|
Vozes dava o marinheiro, vozes dá que se afundava. |
2 |
Respondeu-lhe o mau demónio das outras bandas da água: |
|
--Quanto deras, marinheiro, quem da água te tirara? |
4 |
--Dera-te o meu navio, ou de ouro ou de prata. |
|
--Não te quero o teu navio, nem d` ouro nem de prata; |
6 |
só quero que, em tu morrendo, me deixes a tua alma. |
|
--Eu te arrenego, mau demónio, a ti e à tua palavra: |
8 |
minha alma deixo-a a Deus e mais à Virgem Sagrada; |
|
meu corpo deixo aos peixes que andam na água salgada; |
10 |
a cabeça deixo às formigas que nela façam morada; |
|
meus braços deixo aos cotos para manejar a espada; |
12 |
minhas tripas deixo aos cegos, para cordas de guitarra; |
|
as pernas deixo aos coxos, que nelas façam jornada; |
14 |
os meus colhões deixo ao cura, e o resto à criada.-- |
|
|