s.l (Minho, Portugal).
Documentada en o antes de 1917. Publicada en Landolt 1917, 84-85. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 801, pp. 27-28. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
|
|
Estando eu na minha cela, dovando seda amarela, |
2 |
chega o Conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
Deixa vir meu pai da caça, muito tenho que contar.-- |
4 |
--Conta, conta, minha filha, manda-me pôr de jantar. |
|
--Estando eu na minha cela, dovando seda amarela, |
6 |
chega .o Conde d` Alemanha, três fios me tirou d` ela. |
|
--Escuta, escuta, minha filha, manda-me pôr de jantar, |
8 |
que o Conde é rapaz novo, fez-te isso para brincar. |
|
--Mal o haja o seu brinquinho, mal o haja o seu brincar, |
10 |
pegou em mim pelos braços, à cama me quis levar. |
|
--Escuta, escuta, minha filha, manda-me pôr de jantar, |
12 |
que às quatro horas em ponto, chega o Conde a degolar!-- |
|
--Venha, venha, minha mãe, à janelinha do meio, |
14 |
venha ver o rico Conde, vestidinho de vermelho. |
|
Venha, venha, minha mãe, à janela do quintal, |
16 |
venha ver o rico Conde, que ele está a degolar! |
|
--Mal o haja, minha filha, o leite que tu mamaste, |
18 |
era um Conde tão bonito, perdes-te e degolas-te! |
|
--Escute, escute, minha mãe, não me faça agoniar, |
20 |
a morte que o Conde leva não lha faça eu levar!-- |
| |
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0095:7 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6744)
Versión de Bragança (c. Bragança, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida por José Furtado Montanha, 00/00/1935 publicada en Alves 1938, (reed. facs. 1979) 564-565. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 785, p. 15. © Fundação Calouste Gulbenkian. 034 hemist. Música registrada. |
|
|
Estando eu no meu tear a tecer seda amarela, |
2 |
passa o conde da Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
Venha vindo ó meu pai, boa seja a sua vinda, |
4 |
hei-de-lhe contar um conto, um conto de maravilha. |
|
Estando eu no meu tear a tecer seda amarela, |
6 |
passa o conde da Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
--Cala-te, ó minha filha, que te não ouçam falar: |
8 |
é o conde da Alemanha, menino que quer brincar. |
|
--Maldito sejam os seus brincos e o seu doce brincar; |
10 |
agarrou-me em seus braços, à cama me quis levar. |
|
--Se é isso, minha filha, eu o mando já matar. |
12 |
--Venha vindo, minha mãe, à janela do pomar, |
|
se quer ver o amado conde que o vão a degolar. |
14 |
--Maldita sejas, Francisca, fora o leite que mamaste, |
|
que morte tão cruel tu, Francisca, lhe causaste. |
16 |
--Cale-se lá, minha mãe, que bem se podia calar; |
|
a morte que o conde leva devia-a você levar.-- |
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0095:8 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6745)
Versión de Rebordainhos (c. Bragança, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 139. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 786 p. 16. © Fundação Calouste Gulbenkian. 044 hemist. Música registrada. |
|
|
--Envergonhe-se, minha mãe, bem se pode envergonhar, |
2 |
uma dama já casada andar com o conde a brincar. |
|
--Deixa brincar, minha filha, deixa o conde brincar, |
4 |
o conde é muito rico, vestidinhos de ouro te há-de dar. |
|
--Não quero vestidinhos de ouro que os tenho de damasco; |
6 |
ainda tenho o pai vivo, já me querem dar padrasto. |
|
Lá vem o papá da caça, bendita seja a sua vinda, |
8 |
eu tenho para lhe contar continhos à maravilha. |
|
--Conta, conta, minha filha, mas vai-me a mesa servir, |
10 |
no fim do jantar estimarei de te ouvir. |
|
--Estando eu no meu tear a tecer seda amarela, |
12 |
veio o conde da Alemanha, três fios me tirou dela. |
|
