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A serena de la noche e a clara de la mañana, |
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o imperador de Roma tem uma hija bastarda. |
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Seu pai queria-a meter freira, ela queria ser casada. |
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Falavam condes e duques, cavalheiros de grande fama. |
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Ela, como era bela, ela, como era guapa, |
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ela, como era puta, a todos le punha chata: |
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uns, que já eram velhos, outros, que não tinham barba, |
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outros, que não tinham pulso p`ra manear sua espada. |
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Um dia de grande calore, um dia de grande calma, |
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subiu-se a uma ventana mais alta donde ela estava, |
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viu andar três segadores segando trigo e cevada. |
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Olhava uns para os outros, ao do meio s` inclinava. |
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Ela o mandou chamare, ai, pela sua criada. |
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--Eu não conheço a senhora, nem tão-pouco quem me llama. |
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--A mim me chamam Teresica, criada de Dona Juana. |
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--Queres tu, bom segadore, justar a minha segada? |
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--Diga-me lá, minha senhora, em que terra foi semblada? |
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--Não é em terra de ladeira, nem tão-pouco em terra llana; |
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é numa oretica escura debaixo das minhas enáguas. |
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Face-me a cama, Teresica, face-m` a cama templana, |
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que me quero ir deitare, que lhe tengo muita gana.-- |
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Lá pelo meio da noite a senhora recordava: |
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--Como te vai, segadore, como te vai tua segada? |
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--Já lá vão dezoito gabelas e uma está começada. |
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--Arrenego do segadore que vinte e cinco não dera. |
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--Arrenego duma grande puta que às dezoito não cansara. |
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--Mete a mão nessa gaveta, come trigo e marmelada, |
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a ver se daqui a um pouquito se me dás outra fouçada.-- |