Pan-Hispanic Ballad Project

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0260:1 Febre amarela (estróf.)            (ficha no.: 2694)

Versión de Minho s. l. (Minho, Portugal).   Documentada en o antes de 1943. Publicada en Lima 1943b, Romanceiro Minhoto, p. 88. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 157-158, K8.  066 hemist.  Música registrada.

     Rapazes, vos vou contar    tempos da minha mocidade;
  2   em tudo fui infeliz,    até na própria amizade.
     Eu amava uma menina,    era órfã, não tinha pai;
  4   era uma pomba sem fel,    vivia com sua mãe.
     A sua mãe não queria    que a filha amores tivesse:
  6   namorava às escondidas    para que a mãe não soubesse.
     Assim andou sete meses    sem haver novidade,
  8   mas ao fim desses sete meses    Deus lhe deu uma enfermidade;
     uma moléstia que andava,    chamada a febre amarela,
  10   que ao espaço de três dias    toma a morte posse dela.
     Ela não podia morrer    sem se despedir do amor;
  12   chamou a mãe à cabeceira    e lhe pediu com grande dor:
     --Minha mãe do coração,    peço-lhe com grande dor:
  14   não posso dar a alma a Deus    sem me despedir do amor.--
     Sua mãe lhe preguntou    onde é que ele morava;
  16   ela tudo isso lhe disse,    até como se chamava.
     Ele chamava-se Antoninho,    mora na Rua do Almada.
  18   Mandou logo a criada    logo nesse mesmo dia:
     --Venha ver a sua amada,    que está na última agonia.--
  20   Eu, como nada sabia,    sobressaltado fiquei;
     deitei as mãos ao chapéu,    a criada acompanhei.
  22   Cheguei ao meio das escadas,    estava tudo esmorecido;
     estavam as janelas fechadas    e lá dentro grande gemido.
  24   Subi pelas escadas acima,    no quarto dela entrei;
     em tal estado a vi,    só isto lhe preguntei:
  26   --Mandaste-me chamar? --Mandei.    --Ó minha pomba sem fel,
     para te ver batalhar    com a negra morte cruel?--
  28   Apertou a mão na minha,    nem mais uma palavra deu;
     virou-se para o outro lado,    deu um suspiro e morreu.
  30   Como hão-de agora ficar    dois corações aflitos,
     o meu e o da mãe dela,    chorando em altos gritos?
  32   Ó morte, tirana morte,    contra ti tenho mil queixas:
     quem hás-de levar não levas,    quem hás-de deixar não deixas.

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