Pan-Hispanic Ballad Project

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2858:1 O Encarcerado Perdido no Mar (á-a)            (ficha no.: 2662)

Versión de Algarve s. l. (dist. Faro, Algarve, reg. Algarve, Portugal).   Recogida por S. P. M. Estácio da Veiga, publicada en Veiga 1870, Romanceiro do Algarve, pp. 86-88. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 123-124, H14.  066 hemist.  Música registrada.

     ****Lá onde se acaba a terra    e o mar de Espanha chegara,
  2   mil castelos em ruínas    esse mar avassalara.
     Em uma soberba torre    que nas águas se mirara,
  4   enamorado cativo    bem triste vida arrastara:
     não comia nem dormia,    dia e noite passeara;
  6   ele apenas ali tinha    uma viola que levara.
     Lá por essa noite velha    suas saudades cantara;
  8   o mar seus cantos sumira,    que o céu não os escutara.
     Rota barca aventureira    pela praia se rolara
  10   em uma noite em que a lua    incerta luz espalhara.
     Vendo a barca, um doce intento    em su` alma então raiara.
  12   Muro abaixo vai correndo,    mas o mar como bramara!
     Com o levante que havia    contra a praia arrebentara.
  14   --Ondas do mar abaixai--    (assim o triste clamara),
     --deixai-me chegar agora    à terra que tanto amara,
  16   donde trouve los cuidados    que eu alta noite cantara.
     Não me sepulteis, ó mar,    dai-me o rumo que buscara.
  18   Para que matar-me o corpo,    se alma dele se apartara?
     Para matar-me, sabei    que esta ausência me bastara.
  20   Abaixai, ondas salgadas,    que eu tantas vezes saudara.--
     De repente à barca sobe,    com ambas as mãos remara;
  22   já longe estava da terra,    a lua se sepultara.
     Em meio do mar, sozinho,    triste o cativo se achara,
  24   sem saber o que fizera,    que o trabalho o fatigara.
     O vigia da menagem    nisto do sono acordara,
  26   e diz que ouvira uma voz    que no alto mar bradara.
     A torre logo subira,    que era já de manhã clara;
  28   mas só vira terra e mar    e uma barca que boiara,
     que o cativo sepultado    lá nas vagas se quedara.
  30   Meio-dia que era em ponto,    a barca em terra varara;
     o mar, como era mui rijo,    logo ali a destroncara.
  32   Quem perdeu foi o cativo    que da prisão se soltara
     para ver os seus amores    que noutra terra deixara.

Nota: ****Como señala C. F. al colocar el asterisco delante del título, se trata de una invención de un poeta romántico, imitando el estilo popular.

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