0443:3 Cautivo del renegado (é-a) (ficha no.: 2650)
Versión de Velhas (dist. Funchal, isla de Madeira, Madeira, reg. Madeira, Portugal). Documentada en o antes de 1869. Publicada en Braga 1982, Cantos, 52. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 111, H3. 072 hemist. Música registrada. |
--Os mouros me cativaram entre a paz e a guerra, | |
2 | me levaram a vender para Argelim, que é sua terra. |
Não houve perro nem perra que o comprar-me quisera; | |
4 | só o perro de um mouro a mim só comprar havera. |
Dava-me tanta má vida, tanta má vida me dera! | |
6 | De noite a moer esparto, de dia a pisar canela; |
punha-me um freio na boca para eu não comer dela. | |
8 | Mas parabéns à ventura da filha ser minha amiga; |
quando o perro ia à caça comigo se divertia: | |
10 | dava-me a comer pão branco, do que o perro comia, |
deitava-me em catre d` ouro, junto comigo dormia. | |
12 | --Cristiano, vai a tu terra, cristiano, eu bem to digo. |
--Como posso ir a mi terra, se eu sou escravo e cativo?-- | |
14 | Um dia pela manhã mil branquinhas me trouxera: |
--Toma lá, meu bom cristiano, resgate para tu terra. | |
16 | Pelo Deus que tu adoras, tu não digas a meu pai.-- |
Palavras não eram ditas, o patrão era chegado. | |
18 | --Vem-te cá, ó meu bom turco, vem-me agora aqui ouvir: |
toma lá este dinheiro para me eu redimir. | |
20 | --Vem-te cá, meu bom cristiano, dize-me aqui a verdade: |
quem te deu esse dinheiro para tua liberdade? | |
22 | --Meu pai é um pobre velho, por mim anda desterrado. |
As manas que eu tivera por mim andam assoldadas. | |
24 | Um irmão que eu tivera sentou praça de soldado. |
Me mandaram o dinheiro para minha liberdade. | |
26 | --Oh vem cá, meu cristiano, vem agora aqui ouvir: |
eu te faria alferes, capitão deste reinado, | |
28 | dera-te a cara mais linda que em Argel ha afamado. |
--Como posso eu ser alferes, capitão do teu reinado, | |
30 | se eu trago a Jesus Cristo no coração retratado? |
--Vem-te cá, Ângela, filha, dize-me aqui a verdade, | |
32 | se o bom do cristiano a ti deve a liberdade? |
--Deixai-o vós ir, o bom cristiano, que ele a mim não deve nada, | |
34 | senão a flor de mi boca, que a dou por bem empregada. |
Abre-me aquela janela, fecha-me aquele postigo; | |
36 | Deus, que me fez tão bela, Deus me há-de dar marido.-- |
Título original: O CATIVO (É-A + ESTRÓF.) (=SGA H6) Notas de Ferré: Graça (1974), Graça (197?) e Graça (1991) interpolam refrão retirado da versão editada por Graça - Giacometti (196?) 13-15. |