0438:5 Moro cautivo (í-a) (ficha no.: 2651)
[0051 Abenámar, contam.] Versión de Vinhais s. l. (c. Vinhais, dist. Bragança, Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal). Documentada en o antes de 1928. Publicada en Martins 1928, I, 233-35. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 112, H4. 056 hemist. Música registrada. |
--Canta, mouro, canta, mouro, canta pela tua vida. | |
2 | --Como cantara, senhora, se eu em ferros não podia? |
--Canta, mouro, canta, mouro, que eu tos alargaria. | |
4 | --Se mos alargais, senhora, comigo a levaria.-- |
Levava-a sete léguas, nem uma fala dizia; | |
6 | ò cabo de sete léguas altas torres relumbriam. |
--Dize-me, ó perro mouro, dize-me pela tua vida: | |
8 | quem são aquelas torres que d` ò longe relumbriam? |
--Umas são de minha mãe, outras de uma tia minha, | |
10 | outras são de minha esposa a quem eu tanto le queria. |
--Dize-me tu, ó perro mouro, dize-me pela tua vida, | |
12 | se me levas por esposa, se me levas por amiga? |
--Nem te levo por esposa nem te levo por amiga; | |
14 | levo-te por minha escrava da sala e da cozinha. |
O pão te darei por onça e a água por medida; | |
16 | hei-de fazer a cama donde o cavalo dormia; |
hei-de dar de paulada sete tundas cada dia. | |
18 | --Ó Virgem Nossa Senhora, se me valeis algum dia, |
tornai-me este perro mouro às prisões que meu pai tinha.-- | |
20 | Palavras não eram ditas, o perro p`ra trás voltaria. |
Chegou à vista do palácio, seu pai muita pena teria. | |
22 | --Donde vens, ó minha filha, donde vens, ó vida minha? |
--Venho d` além do mar, de cumprir a romaria. | |
24 | Este perro maldito foi na minha companhia, |
lá no meio do caminho desfeiteou a sua filha. | |
26 | --O pão le darei por onça e a água por medida. |
Há-des dormir na quadra, preso à estrebaria, | |
28 | e de soldada te darei sete tundas cada dia.-- |
Nota del editor: Os vv. 6-10 constituem uma contaminação com Abenámar (C2) [0051]. Título original: CANTA, MOURO (Í-A) (=SGA H7) |