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Na cidade de Clamor, na maior que tinha a Espanha, |
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passeia um cavalheiro, um cavalheiro de fama. |
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Onde vai ele ouvir missa? Ao convento de Santa Clara, |
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pois o padre lha dizia como era costumada, |
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e a missa que lhe dizia era uma missa rezada. |
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Quando se acabou a missa ele logo se levantou. |
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Entre as portas do convento uma freirinha o esperava. |
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--Deus te salve, cavalheiro, lindo rostro, formosa cara; |
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desde que tu és vindo, minha vida é roubada. |
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Leva-me por tua esposa ou por tua namorada, |
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ou, quando não me levardes, matai-me com esta espada.-- |
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Eu vou falar a um anjo que me vá fazer a guarda. |
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Das dez para as onze horas cavalheiro que chegava. |
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Agarrou-lhe pela mão, ao seu quartel a levava; |
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de galinha e capões grande ceia se arranjava. |
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Quando se acabou a ceia ele logo se levantava, |
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agarrou-lhe pela mão, ao seu quarto a levava. |
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--Eu não me deito com hombre, com Jesus Cristo estou casada.-- |
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Agarrou-lhe pela mão, ao seu convento a levava. |
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--Aqui tendes a freirinha, pois eu não lhe devo nada; |
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se lhe correr algum perigo, que de mim se não queixara.-- |
22 |
Oh ditoso do soldado, oh ditoso da sua alma; |
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nos braços de Jesus Cristo, que grandes alentos dava! |