--Deixa brincar, minha filha, deixa o conde brincar, |
14 |
que amanhã por estas horas já o vês ir a arrastar. |
|
--Venha cá, ó minha mãe, a esta janela daqui, |
16 |
ver o conde da Alemanha que vem arrastado ali. |
|
--Mal hajas, minha filha, e o leite que mamaste, |
18 |
uma morte tão cruel foste tu quem a causaste. |
|
--Cale-se aí, minha mãe, não me esteja a apoquentar, |
20 |
a morte que o conde leva não a queira assim levar. |
|
--Que tens tu, minha filha, quem te está a apoquentar? |
22 |
--É o salto duma bota que não me quer assentar.-- |
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0095:9 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6746)
Versión de Rebordainhos (c. Bragança, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida 00/00/1874 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 140. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 787, pp. 16-17. © Fundação Calouste Gulbenkian. 040 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá baixo vem o sol, já lá vem no claro dia, |
2 |
vem o duque de Alemanha que co` a rainha dormia. |
|
Eis eram tantos na corte e mais nenhum o sabia, |
4 |
sabia-o dona Silvana, filha da mesma rainha. |
|
--As mangas deste vestido se não cheguem a romper, |
6 |
se, quando vier meu pai, eu não lho for a dizer. |
|
--Não lho digas, ó Silvana, darei-te vestidos d` ouro. |
8 |
--Não quero vestidos d` ouro que os tenho de verdamasco; |
|
`inda tenho vivo meu pai, já me querem dar padrasto!-- |
10 |
--`Stando eu na minha alcofa, bordando a seda amarela, |
|
veio o duque d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
12 |
--Cala, cala, ó Silvana, o menino quer brincar. |
|
--Mal o hajam nos seus brincos, mal o haja o seu brincar! |
14 |
Ele pegou em mim ao colo e à cama me quis levar! |
|
--Diz lá tu, ó minha filha, que morte lhe queres dar? |
16 |
--Que vá preso a quatro cavalos, que o quero ver despedaçar.-- |
|
--Mal o hajas tu, Silvana, e o leite que mamaste! |
18 |
A morte que o duque teve, Silvana, tu lha causaste. |
|
--Cale-se lá, minha mãe, não na ouçam lá na rua! |
20 |
A morte que o duque teve bem pudera ser a sua.-- |
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0095:10 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6747)
Versión de Bragança s. l. (dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida por Pe. Francisco Manuel Alves (abade de Baçal), hacia 1902 (fecha deducida) y publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 140-141. Reeditada en Marques 1985, 644 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 788, pp. 17-18. © Fundação Calouste Gulbenkian. 038 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá de baixo vem o sol, vem a luz do claro dia, |
2 |
aquele conde de Lamala a dormir vai co` a a rainha. |
|
Nem o sabia o rei, nem a sua infantaria, |
4 |
só o sabia a princesa, filha da mesma rainha. |
|
--Queres tu, ó Bernardina, segredo me hás-de guardar? |
6 |
Darei-te um vestido de seda, bordado de prata fina. |
|
--Não quero seus vestidos que de damasco eu os tinha. |
10 |
Minhas manguinhas de seda não se cheguem a romper, |
|
se em vindo meu pai da missa, eu não lo for dizer.-- |
12 |
--Bôs dias tenha, meu pai, novas tenho que le dar, |
|
aquele conde de Lamala andava p`ra me enganar. |
14 |
--Isso era, Bernardina, isso era por brincar. |
|
--Mal o hajam tais brincos e um tal modo de brincar, |
16 |
caçava-me pela mão e à cama me iba a levar. |
|
--Mal o hajas, Bernardina, e o leite que tu mamaste. |
18 |
--Calai-vos lá, minha mãe, que bem vos podeis calar, |
|
a morte que o conde leva havíeis de a vós levar.-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Editamos Marques 1985, por ter corrigido Leite de Vasconcellos 1958-1960, a partir dos manuscritos do Abade de Baçal.
