Pan-Hispanic Ballad Project

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2907:1 A Moura Encantada (á)            (ficha no.: 2766)

Versión de Algarve s. l. (dist. Faro, Algarve, reg. Algarve, Portugal).   Recogida por S. P. M. Estácio da Veiga, publicada en Veiga 1870, Romanceiro do Algarve, pp. 34-37. Reeditada en Costa Fontes 1997b, Índice Temático (© HSA: HSMS), p. 235-236, S24.  062 hemist.  Música registrada.

     ****Meia-noite além ressoa    cerca das ribas del mar,
  2   meia-noite já é dada    e o povo ainda a folgar.
     Em meio de tal folguedo    todos quedam sem falar,
  4   olhos voltam ao castelo    para ver, para avistar
     a linda moira encantada,    que era triste, a suspirar.
  6   --Quem se atreve, ai quem se atreve    ir ao castelo e trepar
     para vencer lo encanto    que tanto sabe encantar?
  8   --Ninguém há que a tal se atreva,    não há que em moiras fiar;
     quem lá fosse a tais desoras    para só desencantar,
  10   grande risco assim correra    de não mais de lá voltar.
     --Ai que linda formosura,    quem a pudera salvar!
  12   O alvor dos seus vestidos    tem mais brilho que o luar!
     Doces, tão doces suspiros,    onde ouvi-los suspirar?--
  14   Assim um bom cavaleiro    só se estava a delatar;
     em amor lhe ardia o peito,    em desejos seu olhar.
  16   Três horas eram passadas    nesto contínuo ansiar.
     Cavaleiro de armas brancas    nunca soube arreceiar:
  18   invoca a linda moirinha,    mas não ouve o seu falar.
     Nada importa a Dom Ramiro    mais que a moira conquistar;
  20   vai subir por muro acima,    sente os pés a resvalar.
     Ai, que era passada a hora    de a poder desencantar.
  22   Já lá vinha a estrela d` alva    com seus brilhos a raiar;
     no mais alto do castelo    já mal se via alvejar
  24   a fina branca roupagem    da linda filha de Agar.
     Ao romper do claro dia,    para bem mais se pasmar,
  26   sobre o castelo uma nuvem    era apenas a pairar.
     Jurava o povo, jurava,    e teimava em afirmar
  28   que dentro daquela nuvem    vira a donzelinha entrar.
     Dom Ramiro, d` enraivado    de não poder-lhe chegar,
  30   dali parte, e contra os moiros    grande briga vai armar.
     Por fim ganha um bom castelo,    mas sem moura para amar.

Nota: ****Se trata de una imitación del estilo popular.

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