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****Mães que tendes vossas filhas, assim Deus vos dê ventura! |
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Não lhes deis maridos calvos, se lhes quereis dar fortuna. |
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Ai pobre de mim, coitada, que me casei às escuras |
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com um capão de cabeça, desbarbado até à nuca! |
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Mães, casai as vossas filhas mas não lhes deis amarguras; |
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para com calvos casá-las, melhor é vê-las defuntas. |
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Ponde em mim os vossos olhos, se entendeis minha tristura. |
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Sem ser turca me casaram com homem de meia lua! |
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Há calvas de mapa-múndi que só com linhas se cruzam, |
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com zonas e paralelos, com cidades e com ruas. |
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Deus nos livre de tais calvas, dessas nefandas planuras, |
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que nos fazem parecer mancebas de padre-cura! |
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Ai fugi, fugi, meninas, desses depenados Judas, |
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que nos dão cruz e calvário em vez de nos dar venturas! |
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Se o marido já vem calvo e a bola nos traz madura, |
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ai como, minhas meninas, como fazer-lhe a tonsura? |