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0095:11 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6748)
Versión de Açoreira (c. Torre de Moncorvo, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 141-142. Reeditada en Damião 1997, 64-65 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 789, p. 18. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
|
|
--Envergonhe-se, minha mãe, bem se pode envergonhar, |
2 |
uma dama já casada `inda gosta de brincar! |
|
--Cala-te lá, minha filha, não me estejas a afligir, |
4 |
que o conde da Alemanha d` ouro te pode vestir! |
|
--Não quero vestidos d` ouro, cá os tenho de damasco; |
6 |
ainda meu pai é vivo já me quer dar padrasto! |
|
As mangas do meu vestido se não cheguem a romper, |
8 |
se, em vindo meu pai da caça, se o não chegar a saber! |
|
Venha, venha, ó meu pai, depressa, não devagarinho, |
10 |
que eu tenho que lhe contar continhos à maravilha. |
|
--Cala-te lá, minha filha, vem a minha mesa servir, |
12 |
que depois da mesa posta gosto mais de te ouvir. |
|
--Estando eu no meu tear a tecer seda amarela, |
14 |
veio o conde da Alemanha, três fios me cortou dela. |
|
--Cala-te lá, minha filha, isso não há que estranhar, |
16 |
o conde é rapaz novo, também gosta de brincar. |
|
--De tais modos de brincar bem se pode arrenegar, |
18 |
agarrou-me pelo braço e à cama me quis levar!-- |
|
Saiu o pai porta fora e logo o foi a matar. |
20 |
--Venha cá, ó minha mãe, venha à janela do meio, |
|
olhe o conde da Alemanha pela rua ao passeio. |
22 |
Venha cá, ó minha mãe, venha à janela do lado, |
|
ver o conde da Alemanha pela rua maltratado!-- |
| |
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0095:12 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6749)
Versión de Carviçais (c. Torre de Moncorvo, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1906. Publicada en Tavares 1906, 311; RGP III 1909, (reed. facs. 1985) 500. Reeditada en Damião 1997, 65-66 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 790, p. 19. © Fundação Calouste Gulbenkian. 052 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá vem clara noite, já lá vem claro dia; |
2 |
já o conde da Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não no sabia el-rei o que no palácio havia; |
4 |
sabia-o dona Bernarda, filha da mesma rainha. |
|
--Se o sabes, minha filha, não no queiras descobrir; |
6 |
que o conde é muito rico, de ouro te há-de vestir! |
|
--Eu não quero vestidos de ouro, cá os tenho de damasco; |
8 |
ainda meu pai era vivo já me queria dar padastro! |
|
--As mangas deste vestido não as chegue eu a romper, |
10 |
em vindo meu pai da missa já tenho que lhe dizer.-- |
|
--Venha embora, meu pai, boa seja a sua vinda! |
12 |
Que eu tenho que lhe contar uma grande maravilha: |
|
estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
14 |
veio o Conde da Alemanha três fios me tirou dela! |
|
--Cal`-te lá, ó minha filha, não queiras duvidar; |
16 |
que o Conde é rapaz novo, é menino, quer brincar! |
|
--Mal o hajam os seus brincos e mais tal brincar!, |
18 |
que me puxou por a mão, à cama me quis levar! |
|
--Cal`-te lá, ó minha filha, não o queiras duvidar; |
20 |
nas cordas desta guitarra eu o mando enforcar! |
|
--Assome-se, ó minha mãe, à janela do pomar, |
22 |
se quer ver o senhor Conde a morte que vai luvar! |
|
--Mal o hajas, minha filha, o leite que mamaste! |
24 |
Um conde tão bonito a morte que lhe causaste! |
|
--Cal`-se lá, ó minha mãe, não o ouçam lá na rua; |
26 |
que a morte do senhor Conde devia de ser a sua!-- |
| |
Notas: -8b padastro (sic). RGP III 1909/1885 edita apenas quatro hemistíquios.
