0720:3 Princesa peregrina (á) (ficha no.: 2687)
Versión de Faro s. l. (dist. Faro, Algarve, Portugal). Recogida por S. P. M. Estácio da Veiga, publicada en Veiga 1870, Romanceiro do Algarve, pp. 103-05 y Athaide Oliveira 1905, (y Athaide Oliveira 1987?) 305-307; RGP I 1906, (reed. facs. 1882), 283-285; Redol 1964, 393-394; Anastácio 1985, 171-172. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 150, K1; RºPortTOM 2001, vol. 2, nº 581, pp. 248-249. 070 hemist. Música registrada. |
Havia um Dom Manuel, filho de un gran general; | |
2 | mandou falar à princesa para com ela casar. |
Seu pai se fez muito grave, sua mãe não a quis dar. | |
4 | Ele quando tal ouvira longes terras foi buscar. |
A princesa, com saudades, pôs-se logo a caminhar; | |
6 | andava de terra em terra e de lugar em lugar. |
Foi-se a ter com uma dama mui discreta em seu falar; | |
8 | em casa de Dom Manuel, lá mesmo foi a parar. |
--Mora aqui um cavaleiro doutra terra natural? | |
10 | --Ai, sim, mora aqui, senhora, dizei vosso desejar. |
Ele foi a uma caçada para se desenfadar; | |
12 | se é recado d` importância, eu o mando já chamar. |
--Deixai-o caçar, senhora, deixai-o desenfadar.-- | |
14 | Palavras não eram ditas, ele à porta a desmontar. |
--Quem trouxe aqui a princesa de mi terra natural? | |
16 | --Saudades, tuas saudades cá me fizeram chegar. |
--Em má hora sois chegada, em má hora de contar! | |
18 | A vosso pai vos pedi, a vossa mãe fui falar. |
Vosso pai se fez mui grave, vossa mãe não vos quis dar; | |
20 | agora é tarde, não posso, tenho outra em vosso lugar, |
e dela filhos já tenho, que Deus me ajude a criar. | |
22 | --Se tu tens mulher e filhos, Deus tos queira conservar. |
Tarde cheguei, cavaleiro, para só por mim falar. | |
24 | Não podes tu já valer-me, não tenho mais que esperar; |
porém como tu és doutra, mais ninguém me há-de gozar. | |
26 | Abre-me ainda os teus braços, que neles quero expirar. |
Nos braços do cavaleiro ela se deixa finar; | |
28 | nem com cravos nem com rosas a puderam dispertar.-- |
Manda chamar três donzelas para a virem enfeitar; | |
30 | mandou fazer uma cova como se fora real; |
mandou dizer muitas missas, todas de pontifical. | |
32 | Já se lá dobram os sinos, já se lá vai a enterrar. |
Ao cabo de sete anos da cova nasce um rosal | |
34 | que dava rosas tão altas, rosas de tal perfumar, |
que até a casa da mãe o perfume ia parar. |
Nota del editor: Muitas versões portuguesas prosseguem com a morte do herói e com as transformações características do Conde Ninho (J1) [0049].] Título original: DONZELA QUE SE FINA DE AMOR (Á). (=SGA S1) |