Pan-Hispanic Ballad Project

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0217:9 Difunta pleiteada (í-a)            (ficha no.: 2689)

Versión de Portugal s. l. (Portugal).   Documentada en o antes de 1981. Publicada en Giacometti 1981, 128. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 152, K3.  026 hemist.  Música registrada.

     --Donde vens, ó Dona Iancra,    donde vens, hija e esposa minha?
  2   Ai, vens ao gosto de teu pai,    que do teu não irias.--
     À entrada da egreja,    ai, pediu-lhe à Virgem Maria,
  4   ai, que não chegara a lográ-la    nem u~a hora nem um dia.
     Quando iam para casa,    ai, a mesa posta estaria,
  6   ai, todos comiam e bubiam,    Dona Iancra não queria.
     Foram-se co`ela a passeio,    ai, só por ver se destraía,
  8   ai, lá no meio do passeio    Dona Iancra se morria.
     Foram chamar o doutori,    ai, só por ver o que ela tinha:
  10   ai, tinha drento do seu peito    um letreiro que dizia:
     ai, um(a) dizia «João»,    oitra «amor da minha vida».
  12   Pais e mães que tendes filhas,    ai, não le tireis o casare!
     Ai, Dona Iancra não morria,    ajudaram-la a matare.

Nota del editor: Que eu saiba, este romance não se encontra de forma independente em Castela, onde todas as versões consultadas formam parte de D. Ana de Mexia (K4) [Difunta pleiteada 0217]. Embora seja possível que D. A^ngela se tenha desprendido desse poema, prefiro classicá-lo como um romance independente porque, na nossa tradição, existe em duas formas nitidamente separadas. Note-se também a relação entre D. A^ngela e A Noiva do Duque de Alba [Novia abandonada del conde de Alba 0508](K2, vv. 21-24), a qual parece muito mais lógica.
Título original: D. A^NGELA (Í-A)

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0217:10 Difunta pleiteada (í-a)            (ficha no.: 2690)

Versión de Portugal s. l. (Portugal).   Recogida por José Leite de Vasconcellos, (Colec.: Leite de Vasconcellos). Publicada en Leite de Vasconcellos 1958-1960, RP, 1018. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 153-153, K4.  096 hemist.  Música registrada.

     Dom João tomou amores    com Dona Ângela de Mexia;
  2   o pai da tal moçoila    outros intentos trazia:
     de a casar c` um mercador    que tinha vindo das Índias.
  4   Dom João, assim que soube,    ausentar-se resolvia
     p`ra uma quinta mui bela,    seu pai a possuía.
  6   Ao cabo dum ano,    dum ano e mais um dia,
     chegaram-lhe as soudades    da sua amada querida.
  8   Mandou selar os cavalos    por um criado que tinha.
     --Alto, alto, meus criados,    meus cavalos preparar,
  10   que a jornada de oito dias    numa noite se há-de andar.--
     Abalou o Dom João    vestido às mil maravilhas.
  12   Foi entrar em Barcelona    às nove horas do dia.
     Andou correndo as calhas    da sua amada querida.
  14   Deitou os olhos ao céu    para ver se anoitecia.
     Lá numas altas varandas    onde viu estar uma ninha
  16   toda vestida de preto,    desde baixo até acima.
     --Por Dios vos peço, ninha,    por Dios, em cortesia,
  18   que me dizeis por quem andais    nessa ausência dolorida.
     --Ando por minha senhora,    Dona Ângela de Mexia;
  20   ela me deixou dito    que se algum dia o visse
     lhe desse este rosário,    lhe rezasse cada dia.--
  22   A resõnes que eram ditas,    ele por terra caía.
     Acudiram dois amigos    dos mais leais que trazia;
  24   fizeram-no entrar em si    a poder de água fria.
     --Por Dios vos peço, amigos,    por Dios, em cortesia,
  26   que vos ides daqui embora,    me deixeis sem companhia.--
     Retiraram-se os amigos    para ver o que fazia.
  28   Foi-se a um baú mui belo,    seu pai o possuía.
     Vestiu-se todo de preto,    desde baixo até acima.
  30   Ali tornou por passeio    à igreja da Virgem Maria.
     Cinquenta vezes rezava,    oferecer nunca podia.
  32   Acudiu o ermitão    aos ais e gemidos que ouvia.
     --Vinde com Deus, ermitão,    Deus venha em vossa companhia.
  34   Se fazeis pela paga,    eu mui bem vos pagaria;
     se não fazeis pela paga,    Deus do céu vo-la daria.
  36   Ajudai-me a levantar a campa    da minha amada querida.--
     Já dois levantam a campa,    o que sete não fariam.
  38   --Deus te salve, claro sol,    clara luz do meio-dia;
     já te pudeste apartar    de quem tanto bem te queria.
  40   Escreveras-me uma carta,    eu outra te escreveria.--
     Ele tudo lhe dizia,    ela a nada respondia.
  42   Deitou suas mãos atrás,    a um punhal que trazia,
     para se matar com ele,    p`ra lhe fazer companhia.
  44   Ouviu uma voz do céu,    outra da terra dizia:
     --Torne-se a alma ao corpo    de Dona Ana de Mexia;
  46   não é bem que se percam    votos da Virgem Maria.--
     Ali deram a mão,    ali se receberiam.
  48   Padre, Filho, Espírito Santo    seja em nossa companhia.

Título original: D. ANA DE MEXIA (Í-A)

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