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0095:13 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6750)
Versión de Vinhais (c. Vinhais, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1928. Publicada en Martins 1928, (reed. 1987), 218. Reeditada en Pinto-Correia 1984, 264-265 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 791, pp. 19-20. © Fundação Calouste Gulbenkian. 034 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá baixo vem a noite, foi-se a luz `ó claro dia, |
2 |
vem o conde d` Alemanha p`ra dormir co` a rainha, |
|
sete filhas que tinha, só a mais nova o sabia. |
4 |
--Ajuda-me, ó minha filha, ajuda-me a encobrir, |
|
pois o conde é mui` brioso, de seda t` há-de vestir. |
6 |
--Não quero vestidos de seda, já os tenho de damasco, |
|
ainda meu pai era vivo, já me queria dar padrasto; |
8 |
as mangas desta delgada eu não as chegue a romper, |
|
quando meu pai vier da missa, se eu lo não for dizer.-- |
10 |
Agarrou-me pela mão, p`r`à cama me ia levar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, que isso era p`ra brincar. |
12 |
--Diabos levem tais brincos e tais modos de brincar.-- |
|
Chamou pela sua mãe: --Saíde à janela do meio |
14 |
se queredes ver o conde vestidinho de vermelho. |
|
--Mal hajas, ó minha filha, mais o leite que te dei. |
16 |
--Cale-se lá, minha mãe, que a não ouçam na rua, |
|
que a morte que teve o conde bem podia ser a sua.-- |
| |
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0095:14 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6751)
Versión de Régua (c. Peso da Régua, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recogida 00/00/1902 Publicada en Pedroso 1902, 459-460; Pedroso 1988, 377-378. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 792, pp. 20-21. © Fundação Calouste Gulbenkian. 058 hemist. Música registrada. |
|
|
Já lá baixo vem o sol, lá vem o claro dia, |
2 |
já o conde d` Alemanha com a rainha dormia. |
|
Não o sabia el-rei, nem quantos na corte havia; |
4 |
sabia-o Dona Bernarda filha da mesma rainha. |
|
--Ó Bernarda, se o sabes, bem me podes encobrir, |
6 |
que o conde é mui` brioso, de ouro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos de ouro, eu `inda os tenho de damasco, |
8 |
`inda meu pai é vivo, já me querem dar padrasto. |
|
As mangas desta camisa eu as não chegue a romper; |
10 |
logo que venha meu pai, logo lho hei-de dizer.-- |
|
--Venha, venha, ó meu pai, boa seja a sua vinda, |
12 |
que lhe quero contar un conto, um conto a maravilha. |
|
--Conta lá, ó minha filha, folgarei de te ouvir. |
14 |
--Estando eu no meu tear, tecendo seda amarela, |
|
veio o conde d` Alemanha, três fios me tirou dela. |
16 |
--Cala-te aí, minha filha, qu` isso seria a brincar, |
|
que o conde é gracioso, gosta muito de brincar. |
18 |
--Mal hajam os seus brincos, e também o seu brincar, |
|
que me puxou por um braço e à cama me quis levar. |
20 |
--Cala-te aí, minha filha, não estejas a dizer tal, |
|
que em antes de um quarto d` hora o verás ir a queimar.-- |
22 |
--Venha, venha, minha mãe, à janela do quintal, |
|
venha ver o seu benzinho, qu` ele lá vai a queimar. |
24 |
--Mal o hajas, minha filha, fora o leite que mamastes, |
|
que a morte daquele conde, foste tu que lha causastes. |
26 |
--Cale-se aí, minha mãe, não me faça agoniar, |
|
que a morte que ele leva, também lha faço levar. |
28 |
--Que é isso? minha filha, em que estás tu a falar? |
|
--Com a fivela do sapato que me não quer assentar.-- |
| |
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0095:15 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6752)
Versión de Santa Marta de Penaguião (c. Santa Marta de Penaguião, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 136-137. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 793, p. 21. © Fundação Calouste Gulbenkian. 032 hemist. Música registrada. |
|
|
`Stando eu na minha sala dobando seda amarela, |
2 |
veu o Conde d` Alemana três fios me tirou dela. |
|
--Venha cá, ó meu paizinho, muito tenho que lhe contar, |
4 |
que o Conde d` Alemanha de mim queria zombar. |
|
--Cala-te lá, minha filha, já te podes ir calando, |
6 |
certo conde adevertido `stava rindo e brincando. |
|
--Mal o hajam nos seus brincos e o seu modo de brincar, |
8 |
que ele pegou-me na mão, à cama me qu`ria levar. |
|
--Anda cá, ó minha filha, anda-me pôr de jantar, |
10 |
que o Conde d` Alemanha logo vai a degolar.-- |
|
--Minha mãe, minha mãezinha, muito tenho que lhe contar: |
12 |
que o Conde d` Alemanha logo vai a degolar. |
|
--Mal o hajas tu, infanta, fora o leite que mamastes, |
14 |
a quem eu queria tanto tu a morte le causastes! |
|
--Fale baixo, minha mãe, que se não ouça na rua, |
16 |
que eu sujei a minha cara para le alimpar a sua.-- |
| |
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0095:16 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6753)
