Pan-Hispanic Ballad Project

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2880:1 Vida de Freira (estróf.)            (ficha no.: 2877)

Versión de Portugal s. l. (Portugal).   Documentada en o antes de 1987. (Archivo: ASF; Colec.: Fontes TM 1980). Publicada en Costa Fontes 1992c, "Vida de Freira", pp. 651-52. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), pp. 338-339, X20.  060 hemist.  Música registrada.

             1
     *Já não há nem pode haver
     uma vida tão penosa:
     sendo eu a mais formosa
     me encerraram.
    
             2.
     A meu pai aconselharam
     que me não desse o meu dote,
     que era a minha melhor sorte
     o ser freira.
    
             3.
     Avisaram a rodeira,
     e juntamente a abadessa,
     que [me] metesse em cabeça
     que casaria.
    
             4.
     Eu, como menina, cria,
     cuidando que era verdade,
     que qualquer freira ou frade
     casar podia.
    
             5.
     Cuidando que assim seria,
     que, depois de professar
     `inda podia casar,
     caí no laço.
    
             6.
     Agora aqui me acho
     metida nesta clausura
     parece-me noite escura
     o meio-dia.
    
             7
     Nunca terei alegria,
     nem no mundo a pode haver,
     em cuidar que hei-de comer
     no refeitório.
    
             8
    
     À sombra do dormitório
     onde dormem outras madres,
     suspiram por seculares
     cá entre nós.
    
             9
    
     Cuidar que dormimos sós
     nos causa grande agonia;
     sempre toda a noite fria
     me alevanto.
    
             10
     Acordo, faço o meu pranto,
     toda me lavo em choro
     em ouvir tocar ao coro
     e às matinas.
    
             11
     Rezando as horas divinas
     lá por esses corredores,
     me lembram os meus amores
     por quem morro.
    
             12
     Toda a minha cela corro,
     vejo-me ao meu espelho;
     meu rosto já vejo velho
     sem que eu queira.
    
             13.
     E a abadessa, ligeira,
     como malvada leoa,
     manda que tanjam a noa
     e a disciplina.
             14
     Triste, coitada, mofina,
     que estás metida entre redes,
     entre tão fortes paredes,
     em casa escura!
    
             15.
     A meu pai torno a culpa
     e a meus irmãos também;
     podendo casar-me bem,
     me desterraram.
"
Nota: Se tratade una versión facticia compuesta a partir de textos recogidos en época moderna (entre 1880 y 1987) en Trás-os-Montes, Beira Alta, Beira Baixa, el Algarve, las Azores, Madeira, Brasil y Rhode Island. En la composición de la versión sintética C.F. dice haber hecho un esfuerzo especial por no traicionar la estructura ni las principales características de las versiones individuales.

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