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O caçador foi à caça, à caça, como soía; |
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os cães ja leva cansados o falcão perdido havia. |
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Andando se lhe fez noite por u~a mata sombria, |
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arrimou-se a uma azinheira, a mais alta que ali via. |
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Fol a levantar os olhos, viu coisa de maravilha: |
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no mais alto da ramada uma donzella tão linda! |
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Dos cabellos da cabeça a mesma árvore vestia, |
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da luz dos olhos tão viva todo o bosque se alumia. |
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Ali fallou a donzela, ja vereis o que dizia: |
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--Não te assustes, cavalleiro, não tenhas tam manha frima, |
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sou filha de uni rei coroado, de uma bendita rainha. |
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Sete fadas me fadaram, nos braços de mi` madrinha, |
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que estivesse aquí sete anos, sete anos e mais um dia. |
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Hoje se acabam n`os anos, amanhã se conta o dia. |
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Leva-me, por Deus to peço, leva em tua companhia. |
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--Espera-me aquí, donzela, `té amanhã, que é o dia; |
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que eu vou a tomar conselho, conselho com minha tia.-- |
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Responde agora a donzela, que bem que lhe respondia! |
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--Oh mal haja o cavaleiro que não teve cortesia: |
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deixa a menina no souto sem lhe fazer companhia!-- |
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Ela ficou no seu ramo ele foi-se a ter co` a tia. |
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Já voltava o cavaleiro apenas que rompe o dia; |
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corre por toda essa mata, a enzinha não descubria. |
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Vai correndo e vai chamando, donzela não respondia. |
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Deitou os olhos ão longe, viu tanta cavalaria |
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de senhores e fidalgos miuto grande tropelia. |
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Levavam na linda infanta, que era já contado o dia. |
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O triste do cavaleiro por por morto no chão caía; |
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mas já tornava aos sentidos e a mão à espada metia: |
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--Oh quem perdeu o que eu perco grande penar merecia! |
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Justiça faço em mim mesmo e aquí me acabo co` a vida.-- |
