Pan-Hispanic Ballad Project

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0108:1 Nave guiada por la Virgen (í-a)            (ficha no.: 2681)

Versión de Fajã dos Vimes (isla de S. Jorge, Açores, reg. Açores, Portugal).   Recitada por Maria Ramos de Sousa (56a). Recogida en Manteca, California (USA) por Manuel da Costa Fontes, 23/05/1983 (Archivo: ASF; Colec.: Fontes CA 1970-1975). Publicada en F.E.R. L-B Calif. 1983, 33. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 143-144, J7.  091 hemist.  Música registrada.

     Um rei tinha uma filha    chamada Dona Maria;
  2   ela amava um capitão    pelo bem que lhe queria.
     Seu pai, que tal o soube,    dava-lhe muita má vida:
  4   o pão era uma onça    e a água por uma medida.
     Mandou deitar um pregão    por aquela cidade acima:
  6   calafatos, carapinteiros,    se juntassem lá um dia,
     para fazer uma barca    p`ra embarcar Dona Maria.
  8   Calafatos, carapinteiros eram tantos    que lha deram pronta num dia.
     Deitaram-la lá dentro    sozinha, sem companhia,
  10   e deram-lhe mantimentos    p`ra sete anos e um dia,
     onde ela foi ter a uma terra    donde gente não havia,
  12   senão um ermínio tão santo    que vida santa fazia.
     --Oh por morte e mulher    tenho a minha santa vida perdida!
  14   Por morte e mulher    tenho a minha alma perdida!
     --Ó meu ermínio tão santo,    vai-te pôr a imaginar,
  16   que o vento que aqui me trouxe    também me há-de levar.
     Carrega, vento, carrega,    obedece à maresia;
  18   leva-me para a minha terra,    isso era o que eu queria.
     --Que armada será aquela    que entra neste porto sem licença minha?
  20   --É vossa filha donzela,    é vossa filha Maria.
     --Ai, se ela é minha filha,    eu a quero ir visitar.
  22   Vem cá, ó minha filha;    como passaste o mar?
     --O mar não tinha respeito    e o vento cortesia;
  24   trouxe-me para a minha terra,    isso era o que eu queria.
     E os anjos vinham de noite    para a minha companhia,
  26   e a Virgem Nossa Senhora    chamava-me donzela Maria.
     --Vem cá, ó minha filha,    vem com toda a bizarria;
  28   deixa a tua embarcação,    vem p`r`à minha companhia.
     --Adeus, meu pai,    adeus, que me vou embora;
  30   se meu pai me queria em casa    não me devia deitar fora.
     --Vem cá, ó minha filha,    que te of`reço em louvor de S. José;
  32   diz-me, minha filha,    diz-me, porque é?
     --Eu quero muito a meu pai,    e o meu pai muito a quem venero,
  34   mas não digo a meu pai,    não digo, porque não quero.
     --Vem cá tu, ó minha filha,    não te torno a dizer;
  36   nós havemos de reunir    e viver todos três.
     --Adeus, meu pai,    adeus, que me quero ir;
  38   se meu pai me queria em casa    não devia ter dado pelo que a criada dizia.
     --Vem cá, ó minha filha,    deixa a tua bizarria;
  40   deixa a tua embarcação,    vem p`r`à minha companhia.
     --Adeus, meu pai,    adeus, que me vou embora;
  42   se meu pai me queria em casa    não me devia deitar fora.--
     [. . . . . . . . . . . .]    Ela estava almoçando.
  44   Apareceu-lhe uma figura    que ela ficou-se gastando.
     --Maria, não te assustes:    sou o teu anjo da guarda
  46   que sempre t` acompanhou.    E p`ra`o céu a levou.--

Nota del editor: Os vv. 11-12 relacionam-se com uma passagem de A Penitência do Rei Rodrigo (A2) [Penitencia del rey don Rodrigo (í-a) 0020]
Título original: A FILHA DESTERRADA (D. MARIA) (Í-A).

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