0136:20 Flores y Blancaflor (í-a) (ficha no.: 2647)
Versión de Vinhais s. l. (c. Vinhais, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal). Documentada en o antes de 1928. Publicada en Martins 1928, II, (y Martins 1987) 30-32. Reeditada en Chaves 1940b, 20-23; Chaves 1943b, 105; Chaves 1948, 353-355 y Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 107-108, H1; RºPortTOM 2000, vol. 1, nº 288, pp. 458-459. 082 hemist. Música registrada. |
--Ó mouro, se fores à caça, traz-me uma linda cativa. | |
2 | Que não seja de gente baixa ou gente de vilania, |
que seja de condes ou duques ou de gente igual à minha.-- | |
4 | Lá por essa meia-noite, mouro à porta batia. |
--Abre-me as portas, ó reina, abre-m` as com alegria; | |
6 | aqui te trago a escrava, aqui te trago a cativa.-- |
--Até te entrego as chaves das salas e da cozinha. | |
8 | --Oh triste de mim, coitada, oh triste de mim, mesquinha, |
ainda ontem era condessa e hoje escrava da cozinha! | |
10 | --Cala-te, minha escrava, cala-te, minha cativa; |
de sete aias que eu tive, tu será-la mais querida.-- | |
12 | A rainha andava prenhada e a escrava prenhada ia; |
tanta foi sua ventura que ambas pariram num dia. | |
14 | A escrava trouxe rapaz e a rainha rapariga, |
e as ladronas das parteiras trocaram as criancinhas. | |
16 | Deitaram o rapaz à reina e à escrava a rapariga. |
A reina, por mais valente, levantou-se primeiro um dia, | |
18 | e foi a ver sua escrava, e foi a ver sua cativa: |
--Como estás, ó minha escrava, como estás, minha cativa? | |
20 | --Aqui estou, senhora, como uma triste parida. |
--Se a tiveras na cristandade, que nome punhas a tua filha? | |
22 | --Punha-lhe Rosa Branca, Rosa Branca da Alexandria; |
também já se assim chamava uma tia que ela tinha. | |
24 | Cativaram-na os mouros dia de Páscoa Florida. |
--Tu se ainda a visses hoje, ainda a conhecerias? | |
26 | --Eu, conhecê-la, não, senhora, que eu era muito pequenina. |
Só se fôra por uma sina, sina que minha mãe me dizia: | |
28 | um cabelo em seu peito sete voltas a cingia |
e no seu pé direito menos um dedo teria. | |
30 | --Mal o haja mouro perro e mais la sua tirania; |
eu pedi-lhe uma escrava e trouxe-me hermana minha.-- | |
32 | Juntaram ouro e prata, tudo que elas poderiam. |
Escolheram dois cavalos, os melhores que o mouro tinha, | |
34 | e dali p`r`à cristandade não fugiam, que voariam. |
Chegando à borda do rio, o mouro as avistaria. | |
36 | --Deita a barca, barqueiro, grande prémio te eu daria; |
dá-me la barca, barqueiro, dá-me-la por tua vida. | |
38 | Val` mais salvar quatro almas do que tudo o que o mouro tinha.-- |
Indo elas na cristandade, às trindades tocariam. | |
40 | --Ó irmã da minha alma, reza tu em demasia. |
--Reza lá tu, ó minha irmã, naquela terra não havia.-- |
Título original: A RAINHA E A SUA ESCRAVA (Í-A) (=SGA H1) Nota del editor de RºPortTOM 2000: Luís Chaves (1943) edita parcialmente esta versão. |