Versión de Alvações do Corgo (c. Santa Marta de Penaguião, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Recitada por una señora de edad. Recogida 00/00/1902 Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 137-138. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 794, p. 22. © Fundação Calouste Gulbenkian. 058 hemist. Música registrada. |
|
|
Já vai arraiando o sol, próprio e claro dia, |
2 |
veu o conde da Alemanha, com a rainha dormia. |
|
`Inda o não sabia o rei, nem as cortes que havia, |
4 |
sabia-o Dona Bernarda, filha própria da rainha. |
|
--Tu se o sabes, Bernarda, não no queiras descobrir, |
6 |
que o conde da Alemanha d` oiro te há-de vestir. |
|
--Não quero vestidos de oiro, que os tenho de damasco; |
8 |
`inda tenho meu pai vivo, já me querem dar padrasto! |
|
As mangas desta camisa eu não nas chegue a romper, |
10 |
assim que vier meu pai, logo lho hei-de dezer. |
|
É chegado o rei de fora: --Boa seja a sua vinda. |
12 |
Quero-lhe contar um conto, um conto à maravilha. |
|
--Conta, conta, ó Bernarda, qu` eu gosto de te ouvir. |
14 |
--`Stando eu na minha cela dobando seda amarela, |
|
veu o conde da Alemanha, três fios me tirou dela. |
16 |
--Não t` agonies, Bernarda, nem te queiras agoniar, |
|
que o conde é rapaz novo, sempre há-de qu` rer brincar. |
18 |
--Não gosto do seu brinquinho, nem também de tal brincar, |
|
que pegou em mim nos braços, à cama me quis deitar. |
20 |
--Chama pela Silvaninha, anda-lhe dar de jantar, |
|
qu` às três horas da tarde conde vai a degolar.-- |
22 |
--Venha cá, ó minha mãe, à janelinha do meio, |
|
venha ver o senhor conde enfeitado de vermelho; |
24 |
venha cá ó minha mãe, à janela do pombal, |
|
venha ver o senhor conde que já vai a degolar. |
26 |
--Maldita sejas, Bernarda, fora o leite que mamastes: |
|
era um conde tão bonito, oh! que morte lhe causastes! |
28 |
--Cal` se lá, minha mãe, que a não ouçam na rua, |
|
qu` a morte que o conde teve devia de ser a sua!-- |
| |
Nota del editor de RºPortTOM 2003: Omitimos a seguinte didascália: entre -8 e -9 Era bem fina; depois de -29 É certo.
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0095:17 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6754)
Versión de Alvações do Corgo (c. Santa Marta de Penaguião, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 138-139. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 795, p. 23. © Fundação Calouste Gulbenkian. 046 hemist. Música registrada. |
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|
Já dá o sol na vidraça, já vem o claro dia, |
2 |
e o conde D` Alamanha com a rainha dormia; |
|
não no sabia ninguém, nem quantos na corte havia, |
4 |
sabia-o Dona Josefa e a infanta, sua filha. |
|
--Se o sabes, minha filha, não no queiras descobrir, |
6 |
o conde é muito brioso, de oiro t` há-de vestir. |
|
--As mangas desta camisa eu as não chegue a romper, |
8 |
assim que meu pai vier, se eu não lho for dizer!-- |
|
--Venha, venha, ó meu pai, boa seja a sua vinda! |
10 |
Quero-lhe contar um conto, um conto à maravilha: |
|
`stando eu na minha cela dobando seda amarela, |
12 |
veu o conde d`Alamanha, estes fios me tirou dela. |
|
--Cala-te lá, minha filha, isso seria a brincar. |
14 |
--Leve o diabo tal brinco, tal modo de brincar, |
|
que me prendeu pela mão, à cama me queria luvar! |
16 |
--Cala-te lá, minha filha, e põe-me d` almoçar: |
|
amanhã por estas horas vai o conde a degolar. |
18 |
Venha ver, ó minha mãe, à janela do quintar, |
|
venha ver o seu amor, como vai a degolar. |
20 |
--Malo hajas, ó minha filha, e mai` lo leite que mamaste, |
|
uma cara tão formosa, as penas que me causaste! |
22 |
--Cale-se lá, minha mãe, que não na ouçam na rua, |
|
a morte que leva o conde devia de ser a sua!-- |
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0095:18 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6755)
Versión de Vila Real (c. Vila Real, dist. Vila Real, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1958. Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, I, 136. Reeditada en RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 796, pp. 23-24. © Fundação Calouste Gulbenkian. 036 hemist. Música registrada. |
|
|
Lá vem a nascer o sol, lá vem a romper o dia, |
2 |
lá vem o conde d` Alemanha, com a condessa dormia. |
|
--Se sabes, ó minha filha, bem o podes encobrir, |
4 |
o conde da Alemanha de damasco te podia vestir. |
|
--Eu tenho vestidos d` ouro, não os quero de damasco, |
6 |
ainda tenho meu pai vivo, já me querem pôr padrasto. |
|
As solas dos meus sapatos não as chegue a romper, |
8 |
quando vier o papá, se eu não lho for dizer.-- |
|
--Venha cá, ó meu papá, muito tenho que lhe contar, |
10 |
o conde da Alemanha comigo queria brincar. |
|
--Escuta, ó minha filha, anda-me pôr o jantar, |
