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Moços e moças desta ilha, ê quero agora contar |
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u~a `stória verdadeira qu` a todu vai assombrar. |
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Vei` agora da Moirama cavaleiro d` incantar; |
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oiro, prata e pedrarias pro `qui anda a pòcurar, |
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e em riba, em Nossa Sinhòra, na sua igreja vai a entrar. |
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Lá no fundo, a santa image da Sinhòra, sobre o altar, |
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`tava cheia d` oiro fino, qu` ui fiâs vínhum doar. |
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O moiro infiel e danado logo a pensa em arroibar, |
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inmentes um lindo anjinho assim se põe a falar: |
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--S` oiro queres, cavaleiro, noutro sito o vás achar, |
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lá na Crujeira de Dentro, no castanheiro longal. |
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No tronco tem um palácio que não s` avista do mar; |
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`stá cheio de sácu~ d` oiro, que é me`mo para tentar. |
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Palávrai não érum ditas, se pusérum logo a andar. |
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O lindo anjinho ia à frente para o caminho insinar; |
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atrás, o moiro ia alegre, nos tesoiros a pensar, |
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e vêem já, do caminho, o castanheiro longal. |
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No tronco tem uma porta por onde êli vão a entrar. |
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[. . . . . . . . . . . .] Viu um palácio real |
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e tudo o que lá dentro havia: uchas e árcai d` assombrar. |
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Derrâmum oiro pelo chão; não sabe o qu` há-de levar, |
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não sabe o qu` há-de escolher, a riqueza era sem par. |
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Coisa assim nunca ele vira dês qu` andava sobre o mar. |