Pan-Hispanic Ballad Project

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2857:1 O Paladino Cativo (í)            (ficha no.: 2661)

Versión de Algarve s. l. (dist. Faro, Algarve, reg. Algarve, Portugal).   Recogida por S. P. M. Estácio da Veiga, publicada en Veiga 1870, Romanceiro do Algarve, pp. 98-100. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 122-123, *H13.  080 hemist.  Música registrada.

     ****Sendo em terra de Moirama    surpreendido um paladim,
  2   como escravo foi levado    ao nobre miramolim.
     Tinha o rei moiro uma filha    bem mais alva que um jasmim;
  4   lindos eram os seus olhos,    o seu corpo mui gentil.
     Certo dia olha Celima    para as torres de Safim,
  6   viu estar o pobre escravo    pensativo andando ali.
     O que n` alma ela sentira    bem o quisera encobrir;
  8   chorava a triste, chorava,    que se não podia ouvir.
     Desde então seus passatempos    não a podem distrair,
  10   que lá estão seus amores    que tanto a fazem sentir.
     Sobre as torres do castelo    passa os dias `té ao fim
  12   para ver o pobre escravo    trabalhando no jardim.
     A princesa mais não pode    sua paixão comprimir;
  14   quanto amor sente em seu peito    ao cristão vai descobrir.
     Porém ele não responde,    à princesa nada diz,
  16   recorda só os amores    que tinha no seu país.
     Dado ao seu constante enojo,    de Celima nada quis;
  18   de rijo bronze é seu peito,    que não se deixa ferir.
     Vendo que amor o não vence,    ela então lhe fala assim:
  20   --Todo meu oiro e riquezas    o serão também de ti,
     para resgatar teu corpo    que me cativou a mim.
  22   Dize-me, cristão, não queres?    Ai dize-me não ou sim.
     --Eu não quero o vosso oiro    nem quanto há por aí,
  24   que do meu país, senhora,    há-de ele chegar aqui.
     --Se não queres o meu oiro    nem quanto vês por aqui,
  26   então serei tua escrava    para em tudo te servir.
     Dize-me, cristão, não queres?    Ai dize-me não ou sim.
  28   --Para escrava eu vos não quero;    que Deus vos dê melhor fim.
     Senhora, minha senhora,    como errais, e errais por mim!
  30   --Se o meu Deus tu não quiseres    nem meu pai miramolim,
     eu amarei o teu Deus,    teu pai o será de mim.
  32   Dize-me, cristão, não queres?    Ai dize-me não ou sim.
     --Não quero os vossos amores,    nem as riquezas daqui,
  34   que mais amor e riquezas    tenho eu no meu país.
     Mal haja a hora, mal haja,    em que eu para aqui vim.
  36   Perco um` alma para Deus,    um coração para mim.
     Ficade-vos pois embora,    que para vós não nasci.--
  38   Quando ela ouviu tais palavras,    jurou vingar-se por si;
     ao cabo de sete dias    morto era o paladim.
  40   Se foi traição da princesa,    `inda se não sabe ali.

Nota: ****Como señala C. F. al colocar el asterisco delante del título, se trata de una invención de un poeta romántico, imitando el estilo popular.

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