12 |
o conde de Alemanha logo se vai inforcar. |
|
--Venha cá, minha mamã, à janela do jantar, |
14 |
venha ver os seus amores, que eles se vão inforcar |
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--Amaldiçoada sejas tu, ó filha, fora o leite que mamaste, |
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a morte que leva o conde, foste tu que lha causaste. |
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--Cale-se lá, minha mamã, de modo que se não ouça na rua, |
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a morte que leva o conde devia hoje ser a sua.-- |
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0095:19 Conde Alemán (estróf.) (ficha no.: 6756)
Versión de Trás-os-Montes e Alto Douro s. l. (Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal).
Documentada en o antes de 1867. Publicada en Braga 1867a, 77-79. Reeditada en Hardung 1887, I. 274-276 y RGP II 1907, (reed. facs. 1985) 6-8 y RºPortTOM 2003, vol. 3, nº 797, pp. 24-25. © Fundação Calouste Gulbenkian. 070 hemist. Música registrada. |
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Já o sol dava na corte, e já era o claro dia, |
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`inda o Conde de Allemanha com a rainha dormia. |
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Não no saberia el-rei, nem quantos na corte havia, |
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sabia-o a Dona Infanta, filha da mesma rainha. |
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--Infantinha, se o sabes, não me queiras descobrir, |
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que o Conde é mui` brioso, de ouro te ha-de vestir. |
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--Não quero vestidos d` ouro, que os tenho de damasco, |
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meu pai ainda é bem novo, já me querem dar padrasto. |
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As mangas desta camisa não as chegue eu a romper, |
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se quando vier meu pai, eu lho não fora dizer.-- |
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--Venha, venha, senhor, pai, santa seja a sua vinda, |
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um conto quero contar, um conto à maravilha. |
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--Conta, conta, minha filha, que eu gosto de te ouvir! |
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--Estando eu na minha cela, dobando seda amarela, |
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veio o Conde de Alemanha três fios me tirou dela. |
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--Cala-te lá, ó filha, vamos p`r`à mesa jantar, |
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que o Conde é rapaz novo, é menino, quer brincar. |
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--Mal hajam os seus brinquedos, mal haja do seu brincar, |
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que pegou em mim nos braços, à cama me foi lançar. |
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--Dize pois, ó minha filha, que castigo lhe hei-de dar? |
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--Quero escadas dos seus ossos para o jadim passear. |
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--Cala-te lá, ó filha, vamos para a mesa jantar, |
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que amanhã por estas horas vai o Conde a degolar.-- |
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--Arrenego-te, Mariana, mais o leite que mamaste, |
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ó que Conde tão bonito e a morte que lhe causaste. |
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--Minha mãe, minha mãezinha, venha à janela do canto, |
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venha ver o senhor Conde todo vestido de branco. |
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Venha ver, ó minha mãe, à janelinha do poço, |
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venha ver o senhor conde com uma corda ao pescoço. |
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Venha, venha, minha mãe, venha p`r`à sala do meio, |
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ver o Conde da Alemanha feito num cravo vermelho. |
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--Mal o hajas tu, ó filha, fora o leite que mamaste, |
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sendo o conde tão bonito a morte que lhe causaste. |
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--Cale-se aí, minha mãe, ninguém a ouça falar; |
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que a morte que leva o Conde não a vá você levar.-- |
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